Dead memories in my heart | Hannibal Lecter

17 | Lonely day.

" The scars that won't heal "
| Duality- Slipknot

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Anos atrás

A chuva insistia em bater forte no vidro do apartamento da garota, ela mal conseguia se concentrar em seus estudos. Dias chuvosos a deixavam perturbada, ela odiava com todas as forças aquele clima.

— Não consigo dormir, não consigo estudar, que merda...— Ela bateu a tela do computador com força, sabia que talvez não fosse a chuva que lhe incomodasse tanto, mas sim o fato, que ela sabia quem estaria a abraçando e a acolhendo em meio suas crises.

Não havia um dia no qual ela não se arrependesse do que fez, e não sentisse falta da companhia de Hannibal, sua casa e sua vida antes de tentar o matar.

— Não me olhe assim!— Ela disse para Salém, o gato que havia adotado assim que foi para a faculdade.— Ele mereceu, não sabe fazer as coisas direito, eu nunca iria me sacrificar por um homem nesse nível...

O animal olhava para ela piscando diversas vezes, mas de forma lenta, era como se ele entendesse suas lamentações.

— Tá, tudo bem, eu fiquei sozinha, sem família, sem marido, mas meu irmão ainda está por aí...— Ela comentou.— Gabriel vai aparecer qualquer hora me pedindo dinheiro, porque é só pra isso que eu ando servindo para ele...

Gabe sentiu seu peito apertar, como ela havia se tornado uma pessoa tão sozinha?
Sem irmão, família, e sem seu amor... Agora apenas Salém lhe fazia companhia, com seus miados e arranhões pelo corpo

Gabe sentiu um arrepio ao pensar em Gabriel, seu irmão. Ele sempre foi um peso em sua vida, um lembrete constante de que ela não era boa o suficiente. Mas Hannibal... Ah, Hannibal. Ele era diferente. Ele a entendia, a aceitava por quem ela era.

Ela se levantou da cadeira e começou a caminhar pelo apartamento, Salém a seguindo de perto. Ela parou em frente à janela e olhou para fora, a chuva ainda caindo forte.

— Por que eu fiz isso, Salém? — ela perguntou, sua voz quase um sussurro. — Por que eu o matei?

Salém miou e se esfregou em sua perna, como se estivesse a confortando.

Gabe suspirou e se afastou da janela. Ela sabia que não podia mudar o passado, mas podia continuar atrás de seus sonhos, precisava fazer por ela mesma, como sempre fez.

Gabe olhou para Salém e sorriu fracamente. Ela sabia que precisava seguir em frente, não podia se deixar levar pelas lembranças do passado, precisava se concentrar em seu futuro, em seus sonhos.

Determinada a ignorar sua crise, a menina se sentou novamente à mesa e começou a estudar, tentando se concentrar nas palavras e números que dançavam na página. Mas sua mente continuava vagando, pensando em Hannibal e no que poderia ter sido.

Horas se passaram, até que Gabe ouviu um barulho na porta, pegou seu roupão e o vestiu, caminhando lentamente até a porta, olhando pelo olho mágico, viu seu irmão, encharcado de chuva e completamente drogado.

— Ei, irmã! —Disse o rapaz, cambaleante para o lado. — Como você está?

A garota suspirou cansada e olhou para ele, sabia o que viria a seguir.