CAPÍTULO CINCO

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HISTÓRIAS ANTIGAS

Han adiou ao máximo a saída de Pinhos Marisa. Era o fim da manhã do dia seguinte quando ele


se despediu e desceu Hanalea, seguindo o rio Dyrnne na direção do Vale.


Ele havia vendido ou trocado tudo, a não ser pela raiz sem valor, que teria que esperar pela


feira das terras baixas. Moedas tilintavam em sua algibeira, e a bolsa transbordava com


mercadorias - tecido e artigos de couro que ele poderia vender com lucro, algibeiras com


remédios do clã, além de carne de veado defumada suficiente para uma refeição. E o amuleto,


escondido no fundo da bolsa.


Ele ainda se lamentava pelo cervo que poderia ter pego, mas, no fim das contas, fora bem-


sucedido para um início de temporada.


E torcia para que a mãe concordasse com isso.


No caminho montanha abaixo, Han parou em algumas cabanas isoladas para ver se havia


correspondência ou mercadorias a serem entregues na feira ou ainda pedidos de suprimentos que


ele traria da próxima vez. Muitos dos moradores das cabanas eram membros do clã que


preferiam a vida longe da agitação dos Campos. Havia também uma antiga gente das terras


baixas que gostava da solidão ou tinha razões para evitar a atenção da severa Guarda da Rainha.


Han ganhava algum dinheiro levando e trazendo notícias e correspondência pelas montanhas, e


bancava o representante daqueles habitantes das terras altas que não queriam visitar o Vale.


Lucius Frowsley era uma dessas pessoas. A cabana dele ficava onde o Riacho da Velha


desembocava no Dyrnne. Ele vivera na montanha por tanto tempo que parecia um pedaço


arrancado dela, com o rosto enrugado e as roupas que recaíam sobre o corpo magro como


zimbro sobre uma encosta. Seus olhos eram opacos e enevoados como um céu de inverno - ele


ficara cego quando era jovem.


Apesar da cegueira, o velho era proprietário da destilaria mais produtiva das Montanhas


Espirituais.


Embora Lucius pudesse se orientar por trilhas e saliências da região elevada como um cabrito,


ele nunca ia a Fellsmarch, se pudesse evitar. Portanto, Han trazia pedidos, recipientes e dinheiro


do Vale e levava o produto. As garrafas desciam cheias quando ele as levava encosta abaixo, e


subiam leves e vazias quando ele as trazia de volta.


A melhor parte: Lucius tinha livros - não eram tantos quanto na biblioteca do templo, mas


eram mais livros do que qualquer outro homem tinha direito de ter. Ele os mantinha trancados


em um baú, para protegê-los do clima. Para que um cego precisava de uma biblioteca Han não saberia dizer, mas o velho o encorajava a se aproveitar dela, e ele fazia isso. Alguns dias, ele descia


com dificuldade a montanha, carregando metade de seu peso em livros.


Esse era outro mistério - Han já deveria ter lido todos umas duas vezes cada. Mas parecia

O Rei DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora