CAPÍTULO DEZ

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DE VOLTA AO LABIRINTO

Raisa enviou uma mensagem à caserna com um pedido para que Amon se encontrasse com ela


no templo do labirinto na hora da oração daquela noite, mas ele enviou uma mensagem de volta


dizendo que estava de serviço. Ela tentou mais uma vez na noite seguinte, com o mesmo


resultado. Após a terceira recusa, ela ameaçou visitá-lo em seus aposentos na caserna, e ele


finalmente concordou em ir.


Enquanto isso, Micah enviou-lhe um exuberante buquê de flores e muitos bilhetes que


sugeriam um encontro. Ela ignorou. Ela lhe daria uma lição por ir atrás do pai e ficar contando


histórias.


Naquela noite ela percorreu a passagem de pedra com mais confiança; trazia uma vela acesa e


fazia barulho suficiente para dispersar os ratos à sua frente. Suas roupas também eram mais


práticas: ela trajava uma das saias de montaria, botas e um casaco justo no corpo. Isso facilitava


muito subir as escadas, com a vela presa aos dentes feito uma pirata.


Quando abriu a porta de metal no fim da passagem, Amon deu um pulo do banco e


desembainhou a espada. Ele girou nos calcanhares e examinou o cômodo.


- Pelos ossos de Hanalea, Rai - falou ele ao mesmo tempo que balançava a cabeça e voltava


a guardar a espada. - Pensei que você fosse bloquear esse túnel.


- Eu nunca disse que faria isso - retrucou ela e sentou pesadamente no banco. - Eu gosto


de ter uma saída extra. - Ela ergueu a mão quando o rapaz abriu a boca. - Não comece. Por


favor, sente-se. Você está fazendo sombra em cima de mim como se fosse um sacerdote das terras


baixas.


Ele se sentou no banco e se apertou no canto mais distante, como se ela fosse contagiosa, com


o corpo rígido e formal, e as mãos cuidadosamente colocadas acima dos joelhos.


- Por que você tem me evitado? - perguntou Raisa sem rodeios.


- Eu não tenho... - ele se interrompeu quando ela o olhou de cara feia. - Tudo bem. É


somente que... meu pai veio conversar comigo.


- E o que foi que ele disse?


- Bem. - Amon corou. - Ele disse um bocado de coisas. A mais importante é que agora


eu estou na Guarda, e isso significa que trabalho o dia inteiro, todos os dias. Para


desempenharmos nossa função de proteger a família real, temos que manter certa... distância. -


Ele limpou a garganta. - E... bem... eu entendi o que ele quis dizer.


- Entendeu o que ele quis dizer? Não me permitem ter amigos? - Raisa sabia que estava


sendo injusta, mas ela não estava a fim de ouvir amenidades, e ele era o único alvo disponível.
Além disso, a única vez em que ele abandonou a pose militar e se transformou no Amon que


conhecia foi quando ela o aborreceu.


- Claro que somos amigos, mas nós...


- Não nos permitem falar um com o outro, é isso? - Raisa puxou a longa mecha de cabelos

O Rei DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora