𝗖𝗢𝗡𝗡𝗘𝗫𝗜𝗢𝗡 - 𝗀𝖺𝖻𝗋𝗂𝖾𝗅𝖺 𝗀𝗎𝗂𝗆𝖺𝗋𝖺𝖾𝗌

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ÍSIS GUIMARÃES MORETTI
TREVISTO , ITALY

OS TREINOS do Conegliano haviam se iniciado a cerca de uma semana , tivemos dois jogos que não foram transmitidos . Hoje o treino era mais demorado , estávamos nos aproximando do primeiro jogo da Liga Italiana.  Me preparei para o treino ,Gabriela estava já pronta , mal havíamos conversado , desde que saímos de Roma , dormíamos juntas , dávamos bom dia e boa noite nada além disso .

Quando saímos do nosso apartamento para ir a ala que pertencia ao Conegliano para tomar café da manhã  ao chegar lá,  Marina já estava a minha espera junto com Fahr e de gennaro .

— Vocês demoraram — Fahr foi a primeira a falar .

—  A princesa aqui demorou um pouquinho para acordar — Gabriela diz passando os braços em volta do meu pescoço. 

— Treino ontem foi intenso , deu para cansar um pouquinho — Digo as mulheres .

— Vamos nos sentar e tomar nosso café,  daqui a pouco se inicia mais uma maratona de treino — Marina me puxa para perto dela .

— Amor , vou sentar perto da Isabelle tá? — Gabi me pergunta.

— Claro, por que não? — digo entre um sorriso falso em seguida sentando ao lado de Marina .

— Você tá chateada com a Gabi e isso tá te corroendo — Marina sussura em meu ouvido — melhora essa cara raio de sol

Estava ali, sentada à mesa, forçando um sorriso enquanto tentava me concentrar na conversa com as outras jogadoras. A comida diante de mim não tinha sabor, os olhares dos outros não me alcançavam. Minha mente estava em outro lugar — na Gabriela. Ela, sentada do outro lado da mesa, conversando e rindo com Isabelle, parecia tão distante, tão imersa naquela conversa, enquanto eu me afundava em pensamentos que não me deixavam em paz.

Minha respiração estava descompassada, as palavras de Marina ressoando em minha cabeça: “Você está chateada com a Gabi e isso está te corroendo.” Eu sabia que estava, sabia que não estava sendo justa comigo mesma nem com ela. Mas como resolver isso? Como conversar com alguém que parecia tão perdida no próprio mundo, que não parecia perceber o quanto suas ações estavam me afastando? Não era só a questão de Bella. Era a falta de atenção, de tempo, de uma conversa. Era o silêncio que tomava conta dos nossos momentos, da nossa casa, da nossa cama.

Gabriela sempre teve essa facilidade de se conectar com as pessoas, de criar laços, de se entregar. Eu sabia disso quando a conheci, e aquilo era uma das coisas que me atraía nela. Mas agora, parecia que ela estava se entregando tanto ao time, ao trabalho, às amizades, que eu, sua namorada, estava ficando para trás. E isso me doía de um jeito que eu não sabia explicar. Não era ciúmes, não era possessividade — era uma sensação de abandono. Eu só queria ela ali, comigo, nem que fosse por alguns minutos. Mas parecia que ela estava distante, como se estivesse dividida entre o time e a vida pessoal.