CAPÍTULO ONZE

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SANTUÁRIO

Os sinos do Templo de Ponte Austral soaram quatro vezes. O som reverberou no calçamento de


pedras, proclamando que eram quatro da manhã e qualquer pessoa ajuizada deveria estar em


segurança na cama. As tochas de cada lado da entrada para as bênçãos ainda ardiam, no entanto,


recebendo quem estivesse necessitado a qualquer hora do dia. Naquele momento em particular,


Han teria preferido estar oculto pela escuridão.


Apertando-se na sombra do edifício, Han ergueu a elaborada aldraba e deixou que ela batesse


contra a porta de madeira uma segunda vez. Ele olhou por cima do ombro e esperou a qualquer


momento sentir o aperto forte da Guarda em seu braço ou a ponta do aço frio.


Ouviu passos no interior, depois o retinir da dobradiça à medida que a porta girava para abrir.


Uma iniciada com trajes brancos e cabelos bagunçados pelo sono piscou para ele. Ela parecia ter


a mesma idade do garoto.


- Que o Criador o abençoe - falou, bocejando; depois, seus olhos se arregalaram conforme


ela prestava mais atenção nele. - O que aconteceu com você, amigo? - quis saber ela, e o


sotaque de Ponte Austral se evidenciou. - Andou brigando? - perguntou ela, e a curiosidade


levou embora o sono.


- Preciso de um lugar para ficar - falou Han e acrescentou "por favor" quando ela ainda


estava paralisada. - Juro pelo Criador que não estou aqui para machucar ninguém. - Ele


oscilou e ela passou um braço ao redor da cintura dele e o ajudou a ir até um banco de pedra na


entrada.


Ela se afastou rapidamente, esfregando as vestes.


- Você está fedendo - falou e fez uma careta.


- Desculpe. Eu caí no rio - explicou ele e fechou os olhos quando uma onda de tontura o


dominou.


- Qual é o problema com seu braço? - perguntou ela.


Ele ignorou a pergunta.


- Você poderia acordar o orador Jemson, por favor? É importante.


- Bem, não sei se ele gostaria de ser acordado a esta hora da noite - falou ela. - Posso lhe


entregar uma mensagem pela manhã?


Han manteve os olhos fechados e não disse nada. Finalmente, ele a ouviu afastar-se pelo


corredor. Ele estava praticamente dormindo quando ouviu a voz do orador ressoar mais


próxima.


- Ele está muito machucado, Dori? Você tem certeza de que não é um de nossos alunos?
- Não sei se eu o reconheceria, mesmo se o conhecesse, Mestre Jemson. Ele está bem


machucado, sim.


Han abriu os olhos e viu Jemson fitando-o, alto e severo.


- Mestre Alister. Graças ao Criador, você está vivo. Eu temia o pior.


- Onde está Mari? - perguntou o garoto.


- Está dormindo em segurança no dormitório. Os iniciados tomaram conta dela, e mandei

O Rei DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora