0.9 | In my dreams

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2008

Quase um ano de relacionamento, Gabe e Hannibal pareciam cada vez mais se tornarem um só.

Hannibal sabia que aquela devoção vinha da falta que sentia de sua irmã, mas não compreendia o fato de ter começado a amar a garota que era apenas para ser sua cúmplice. Aquele verão seria o momento para ele conhecer a família que sua parceira tanto detestava, e notava tamanho nervosismo nela.

— Eu tô aqui.— O mesmo puxou a mão dela e a beijou, um sorriso tímido apareceu no rosto da garota.

— Não queria ter vindo...— Os olhos dela pareciam suplicar para eles darem meia volta e voltarem para Boston.

— Você estava toda animada que iria ver seu irmão, o que aconteceu?— Hannibal indagou fazendo carinho no rosto dela, queria a acalmar, sabia o que uma crise nervosa resultaria naquele momento.

— Ele é um idiota, perdeu o vôo dele para cá e o Gabriel odeia viajar de carro.— Gabe suspirou e então puxou sua mão para prender seu cabelo em um rabo de cavalo.— Coisa de gêmeos, assim como ele sabe que eu amo a sensação de viajar de carro.

— Acho interessante essa conexão que vocês dois tem.— Lecter comentou enquanto olhava a garota ajeitar seu cabelo.

— Acredite, não é legal.— Ela passou a mão no pescoço e suspirou.— Ano retrasado, um pouco antes de eu ser internada, ele teve uma overdose de heroína, eu passei mal, senti tudo que ele sentiu, juro que nunca me senti tão insuficiente para alguém, meu papel era ser a irmã mais velha, mas não estava lá... Eu deixei de estar há um bom tempo.— Ela estava sentimental, aquilo poderia ser algo preocupante, mas eram raros os momentos que eles se transpareciam um para o outro.

— Era para eu ter sido um irmão melhor para a Mischa.

— O que aconteceu com ela não foi sua culpa Hanni...

— Dá mesma forma que o que aconteceu com seu irmão é sua...

— Eu sabia que ele estava mal e simplesmente não fiz nada...

O silêncio se instalou no veículo, nenhum dos dois sabia o que falar, ambos passaram por perdas e aquilo também os unia, Gabe sabia que devia muito a Lecter, já que o mesmo cuidou dela desde que estava no hospital e depois em sua estadia no sanatório, ele havia se tornado mais sua família que qualquer familiar.

— Que foi?— Lecter indagou ao ouvir uma risada nasal da garota.

— Quando éramos crianças, Gabriel costumava me empurrar daquela escada.— Ela disse apontando para a escada da frente.— E quando a luz piscava duas vezes era hora de entrar... Sempre imaginei como seria nossa casa para sempre...

— Casa para sempre?— Hannibal indagou e Gabe sorriu como uma criança, parecia estar em alguma memória boas, e ele jamais atrapalharia aquilo.

— Eu e meu irmão parecíamos peixes em Marte, juramos que íamos ter nosso próprio lar, nossa casa para sempre.— Ela sorriu e então suspirou.— É bobo, não é?

— Não, você me permitiria fazer parte desse plano?— Ele mexeu no bolso, era uma situação delicada, mas era a hora, sem pestanejar ele mostrou o solitário de ouro branco, pode ver a reação dela, e notou que foi a mais pura e genuína.

— Hannibal Lecter se isso for uma de suas brincadeiras...— O medo na voz dela era evidente, talvez não quisesse o perder, mas para isso precisava dele ao seu lado, precisava ser dele.— Hannibal você me mostrou que uma casa para sempre não precisa de portas, janelas, alvenaria, nada... Você é minha casa para sempre.— Ao falar isso, estendeu sua mão, que logo foi adornada pelo solitário, era oficial. Eles estavam noivos.

Dead memories in my heart | Hannibal Lecter Onde histórias criam vida. Descubra agora