Renato:
Dispensei minha equipe hoje e fui aproveitar a calmaria de um lugar. O dia está nublado e provavelmente vai chover daqui a poucos, então não há muito o que fazer lá fora.
São tantas coisas para pensar, tanto para entender que chego a ficar zonzo com meus próprios pensamentos.
Sentado na cadeira de plástico da igreja da comunidade, olhando para o altar improvisado, reflito sobre minha decisão de horas atrás. Inacreditavelmente, meu interior não se agita como antes. Eu não sinto que estou fazendo errado, que preciso tomar as rédeas ou que do meu jeito seria melhor. Por mais que doa, sinto que fiz o certo; sinto paz.
Não julgo Giovanna pela reação dela, pelo contrário, acho que se fosse comigo eu não aceitaria de bom grado. Entretanto, também não posso deixar de me chatear por esperar que ela compreendesse. Enfim...
Passo as mãos pelo rosto e suspiro como uma forma de ir aliviando qualquer tensão. Mesmo que eu não esteja em conflito dentro de mim por ter certeza que essa era a vontade de Deus, minha mente não deixa de me bombardear com os "e se..."
E se a Giovanna não me perdoar? E se a gente não conseguir ficar junto? Se eu fizer besteira? E se ela não gostar da minha nova versão?
São muitos questionamentos...
- Deus, eu estou fazendo Sua vontade, então te peço que, por favor, ajude a Giovanna a entender o que eu fiz. E que possamos estar juntos, porque Você sabe o quanto eu amo ela. Amém.- com os olhos fechados, fiz essa breve oração sincera.
Abro os olhos e analiso o ambiente. Observo as paredes brancas, as cadeiras brancas de plástico e uma Bíblia de tamanho médio em cima de uma mesa de madeira lá na frente. Simples é o que descreve esse lugar. Não é como a igreja da Giovanna que é cheia de instrumentos, bancos de madeira envernizados, luzes fortes que iluminam todo o salão, pintura impecável e versículos escritos no altar.
Essa igreja mais parece uma sala comum do que um templo religioso. Porém, há uma serenidade no local que se assemelha ao que eu senti quando frequentava os cultos na igreja grande.
Me levantei, sentindo um leve faiscar na costela. Meu rosto se enruga e eu me lembro que não tomei o remédio hoje devido a preocupação. Vou até a mesa que estava com a Bíblia procurar o versículo que tanto me ajudou ontem à noite, pois preciso desse reforço de ânimo para permanecer nessa convicção. Não foi fácil pedir esse tempo pra Giovanna.
Com o livro de capa de couro marrom em mãos, viro as páginas procurando a história de Jacó e Raquel. Passo pelas explicações sobre tradução, aquela parte que indica onde estão os livros até que chego em Gênesis. Entretanto, preciso do celular para me lembrar da mensagem enviada pelo pastor Alberto, pai de Giovanna. É confuso, eu sei. Vou explicar porque tive que recorrer as explicações dele depois de tempos sem se falar.
Ontem à noite, enquanto eu quebrava minha cabeça e travava uma luta interna comigo mesmo entre pedir Giovanna em namoro novamente ou pedir um momento pra me fortalecer em Deus, pensei em conversar com Breno já que ele é cristão. Mas desisti porque, bom, ele ainda é jovem e não tem muita experiência. Então pensei no Cléber - que também não é casado. Lucas não me atendeu, o que me angustiou ainda mais. Por isso, revirando contatos no meu celular, vi o número do pastor e senti de ligar. Não por ser pai da mulher que eu amo, mas por saber que, além de exalar conhecimento de Deus, ele é casado e poderia me aconselhar.
Nunca tinha feito algo assim. O antigo Renato nunca pediria auxílio com mulher para alguém, nem mesmo com meu pai fiz isso. Mas, como tudo tem uma primeira vez e eu estou nesse processo de desapego do antigo eu, decidi que precisava de um conselho realmente vindo de Deus de alguém próximo Dele.
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O Poder de um Resgate 🛟 - Romance cristão
Spiritual#1 - Melhores livros Minha primeira história publicada, já peço perdão pelos erros 🥲 Se apaixonar, significa entender que seu coração pertence a outra pessoa Ser cristão, significa entregar seu coração a Deus Tragédias não ligam pessoas, Deus faz...