Giovanna:
- A gente pode ir no restaurante da dona Sandra, o que você acha?
- Ah não, Giovanna. A comida dela é muito sem sal. - Beatriz falou enquanto procurava a chave do carro na bolsa.
- Mas é o único lugar por perto. - argumentei seguindo ela. A aula havia terminado há alguns minutos e nós duas resolvemos sair juntas, como de costume.
Foi muito bom reencontrar meus alunos e interagir com os professores depois de tanto tempo. Dei quatro aulas e meu tempo de intervalo foi o mesmo que dos alunos; sem tempo vago. Por não ter pegado as matérias eletivas, acabei ficando com muitas turmas. Certas coisas têm um preço a ser pago, e o meu, é trabalhar mais e ter só uma folga nos cinco dias da semana. Faz parte.
- Deixa comigo. Sei de um bom lugar pra gente ir. - ela falou com um ar misterioso.
- Que medo, hein. - brinquei quando subimos a rampa, indo em direção a ampla entrada que tem o estacionamento conjunto.
- Esperem um pouco, meninas. - Nos viramos porque a coordenadora Marlene que, como sempre, estava com seu estilo extravagante, nos chamou. - como foi o primeiro dia, Giovanna?
- Foi bem, graças a Deus. As muitas turmas ainda não acabaram com meus cabelos.
- Ótimo! Muito bom. E você, Beatriz? Ainda mantém os cabelos na cabeça com o primeiro ano? - Marlene falou deixando uma risadinha escapar.
- Tá vendo isso aqui? - Bia levanta algumas mechas do cabelo para nós. - já está caindo, Lene. Acho bom você fazer algo a respeito.
- Posso te indicar um tônico capilar muito bom.
Comecei a rir. Beatriz comprimiu os lábios e inclinou a cabeça, numa fingida reprovação. Ela tem um jeito bem mais bravo e menos tolerante que o meu, mas sei que ela gosta do que faz.
Marlene começou a falar sobre o restante do ano, dos projetos e coisas relacionadas a nosso salário. Minutos depois, o celular da minha amiga tocou.
- Oi, amor. - ela atendeu a ligação. - Te espero no carro, Gi. Tchau, Marlene. - ela sussurrou e voltou a atenção para o celular.
Ajeitei a bolsa no ombro e decidi ir também. Eu estou morrendo de fome e quero apressar a Bia para escolhermos logo um restaurante.
- Ah, Giovanna. Lembrei. Tenho algo para falar com você. - voltei a Marlene. - Daqui a duas semanas vamos ter uma reunião com o secretário geral de educação do estado. E eles estão convocando as melhores escolas para irem e levarem dois professores juntamente com a coordenadora e diretora. Quer ir com a gente e representar a escola?
- Acha mesmo que vai ser uma boa, Marlene? Eu voltei hoje. Tem outros professores que estão na ativa a mais tempo que eu.
Reunião com o pessoal do Estado. Essa é nova. Geralmente o máximo que eles fazem com a gente é mandar um representante nas escolas ou marcar uma videoconferência. A verdade é que o governador não quer nos ouvir. Só Deus sabe o quanto é difícil termos voz nesse país que tanto desvaloriza nossa profissão.
É um encontro importante. Muito importante. Não sei se eu seria a pessoa indicada para ir.
- Você é uma das nossas melhores professoras, querida. - A coordenadora sorriu enquanto prendia o cabelo. - Vamos fazer o seguinte: vou deixar você pensar até segunda que vem, ok?
Ponderei por um momento, mas assenti.
- Claro, eu te aviso sim. Eu já vou indo então. Até amanhã.
Acenei um tchauzinho e caminhei até o carro.
🛟
- Já era hora. Eu e a Karen comemos todos os pãozinhos da mesa. - João disse num tom brincalhão quando nos aproximamos. Ele dá um selinho em Bia, que se senta ao seu lado, e eu o abraço antes de sentar do lado da Karen, de frente para Beatriz.
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O Poder de um Resgate 🛟 - Romance cristão
Spiritual#1 - Melhores livros Minha primeira história publicada, já peço perdão pelos erros 🥲 Se apaixonar, significa entender que seu coração pertence a outra pessoa Ser cristão, significa entregar seu coração a Deus Tragédias não ligam pessoas, Deus faz...