Velocidade Constante

Capítulo 26

Eu sentia a respiração ofegante enquanto entrava no hospital e pedia informações à secretária sobre a situação de Rule. David veio atrás de mim, mantendo-se atento e tentando fazer o máximo possível para que eu não surtasse.

Por causa da adrenalina, meu corpo agia automaticamente, sem pensar nas consequências nem na situação em que estávamos. Agora, consigo sentir até as mínimas células do meu corpo em erupção.

Andei pelos corredores apressada, aumentando meu ritmo a cada batida do meu coração. Minha mente estava repleta de flashbacks sobre o que acontecera minutos antes, fazendo-me perceber a loucura em que tudo se tornara.

Eu precisava me colocar em ordem; não posso demonstrar fraqueza ou enlouquecimento perto dos meus irmãos. Principalmente em uma situação que eles precisam mais de mim do que eu possa imaginar.

Quando finalmente virei a última esquina daquele imenso labirinto de corredores brancos, avistei Katy e John sentados nas cadeiras em frente a uma sala de porta fechada.

— Mira! — Katy levantou-se em um sobressalto e correu em minha direção, me confortando em seus braços.

— Está tudo bem. — Tentei eu mesma acreditar no que dizia, mas apenas fechei meus olhos e acariciei seus cabelos loiros. — Como Rule está?

— Levaram ele para a sala de cirurgia. — John respondeu, levantando-se da cadeira e aproximando-se de mim para me envolver em um abraço carinhoso. — Me desculpa por ter te deixado, eu não pensei muito nas consequências...

Neguei com a cabeça, libertando-me dos seus braços e dando um sorriso sem mostrar os dentes.

— Você fez o certo. — Suspirei e olhei para trás por um breve momento para ver se David ainda se mantinha ali. — A situação de Rule é de risco? — Quando percebi que ele não me havia abandonado, virei novamente para frente e perguntei, preocupada.

— Não tivemos essa resposta; eles nem deram tempo para dizer algo. Quando perceberam o tiro, apenas os levaram às pressas para a sala vermelha. — Katy respondeu com pesar.

Acenei com a cabeça positivamente, respirando fundo e mantendo a cabeça baixa. Meus olhos rapidamente se desviaram para um movimento estranho quando percebi algo se mexendo próximo às minhas coxas. Minhas mãos estavam tremulas, tão frenéticas que eu nem ao menos consigo controlá-las. Senti minha respiração começar a falar.

Eu não sinto isso desde que comecei a entrar no mundo das corridas; por que isso agora?

Se controla Miranda, se controla.

— Ida? — Levantei a cabeça e me virei para o dono da voz. — Está tudo bem? — David mantinha seus olhos fixos nos meus, com um semblante preocupado.

— E-Esta tudo bem. — Merda, por que gaguejei? — So estou tentando me libertar da adrenalina. — Sorri fraco, não conseguindo manter a firmeza de minha fala nem para mim mesma.

David manteve seus cenho franzido e negou com a cabeça, enquanto se aprovimava mais, percebendo meu comportamento estranho.

— Vamos lá fora, você precisa respirar um pouco.

— Estou bem, eu posso ficar aqui. — Me mantive no mesmo lugar, lutando para manter meus olhos abertos.

O que está acontecendo? Estou com sono? Não... não com toda essa adrenalina. Não pode ser.

Meu corpo parece querer me forçar a descansar, como se fosse um alerta antes que ele mesmo se desligasse por completo, ali mesmo, na frente de todos.

Essa não é uma boa hora para se manter fraca, não é mesmo.