Capítulo 30 [Parte 2]

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- Voltei. – Sorri, enquanto me aproximava. Sentei na poltrona e ouvi a conversa.

Louise me olhava disfarçadamente enquanto eu mexia no celular. Olhava para ela rapidamente e ela disfarçava, olhando para outro lado ou voltando a mexer no próprio celular.

- Estávamos falando sobre o seu padrasto, Isaque. – Sorriu minha mãe. Arregalei os olhos.

- Padrasto? – Disse, calmo.

- Sim, o Ivan. – Disse minha mãe.

- Ah, o Ivan. – Murmurei. – O que que tem? – Perguntei.

- Estava falando, que você se deu muito bem com ele e a relação entre vocês é bem amistosa, certo? – Disse ela.

- Totalmente amistosa. – Disse. Olhei o relógio do celular rapidamente e percebi que ainda era 10:20 da manhã.

- Como conheceu esse homem, Jaque? – Perguntou Débora. Ai-ai, vai começar o papo de mulheres. Odeio quando fico boiando na conversa.

- O conheci no hospital. – Retrucou minha mãe. – Ele levou um tiro no braço direito e apareceu lá desesperado e sozinho. Aqueles olhos de anjo e olhar de modelo me encantaram completamente depois que descobri que ele era solteiro. – Disse minha mãe. Ela revirava os olhos como se estivesse no quarto, fazendo outra coisa.

- Hã... não descobriu o por que levou aquele tiro? – Perguntei.

- Aquilo aconteceu na sua vida passada. A partir do momento que ele me pediu em namoro, eu ignorei completamente tudo que ele fizera antes de me conhecer. O que importa agora é o futuro, Isaque. – Disse ela.

- O futuro? Você não sabe nada do que o cara fez antes de te conhecer e ainda confia nele? Por que não me disse como conheceu ele antes, mãe? – Perguntei.

- Porque eu te conheço, Isaque. Sabia que ficaria assim. – Disse minha mãe.

- Ah, claro. – Murmurei.

- Podemos falar de outra coisa? – Disse minha mãe.

- Fique à vontade. – Cortei-a. Ela me encarou séria e então voltou a conversa.

- Continuando... – Disse ela. – O Ivan é uma graça de pessoa. Adoro ele e sei que seremos felizes juntos. – Disse ela.

- Claro que serão. – Sorriu Débora, sem graça. – E vocês dois? – Ela levou os olhos até Louise, que guardou o celular rapidamente. – Como se conheceram? – Perguntou ela.

- Nos esbarramos na praia de Copacabana. – Disse Louise. – Primeiro ele esbarrou em mim próximo ao prédio onde minha mãe mora, depois foi na areia mesmo. – Continuou ela, que me olhou rapidamente em seguida. Tão linda.

- Exatamente. – Concordei, ainda a encarando.

Um silencio tomou conta da casa e a única coisa que eu podia ouvir era o som que o teclado do celular de Louise emitia. Já estava irritando.

- Bom... aceitam alguma coisa? – Perguntou minha mãe, que se levantou rapidamente do sofá. – Uma água, café, refrigerante, suco, cerveja ou... qualquer outra coisa? – Riu ela, sem graça.

- Hã...café está bom. – Os olhos arregalados de Débora eram hilários. Ela encarou minha mãe e então parou quando a mesma deu as costas e seguiu até a cozinha, à procura de xícaras para pôr o café.

- Aqui está. – Disse ela, enquanto trazia as duas xícaras de café. Débora pegou uma delas e Louise pegou a outra, enquanto analisava o líquido.

- É... eu ia pedir um pouquinho de suco, mas o café está bom, mesmo que eu não goste tanto. – Sorriu Louise, sem graça.

- De jeito nenhum. – Retrucou minha mãe, que puxou a xícara de café da mão de Louise rapidamente. – Pegarei o suco de beterraba agora mesmo. – Disse ela.

- Beterraba? Não, não. Prefiro o café. – Sorriu Louise, sem graça.

- Meu Deus. – Disse, colocando as mãos no rosto rapidamente. – Quem faz suco de beterraba, gente? – Murmurei.

- Sua mãe. – Sorriu Louise, enquanto pegava a xícara de café da mão da minha mãe, que sorriu sem graça.

- Exatamente. – Disse minha mãe, que voltou a se sentar no sofá.

Conversamos por mais alguns minutos e então as duas se despediram. Me joguei no sofá e assisti televisão até o almoço. Almocei e então conversei com Louise, no WhatsApp. Minha mãe saiu que eu nem vi, porém, ignorei.

- Desculpa por hoje cedo. Minha mãe é meio estranha, sabe. – Disse.

- Não tem problema. Sua mãe é uma fofa. – Disse ela, acompanhado de um emoji de gatinho.

Conversamos por mais alguns minutos até ouvir os gritos da bicha. Me despedi da Srª Tímida e fui até a varanda, ver o que o Léo quer.

- O que foi, Léo? – Perguntei, depois de abrir a porta.

- Onde é que está o Pedro? – Gritou ele, enquanto entrava em casa abusadamente.

- Tarde demais. – Retruquei, enquanto seguia-o até a sala. – Ontem, depois que chegamos da praia, ele tomou um banho e foi embora. Disse que não queria se despedir pois vocês dois jamais dariam certo juntos. – Disse enquanto me recostava no sofá maior. – Deveria esquecê-lo. – Murmurei.

- Ele disse isso? – Perguntou ele.

- Em partes, sim. – Respondi.

- Ele não deveria ter feito isso comigo. – Murmurou Léo. – Eu amava ele. – Disse ele.

- E ele também gostava de você, Léo. – Retruquei. – Mas ele não quer se relacionar enquanto não estiver fora da casa do pai. O pai dele é homofóbico o suficiente para infernizar a vida de vocês dois. – Disse.

- Eu sei disso. – Retrucou Léo. – Mesmo assim, ele deveria vir até mim e falar, na minha cara, que não podia ficar comigo. – Disse ele. Era visível em seu olhar a surpresa de perder quem ele se apegou tanto em tão pouco tempo.

- E-Eu entendo, Léo. – Disse. – Mas isso complicaria mais as coisas. – Murmurei. – Posso convencê-lo a vir te ver mais vezes e...

- Não quero vê-lo. – Retrucou ele. – Não quero mais olhar naquela cara de Deus grego mentiroso. – Lágrimas escorreram pelo seu rosto.

- Mas Léo... – Murmurei.

- Nem mais nem menos. – Retrucou ele, que se levantou e em passos largos, saiu da minha casa como um furacão. Minha mãe surgiu logo depois que ele saiu e sua cara de espanto não me surpreendeu.

- O que deu no Léo? – Perguntou ela, com duas sacolas brancas, uma em cada mão.

- Veio procurar o Pedro. Disse que ele não queria se relacionar com a presença do pai do Pedro tão próximo e ele me disse que não quer mais ver o Pedro. – Respondi.

- Tadinho dele. – Murmurou minha mãe, depois de fechar a porta, seguiu até a cozinha.

- Foi aonde? – Perguntei enquanto a seguia até a cozinha.

- Comprei algumas coisas que estavam faltando e que vi na promoção ali no mercadinho. – Respondeu ela, enquanto guardava tudo nos armários da cozinha.

- Ah, ok então. – Murmurei. – Vou para o meu quarto. As férias estão chatas e sem muita coisa para fazer. – Disse.

- Arruma algo para fazer, ué. – Retrucou ela.

- Como o que? – Perguntei, parando no meio da escada.

- Vá estudar. – Seu olhar debochado me fez rir.

- Nem aqui nem na China. – Disse, dando de ombros, seguindo para meu quarto, passar o tempo no computador.

Se Eu Te Amar DemaisOnde histórias criam vida. Descubra agora