Capítulo 2

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- Acorda! - Disse minha mãe, me sacudindo suavemente - ou nem tanto - enquanto olhava as últimas novidades de seu Instagram. Sim, minha mãe é moderníssima. - Vai deitar na sua cama em seu quarto. - Continuou ela.

- Sério isso? - Perguntei.

- Sério. - Retrucou. - Seríssimo. Isso é hora de dormir? Aí há noite você não consegue dormir. - Disse ela.

- São quantas horas? - Perguntei enquanto me espreguiçava no sofá.

- Vai dar 17:40. Acabei de chegar. - Respondeu ela.

Logo me ajeitei no sofá e tentei dormir um pouco mais, mas acabei me lembrando de fofocar a ela sobre os novos vizinhos.

- Ah, mãe. Viu quem voltou para a vizinhança? - Perguntei.

- Já vi que alugaram a casa, mas não sei quem são eles não. - Disse ela, depois de ir até a janela da sala e olhar um pouco para a casa, amarela e muito bem reformada. - Quem é a família?

- São os Soares. - Disse eu, enquanto me levantava e seguia até a cozinha, para fazer a boquinha da tarde.

- Os Soares? - Perguntou minha mãe, surpresa. - Os Soares... Soares? - Perguntou.

- Sim mãe, Sr.º Sidney e Srª Cintia. - Retruquei.

- Nossa. - Murmurou ela. - Preciso ir lá ver como estão. - Disse.

- Cuidado com a Alexia. Ela está meio estranha. - Disse. - Você acredita que ela nem ao menos falou comigo quando ela e o pai vieram procurar pelo papai e por você? - Perguntei.

- Mas a Alexia não era a sua melhor amiga? - Perguntou ela.

- Acho que as coisas mudaram. - Disse. - Ela está estranha. Não usa mais as roupas de menininha e usa umas roupas de rockeira sinistra. - Respondi.

- Vou lá ver os três. - Disse ela, enquanto seguia até a porta da frente de casa. - Você vem? - Perguntou.

- Nem pensar. - Respondi. - Mas mãe, você vai para a casa dela assim? - Perguntei.

- É verdade. - Disse ela, que olhou para as roupas e viu que já estava com sua legging preta de dormir e uma blusinha verde de manga só para proteger do frio que fazia. - Vou me arrumar um pouquinho já que sou muito educada e sexy. - Riu ela. Logo olhei para ela assustado e dei uma risada surpreso com o que falara.

Ela subiu as escadas e foi até seu quarto, colocando uma roupa mais convencional e seguiu até a casa dos Soares.

- Já volto. Preciso saber das fofocas da Cintia. - Riu ela, que fechou a porta e foi até a casa da família.

- Tudo bem. - Respondi, enquanto terminava de comer a última fatia de pizza que minha mãe fizera na noite passada.

Segui até o meu quarto e me deitei. Como ainda era quase 18:00, não me importei em mexer no computador. Acabei me lembrando que havia marcado com Pedro que iríamos jogar há tarde, mas acabou que nem deu, já que passei a tarde dormindo, como sempre.

°°°

- Bom dia, querido. - Disse minha mãe, enquanto abria a janela do meu quarto e dava licença para a luz do sol invadir meus olhos, que logo se fecharam novamente por reflexo. - Hoje passarei o dia em casa. -Disse ela.

- Oi, mãe... - Murmurei, enquanto tentava me cobrir com a coberta, mas foi tarde demais. Minha mãe pegou a mesma e a arremessou para longe. - Dá para me dar a coberta ou vai ficar de palhaçada? - Perguntei.

- Vou ficar de palhaçada. - Respondeu ela, ignorando minha revolta. - Faça o favor de tomar um banho e escovar estes dentes. E coma alguma coisa, já vai dar 10:00 horas. - Disse.

- Hm. - Murmurei enquanto me levantava da cama.

- Ah, já ia me esquecendo de te contar uma coisa. - Disse minha mãe, enquanto sentava-se na cama, me encarando e aguardando eu fazer o mesmo.

- O que foi? - Perguntei.

- A Cintia faleceu. - Disse ela.

Meu corpo gelou e eu fiquei estatelado na cama, sem reação. As memórias se passaram em minha mente e me lembrei da época que eu ia para casa da Lexi e sua mãe sempre foi muito legal comigo, me dando suco na hora da brincadeira e nos deixava ver TV, mesmo quando estávamos sujos de lama do quintal. Era tudo de bom.

- Não brinca. - Murmurei perplexo. - Não acredito que isso aconteceu. - Afirmei.

- Ela faleceu no ano passado. - Continuou minha mãe.

Logo vi seus olhos enxerem de lágrimas, lembrando-se do passado, como eu.

- Ela era tão boa. - Murmurei.

Minha mãe então me deu um abraço apertado e logo caiu em prantos, lembrando-se da minha irmãzinha.

- Sim Isaque, ela era muito boa. - Concordou. - Porém, chega disso. - Disse ela, enquanto tentava disfarçar as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. - Já disse o que tinha de contar. Agora preciso continuar na cozinha para fazer o almoço. - Ela seguiu para fora do quarto e fechou a porta rapidamente, sem que eu pudesse dizer qualquer coisa.

- Tadinha da Alexia. - Murmurei. - Então só pode ter sido isso que fez toda essa transformação nela. - Afirmei.

Procurei uma roupa mais "formal" para ir até a casa dela. Sim, tomei coragem. Arrumei o cabelo e fiz um leve topete só para deixar minha marca. Desci as escadas rapidamente e passei pela cozinha só para não deixar minha mãe desinformada.

- Vou na casa da Alexia. - Disse rapidamente, antes de dar um beijo na minha mãe.

- Ué, mas ela está falando com você? - Perguntou, retribuindo o beijo, enquanto mexia nas panelas do fogão.

- É isso que vou descobrir. - Disse, antes de abrir a porta da frente de casa.

Ao abri-la, me dei de cara com Lexi, envergonhada, já com a mão fechada para bater na porta.

- Olá. - Murmurou ela, sem jeito.

- Hã... o-oi. - Disse, num tom surpreso e desesperadamente envergonhado.

FOTO: Quarto - super - bagunçado do Isaque

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