Pi! Pi! Pi!
Era o sinal. Finalmente tocara o último sinal do colégio, indicando que os alunos estavam liberados, para minha felicidade.
Peguei minhas coisas e fui um dos primeiros a sair da sala de aula, já que eu não tinha uma relação muito amigável com os outros meninos de minha sala. Acabei me isolando de toda a turma e sempre busquei ficar calado quando eles pediam qualquer favor idiota, afinal, eu não queria levar umas porradas dos valentões da classe novamente. Eu sei, eu sei, eles ficavam no meu pé e eu era covarde demais para contar à direção, mas o problema é que eles faziam isso com todos os nerds do colégio! Além do mais, eu preferia cem por cento ouvir umas ameaças sem futuro de Nicolas, Luis e os outros, do que contar à direção, minha mãe ficar sabendo e surgir no colégio arrumando um barraco cabuloso. Eu me sentia melhor assim.
Ficar isolado na turma me ajudou em alguma coisa: eu tinha uma das melhores notas da classe, e isso orgulhava minha mãe. Competir com Lívia pelo título de aluno mais inteligente da turma era complicado, já que ela sempre tirava 9 pra cima, mas eu ainda tinha esperanças. A garota era uma das nerds mais inteligentes de todo o colégio. Deveriam adiantar ela um ano, já que ela sabia de absolutamente tudo!
Cheguei no quarteirão de casa, e naquele momento reparei que eu havia esquecido o celular no colégio, já que o aparelho não estava no bolso de minha calça. Retornei ao colégio apressado, pensando no fato dos meninos com certeza estarem jogando futebol na quadra do lugar. Tive certeza daquilo quando vi Luis e os outros garotos de minha sala na quadra. Respirei fundo, pensando nas semanas anteriores.
Luis, Gabriel e Nicolas eram melhores amigos. Os três costumavam ir nas festinhas de outros alunos e eram os mais populares - e, de certa forma, valentões - de minha turma. Eu sinceramente não entendia porque as meninas de meu colégio eram tão obcecadas por eles três. Eles não eram tudo aquilo.
Luis era um completo amante do futebol, que se esforçava nos estudos ao mesmo tempo que procurava ser o melhor jogador de futebol do time do colégio. Sua mãe e a minha eram melhores amigas, e as duas na época não entendiam o motivo que me fazia ficar o mais longe possível de Luis. Já Gabriel, nunca soube se virar sozinho no colégio, sempre seguindo alguém para "liderá-lo", seguia os passos de Luis no futebol e cegamente idolatrava Nicolas, seu primo, o mais temido pelos nerds menos populares do colégio. Nicolas era a verdadeira cobra de minha sala, usava as pessoas para se dar bem nas provas e sempre conseguia se safar quando tentavam dedurá-lo para a direção do colégio. Há algumas semanas tive um tremendo problema com ele, que queria forçar Lucas, um nerd do primeiro ano, a andar de cueca pelos corredores da colégio. Eu o enfrentei, e consegui livrar Lucas de uma tremenda humilhação. Porém, enfrentar Nicolas acabou me fazendo de alvo, levando umas porradas daquele babaca. Minha mãe veio até o colégio e disse poucas e boas à coordenadora, mas como eu não tive coragem de contá-la quem havia batido em mim, Nicolas se safou. É, eu sei que eu fui um idiota de não tê-lo dedurado, mas tenho certeza que acusar Nicolas me faria sofrer muito mais no futuro, por isso preferi deixar quieto.
Analisei o pessoal na quadra enquanto caminhava distraído até o portão principal do colégio, onde encontrei Mário, um senhor rabugento que guardava a entrada e saída de alunos do lugar.
- Oi de novo, tio Mário! – sorri, sem jeito, quando ele franziu o cenho. – Por um acaso, esse celular pertence a mim. – apontei o indicador na direção do aparelho em suas mãos.
Ele me analisou, sério, e então disse:
- Tem certeza, senhor Isaque? – ele estudou o aparelho, provavelmente curioso com o avanço da tecnologia e beleza do celular. – Espero que não esteja me enrolando...
- Claro que tenho certeza, tio Mário. – retruquei. – Por que eu voltaria de minha humilde residência, nesse sol dos infernos, atrás de um celular que nem mesmo é meu? – perguntei, sorrindo apreensivo assim que ele voltou a me encarar após mais alguns segundos analisando o aparelho.
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Se Eu Te Amar Demais
Teen FictionHá muitos anos atrás, eu e ela éramos completamente apaixonados um pelo outro. Meu coração estava vinte e quatro horas por dia reservado somente para a garota de meus sonhos. Seu nome? Vocês já sabem! A garota de coração puro e olhar sereno, feita d...