Não se esqueça

XXXVI

Lauren e eu passamos a semana seguinte colocando todos os nossos planos em prática. Juntas, encontramos e pagamos o depósito de um apartamento que esperamos ser habitável, compramos as passagens de avião para sair de Pittsburgh e conseguimos nossas passagens de ônibus.

Quando eu disse à Kendra que precisava conversar com ela outro dia, ela achou que eu ia pedir mais horas fixas. Ela pareceu um pouco desapontada quando eu dei meu aviso de saída, mas eu apenas disse que queria focar nos meus estudos no próximo ano. E ela pareceu aceitar isso.

Então, finalmente recebi uma resposta do escritório de admissões da UCLA, e eles foram mais do que compreensivos sobre o motivo de eu não ter entrado em contato durante o verão. Depois que eles me colocaram em contato com uma conselheira, nós duas fizemos uma videochamada para organizar meu horário de aulas. Decidimos começar devagar, com um semestre de disciplinas gerais básicas em cinco áreas diferentes, já que talvez eu precise recuperar algumas matérias. E isso é até perfeito, porque eu ainda não sei o que quero cursar.

Entre uma coisa e outra, foi difícil para mim interagir normalmente com minha mãe no começo, mas todo dia, quando digo boa noite para ela, fico um pouco menos brava. E no último dia antes de irmos embora, a única coisa que realmente sinto quando olho para ela é... bem... tristeza. Quando olho para os meus pais, na verdade.

"Oi, pessoal," digo para eles mais cedo naquela noite. Meu pai está em casa mais cedo do que o normal, antes de escurecer completamente. Ele está sentado no sofá assistindo Fox News e folheando uma revista de caça, enquanto minha mãe está esvaziando a máquina de lavar louças na cozinha.

"Oi, filha, o que foi?" meu pai pergunta, se ajeitando no sofá.

"Vocês dois querem sair para comer hoje à noite? Eu pago," ofereço.

"Ah, você não precisa pagar, querida. Tá pensando em ir no Lola's ou...?" minha mãe pergunta.

"Mas eu quero. Na verdade, pensei que poderíamos ir no Valley Grille em Tipton," sugiro.

"Qual a ocasião?" minha mãe pergunta, segurando uma pilha de pratos limpos.

Eu dou de ombros. "Só achei que seria legal ir a algum lugar diferente, passar um tempo juntos."

... Antes de eu ir embora para sempre.

...

O Valley Grille está lotado hoje à noite, todas as mesas ocupadas. Não íamos lá desde que comemoramos o aniversário de 40 anos da minha mãe, quando eu estava no quinto ano. Não é nada sofisticado. Quero dizer, não vai ganhar nenhuma estrela Michelin na vida, mas acho que é o lugar mais bonito que temos a até 15km daqui, e isso parece certo para essa noite.

A recepcionista nos guia até as mesas e nos acomoda em uma cabine contra a parede.

A única coisa mais barulhenta que o grupo de homens assistindo ao jogo dos Pirates no bar é o grupo de senhoras no canto, jogando cartas. Além disso, um dos filhos da família de seis pessoas ao lado da nossa derramou leite não uma, nem duas, mas três vezes, e a mãe dele ainda insiste que ele é velho demais para usar copo com canudinho.

Ok. Talvez não seja tão agradável quanto eu lembrava, mas não importa. Eu ainda vou tentar aproveitar o máximo disso.

A garçonete traz outro copo de leite para o menino e, em seguida, coloca um sorriso no rosto para se apresentar e pegar nosso pedido.

"Minha filha está pagando, então me dá o maior bife que você tiver," meu pai diz, com um sorriso travesso que eu não vejo muito desde o início do verão.

Eu rio e balançando a cabeça para ele, porque sei que ele está esperando me provocar, e essa pobre garçonete só está tentando terminar o turno dela.