CAPÍTULO VINTE E UM

136 5 2
                                    


SANGUE E ROSAS

No dia seguinte ao da festa dos Bayar, a rainha espalhou a notícia de que, devido à doença de


Raisa, a princesa-herdeira deveria ficar em seu quarto e descansar. Raisa não tinha certeza se era:


1. preocupação genuína de Marianna com o bem-estar da filha e desejo de que ela se recuperasse


a tempo da própria festa, 2. castigo por ser tola o bastante para ser enfeitiçada por Micah Bayar,


ou 3. uma estratégia para criar expectativa em relação à festa de rebatizado de Raisa até um


estado de agitação.


Raisa enviou algumas mensagens à mãe, que solicitavam uma audiência, mas Marianna não


respondeu. Será que lorde Averill contara à mãe dela o que os Bayar haviam feito? Sem dúvida,


sim. Então, por que ela estava sendo punida? Raisa ficou frustrada, mas isso não ajudou em nada.


Uma cesta cheia de cartões e convites enfeitava a mesa no corredor de entrada de Raisa, mas


Magret recebera ordens e recusava-os todos em nome da princesa-herdeira. Quando as notícias


de sua suposta doença circularam, presentes e flores começaram a chegar até as fragrâncias


misturadas fazerem com que ela ficasse um pouco enjoada de verdade.


Uma dúzia de rosas chegou todas as manhãs, enviadas por Micah Bayar, com uma cor


diferente todos os dias. Quando Magret as recusou, elas se acumularam no corredor até ele


parecer um santuário para alguma deusa esquecida. Logo Raisa as enviava para todas as damas de


companhia e salões de curandeiros no templo.


Micah enviou algumas mensagens para ela, pedindo permissão para visitá-la, mas ela não


respondeu. Magret continuou a dormir no quarto dela, e um dos soldados da Guarda da Rainha


sempre parecia estar andando do lado de fora de sua porta. Evidentemente a rainha queria evitar


algum encontro clandestino ou mais intriga de feiticeiros.


Isso evitou muitos encontros com Amon, também. Raisa queria poder esgueirar-se através do


túnel, subir até o jardim e encontrá-lo por lá, caminhando no calçamento de pedra ou


aguardando no banco. Ela se flagrou pensando nele cada vez mais.


Quando não estava pensando em Amon Byrne, ela era assombrada por Han Alister. O dono


da rua a emboscava em seus sonhos, caminhando com ar importante como fizera em Feira dos


Trapilhos, com a inteligência rápida e o sorriso irônico. Raisa se lembrou do modo como ele a


empurrara para trás de si, colocara uma faca na mão dela e encarara seis Trapilhos por sua causa.


Se você for esfaquear alguém, não pense nisso muito tempo, dissera ele. E agora ele estava morto.


Será que, em algum momento crítico, ele hesitara e se perdera? Será que havia alguma coisa que


ela pudesse ter feito de modo diferente que o teria salvado?


Salvá-lo era trabalho dela?
Eu tenho que ir a festas, refletiu Raisa, para não pensar tanto assim.

O Rei DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora