Chegamos ao trapiche em segurança. Lavínia está na minha frente e eu tento acompanhá-la. Agarro seu braço, mas ela se solta.
⏤ Qual é o problema? ⏤ pergunto.
⏤ Qual é o problema? ⏤ ela ri sarcástica. ⏤ Qual é o seu problema? O que te fez pensar que poderia apontar uma arma para minha família?
⏤ Então, era isso. ⏤ ela continua rindo incrédula.
⏤ Então era isso? Você está brincadeira com a minha cara?
⏤ Olha, eu não ia atirar neles de verdade, tá legal? Eu só queria assustar. ⏤ ela não fala nada. ⏤ Você pode dizer alguma coisa.
⏤ Você apontou uma arma para minha irmã.
⏤ Eu sei.
⏤ A arma poderia ter disparado.
⏤ Ela não ia.
⏤ MAS PODIA! ⏤ ela grita, chorando. ⏤ Minha irmãzinha poderia estar morta. ⏤ engulo em seco, me aproximando.
⏤ Me desculpa, ok? ⏤ ela balança a cabeça e me dá um soco, atingindo o mesmo local em que seu pai havia me batido. Tropeço colocando a mão no nariz.
⏤ Idiota. ⏤ ela esbarra no meu ombro e sai para fora do trapiche.
⏤ Cara. ⏤ Professor se aproximou com cautela junto de Boa Vida e Gato, olhei para ele irritado.
⏤ Agora não é uma boa hora, Professor.
⏤ Eu sei, mas você deveria ir atrás dela, não é uma boa ideia deixá-la sozinha. ⏤ afasto a mão do rosto.
⏤ Por que não vai você? ⏤ passo por ele.
Estou irritado, não estou mais do que isso, eu quero descontar a minha raiva em algo para esquecer a burrada que eu fiz e da encrenca que me meti.
Desço a rua de paralelepípedo até o bar onde me encontro com Caixote, que vivia por lá. Me sentei na mesa em que ele estava e comecei a beber.
Enquanto ele falava sobre um trabalho que poderia ser para o meu bico, eu bebi mais quatro shots e estava pronto para ir pro quinto, mas Caixote tomou o copo da minha mão e eu olhei para ele.
⏤ Vai com calma aí, cara. Você bebeu demais, não acha?
⏤ Eu sei quando parar não preciso que me falem. Agora passa pra cá. ⏤ me refiro a bebida.
⏤ Você já está bêbado. ⏤ sorrio, afasto a cadeira e me levanto, derrubo a mesa atraindo a atenção dos clientes. Caixote me olha ainda com o como de shot na mão. ⏤ O que houve com você?
⏤ Ei, moleque, o que você pensa que está fazendo? ⏤ me viro de costas quando um cara me cutuca. ⏤ Você está destruindo meu bar.
⏤ Seu bar? Essa porcaria nem deveria ser considerado um.
⏤ Tá legal vaza daqui, fora do meu estabelecimento. ⏤ ele aponta para a saída.
⏤ Com todo o prazer. ⏤ comecei a caminhar, mas parei dei meia volta e soquei a cara do homem. Chuto mais algumas cadeira e passo encarando Caixote. Bato a porta do bar e desço a rua cambaleando pelos muros. ⏤ Belas pernas. ⏤ digo quando uma mulher passa por mim, o homem que estava com ela me olha. ⏤ Se deu bem em cara. ⏤ o homem me agarra me joga no chão, me chutando. Caixote aparece e segura o homem. Eu ainda estou no chão rindo da situação. O homem ajeita a blusa e pega a mão da garota novamente e vai embora. Caixote me levanta.
⏤ Não sei o que rolou, mas você está péssimo cara. ⏤ fala. Viro o rosto e vomito. Caixote bate nas minhas costas, dando apoio moral.
Ele me leva ao trapiche e me deita no colchão. Estou tonto, mas posso ver ele conversando com Gato. Começo a delirar chamando pelo nome da Lavínia. Eles me olham.
⏤ Onde ela está? ⏤ pergunto.
⏤ Professor foi atrás dela. ⏤ Gato responde.
⏤ Traga ela até mim.
⏤ Mas...
⏤ É melhor você ir. ⏤ Caixote aconselha, Gato balança a cabeça e sai correndo.
Dez minutos depois, Lavínia aparece junto dele e de Professor. Ela corre até mim e se ajoelha.
⏤ Bala? ⏤ Professor tenta se aproximar, mas Gato o impede. Professor entende no mesmo segundo. ⏤ A gente volta depois. ⏤ e eles saiem.
⏤ Lavínia... ⏤ começo.
⏤ Não fala nada. O deu em você de beber assim, hum?
⏤ Eu só queria... me desculpa Lavínia, você tem todo o direito de ficar brava com o que fiz, não deveria ter apontando uma arma para sua irmã e nem para o idiota do seu pai. ⏤ ela ri.
⏤ Me desculpa pelo soco, eu vou cuidar disso. ⏤ ela se levanta, mas eu agarro o pulso dela.
⏤ Você pode fazer isso depois.
⏤ Mas o seu rosto...
⏤ Eu não vou morrer por causa de um soco, princesa. ⏤ me ajeito no colchão.
⏤ Deita comigo.⏤ Eu...
⏤ Não seja durona, eu não mordo.
⏤ Tá legal, mas sem gracinhas, ouviu? ⏤ ela aponta o dedo.
⏤ Entendido. ⏤ ela se deita ao meu lado e se vira, ficando cara a cara comigo.
⏤ Eu te perdoo. ⏤ ela diz e eu sorrio.
⏤ Obrigado. ⏤ ela se remexe e fecha os olhos. Fico dois minutos olhando para ela dormindo, admirando sua beleza e, então, apago logo em seguida também.
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Fearless
RandomRica e com uma família presente, Lavínia teria tudo o que quer se não fosse por sua vontade louca pela liberdade que seus pais lhe privam de ter. Em um dia quando viaja para Salvador para passar a temporada de verão com parentes diatantes, a garota...