Capítulo 24

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Depois de mais um dia de trabalho puxado, Sayuri conseguiu dar um jeito em pelo menos metade das pilhas de documentos. Ela tinha passado o dia enfurnada com os dois Kages lendo e relendo documentos chatíssimos. Infelizmente por conta da presença de Tsunade, ela não ousou conversar com Gaara nada que fosse além que o essencial.

Já tinha ouvido comentários o suficiente da Godaime sobre seu relacionamento com Gaara e no momento, tudo o que Sayuri menos queria era ser o alvo de mais comentários de Tsunade.

Sayuri sentia que havia envelhecido oitenta anos na noite anterior. E quando veio trabalhar ficou remoendo a conversa que tivera com as meninas até perceber que tinha derramado um pote de tinta em cima de Gaara. Estava acontecendo com uma frequência assustadora, não derrubar tinta nos outros, é claro... mas sim se arrepender imediatamente do que disse e mais ainda do que não disse. Aquilo acontecia quando era mais nova, mas agora... era preocupante.

Gaara olhava para ela com atenção e Sayuri piscou, olhando de um lado para o outro. Onde estava Tsunade? Ela tinha saído sem que Sayuri visse? De fato, ela estava muito distraída ultimamente. Seus olhos voltaram para Gaara e uma pergunta silenciosa se formou na expressão preocupada dele.

— Você tá bem? — Ele a verbalizou antes que ela lesse sua expressão.

— Eu... — tô bem. As palavras não saiam de sua boca como antes. Seus lábios pareciam se recusar a mentir para Gaara. — não sei. Na verdade, eu não sei há um tempo. — um sorriso triste escapou de seus lábios.

Gaara caminhou em sua direção e Sayuri desviou o olhar, ligeiramente incomodada com a intensidade com que ele a fitava.

— Acho que dever ter acontecido alguma coisa que fritou o meu cérebro, nada demais — ela deu de ombros.

— Como você se sente? — Ele perguntou segurando seus ombros.

— Triste — foi a resposta dela. — As vezes. Frustrada. Arrependida de tudo e de nada. Não sei dizer...

— Mas eu sei... sei o que está sentindo. — Sayuri ergueu os olhos para olhar pra ele.

— E o que é? — Ela perguntou. — Não é nada muito... — ele a abraçou apertado — ... sério?

Sayuri retribuiu o abraço sentindo uma pressão esmagar-lhe o peito. Seus olhos enxergam de lágrimas e ela achou que fosse desabar ali nos braços dele. Ela queria falar tudo pra ela, se esconder nele e simplismente respirar. Sentia-se viva perto dele e a simples menção de que em algum momento ele teria que ir, a deixava ansiosa. Ela não sabia o que sentia já que há poucos dias estava com medo de ver ele novamente.

Na verdade, ela estava com medo de que seu amor por ele aumentasse ainda mais e com isso... quando ele fosse embora pra sua casa, ela sentiria um vazio maior do que nunca dentro de si. Ela sabia disso. Noite passada ela não tivera nenhum pesadelo com a morte dele, algo que vinha acontecendo todas as noites desde que voltou de Suna.

— Eu sei o que é isso, Sayu... — Gaara segurou-a como se ela estivesse prestes a desabar nos braços dele. A segurou de um jeito que parecia quase restituir-lhe as forças. — Você não está sozinha... eu tô aqui, não precisa fingir que está bem. Não pra mim. Eu sempre vou saber a verdade, sabe disso, não é?

Gaara segurou o rosto de Sayuri e a encarou com atenção. Sayuri apoiou-se nos ombros dele e apertou seus músculos de maneira involuntária.

— Me fala... quando isso começou? — Perguntou Gaara.

— Eu... me sinto estranha desde... — ela mordeu o lábio inferior com força — desde o dia que levaram você.

Ela soltou um suspiro pesado e desviou o olhar.

Lovely Lily #2 - Sabaku No GaaraOnde histórias criam vida. Descubra agora