capítulo 10: Querido diário

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Com um suspiro, ele abriu o diário. As palavras de Penélope começaram a dançar na página diante dele, escritas com uma caligrafia fluida e familiar. A princípio, ele leu palavras sobre o dia a dia dela, suas preocupações com o casamento e as tensões que sentia com as pessoas ao seu redor. Mas, conforme avançava, as palavras começaram a revelar algo mais profundo: uma Penélope vulnerável, alguém que havia guardado para si os próprios sentimentos por tanto tempo.

Colin se viu envolvido nas páginas, seus olhos fixos nas palavras escritas de maneira simples, mas carregadas de uma emoção que ele nunca imaginou que Penélope fosse capaz de expressar tão abertamente. Ela falava sobre o amor que sentia, sobre suas inseguranças, e como, apesar de tudo, ela estava tentando seguir em frente, tentando ser forte mesmo quando o medo e a dúvida se infiltravam em sua mente.

À medida que ele avançava, as palavras de Penélope começaram a mexer com seus próprios sentimentos, fazendo com que ele se questionasse sobre o que ele próprio sentia. Ele sentiu uma onda de arrependimento por não ter percebido a dor silenciosa que ela carregava, e uma frustração por não ter sido mais atencioso, mais presente para ela.

Mas, então, ele chegou a uma parte que o fez parar. Penélope escrevia sobre um momento específico, um dia em que ela se sentiu totalmente perdida, sozinha, e como ela finalmente se deu conta de que estava amando alguém que não poderia ter. A dor nas palavras era palpável, e Colin percebeu que ela se referia a ele.

Página do diário de Penélope -
Data: 15 de julho de 1823

Hoje, o lago parecia tão calmo, tão tranquilo, mas dentro de mim, tudo estava em um turbilhão. Eu não sabia por que tinha me aventurado até ali, mas algo me impulsionou. O vento estava suave, e a água refletia a luz do sol de uma maneira que parecia convidativa, como se estivesse pedindo para eu me perder nela.

Eu estava sozinha, ou pelo menos pensava que estava. O que me fez caminhar até a margem não era apenas a quietude do lugar, mas algo mais profundo. Uma sensação, uma vontade irracional de desaparecer, de me afundar na água, esquecer de tudo que me atormentava. Talvez fosse a dor do amor não correspondido, a dor de ver Colin em busca de Marina Thompson, como se eu fosse invisível para ele. Talvez fosse a frustração de ver como os meus próprios sentimentos me corrompiam, me tornando alguém que não reconhecia mais.

Antes que eu pudesse entender o que estava acontecendo, uma onda forte me empurrou, e eu estava afundando. A água estava gelada, os meus pulmões queimando, o peso da tristeza me puxando para o fundo. Eu não conseguia respirar. O desespero me envolveu com a mesma força com que a água me envolvia. E eu só queria que acabasse. Eu estava morrendo ali, no silêncio do lago, longe de tudo, longe de todos.

Mas então, uma mão firme me puxou para fora da água. Eu sabia quem era antes mesmo de olhar – era Colin. Eu não entendia por que ele estava ali, mas seu braço estava ao redor de mim, me puxando para a segurança da margem, me arrastando para a vida.

Eu devia me sentir grata, aliviada, mas não conseguia. Ele me olhou com aquele olhar que sempre parecia entender, mas nunca o suficiente, como se eu fosse uma incógnita que ele não sabia resolver. Mas o pior de tudo foi o que veio depois. Ele me segurou, me ajudou a me recompor, mas ao invés de me dar o conforto que eu tanto queria, ele se afastou rapidamente. Eu sabia onde ele estava indo. Ele estava indo atrás de Marina Thompson, a mulher que ele queria, que ele sempre quis. E eu fiquei ali, sozinha, molhada, tremendo, sentindo um vazio que não sabia como preencher.

A sensação de ser deixada para trás, mesmo depois de ter sido salva, me corroía por dentro. Ele não me deu mais do que um gesto de compaixão e, de repente, parecia que nada havia mudado. Ele tinha salvado minha vida, mas não havia salvado meu coração. Eu estava sozinha, com uma dor maior do que a que eu sentira ao quase me afogar.

A última chance (Oneshot Polin) Onde histórias criam vida. Descubra agora