CAPÍTULO VINTE

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WILLO E SABIÁ

A reação à cerimônia de rebatizado persistiu por alguns dias. Dançarino desapareceu novamente


e Han passou horas infrutíferas examinando a floresta ao redor de Pinhos Marisa, visitando todos


os locais familiares. Quando o encontrou, depois de dois dias de caminhada, em um abrigo de


caçadores às margens do Lago Fantasma, Dançarino não estava pescando, caçando nem lendo.


Apenas estava sentado, fitando o lago.


O rapaz tinha pouco a dizer em relação às sugestões de Han; ele parecia achar que tinha


esgotado todas as possibilidades.


- A gente podia ir ao templo de Fellsmarch - sugeriu Han. - O orador sabe de muitas


coisas. Talvez ele possa ajudar.


- Nós já falamos com Jemson - afirmou Dançarino. Ele pegou uma pedra e a fez quicar


sobre a água. - Ele tentou algumas coisas, mas nada funcionou. - Dançarino ergueu os olhos


na direção de Han. - Além disso, você não disse que era um homem procurado em Fellsmarch?


Bem. Sim. Tinha isso.


- E quanto a um dos outros Campos? Talvez haja um curandeiro neles que tenha alguma


ideia nova.


- Minha mãe é a melhor. Você sabe disso. E Elena conhece as outras Matriarcas; ela está


sempre viajando. Se houvesse outra coisa para tentar, ela saberia.


- Se você não tivesse um amuleto, talvez isso não pudesse... ficar adormecido?


Dançarino não honrou a pergunta com uma resposta.


Han sentia-se impelido a oferecer planos cada vez mais desesperados.


- Nós podíamos ir até as Ilhas Setentrionais. É de lá que os feiticeiros vêm, certo?


- Você acha que é melhor que ir a Vau de Oden? - perguntou Dançarino. - Navegar pelo


Oceano Indio até um lugar em que nunca estive para ver as pessoas que nos invadiram, séculos


atrás?


- Você podia... você podia falar com o Conselho dos Magos. Você podia tentar encontrar


seu pai.


- A única razão para procurar meu pai é se eu decidir matá-lo - disse Dançarino, com os


olhos azuis duros como topázio.


O susto fez Han se calar, e ele não disse nada por um longo tempo. Nunca vira Dançarino


tão amargo. O rapaz era daqueles que sempre via a bondade nos outros, que sempre era o


pacificador.


- Eu vou com você - disse Han finalmente. - Para Vau de Oden, quero dizer.
- E fazer o quê?


- Vou para a escola de guerreiros na Academia Wien.


Dançarino fitou-o de cima a baixo e sorriu.


- Você? No exército? Onde tudo é regrado? Você não duraria uma semana. Ficaria


perguntando o porquê das coisas o tempo todo. Você se sairia melhor se ordenando no templo.

O Rei DemônioOnde histórias criam vida. Descubra agora