Capítulo 21

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- Alexia! – Gritou Léo. Ouvi o grito histérico da bicha louca de longe. Destranquei a porta do quarto rapidamente e corri até o primeiro andar da casa. Vi minha mãe dormindo no sofá "forever alone" mas ignorei. Precisava ver o que o Léo ia fazer.

Poucos segundos depois e, Alexia já estava na varanda, conversando com ele. Os dois conversavam algo importante e o semblante sério de Lexi me preocupou. Pude ver ela apoiando a cabeça no colo do Léo e vi que ela estava aflita, chorando. Ela não merecia isso.

- O que eu faço? – Murmurei para eu mesmo, enquanto analisava tudo de longe.

- Faça o que tiver que fazer, filho. – Sussurrou minha mãe. Ao me virar, ela estava ao meu lado, também vigiando a conversa entre Léo e Lexi. – Se ainda a ama, você deve mostrar que se arrepende do que fez e pedir desculpas, mesmo que não tenha sido nada muito importante. – Disse ela.

- Para mim, ciúme é algo muito importante. – Retruquei.

- Então, peça desculpas, meu filho. – Disse minha mãe, que seguiu para a cozinha, novamente. – Vai querer almoçar? – Perguntou ela.

- Não agora. – Respondi, enquanto abria a porta da sala bruscamente. Olhei para a varanda e Alexia me olhava curiosa. Seus olhos vermelhos mostravam sofrimento e raiva pelo que fiz. Léo me olhou surpreso e arregalou os olhos, pois sabia que eu falaria besteira, pela minha cara séria, além de caminhar em velocidade máxima até os dois ainda abraçados.

- Por favor não diga nada! – Gritou Léo, que entrou na minha frente. Sua voz aguda e fina era ensurdecedora. Ele se aproximou devagar e seus olhos quase saltaram. – Antes de falar qualquer besteira, lembre-se que ela te ama. – Sussurrou ele, pouco depois de ir até meu ouvido.

- Não vim falar besteira, Léo. – Disse sério, ignorando a leve dor de ouvido que me dera. – Vim falar a verdade. – Disse, levando meus olhos até os olhos vermelhos de Lexi, que ainda se seguravam para parar de chorar.

- O-o que? – Murmurou ela. Ignorei e sentei-me ao seu lado.

- Bom, quero pedir desculpas. – Murmurei sem jeito. – É...

- Vou saindo. – Retrucou Léo, rapidamente. Ele caminhou desajeitado até o outro lado da rua e sentou-se na varanda da minha casa, puxou o celular do bolso e começou a mexê-lo enquanto conversávamos.

- Ótimo... – Murmurei. – Continuando...

- Não, não fala nada. – Retrucou Alexia, enquanto encarava-me. – Eu... que quero te pedir desculpas. – Disse ela. Gelei por um segundo, mas me acalmei ao ouvi-la se explicar. – Sei que você sentiu ciúmes e isso é normal, já que nós gostamos um do outro, mas... não quero continuar assim, fingindo que está tudo bem se não está. Fingir não ter ciúmes é uma bosta e eu posso confirmar isso. – Disse ela.

- Eu que errei Lexi, não foi você. – Disse.

- Não importa. – Retrucou ela. – Importa é que nós dois devemos parar com esse problema pois eu não aguento mais sentir isso. – Disse ela.

- Oi? – Murmurei. – Mas Lexi, o que quer dizer com isso? – Perguntei.

- E-eu quero um tempo. – Murmurou ela. Ouvi, mas fingi que não entendi.

- Oi? – Murmurei.

- Eu quero um tempo, um tempo para pensar. Pensar na vida. – Disse ela.

- P-pensar na vida? – Gaguejei surpreso. – Não tem o que pensar, Lexi. Foi só uma briguinha besta. – Disse. – Vai desistir por isso? – Perguntei.

- Talvez. – Disse ela, que se levantou, dando as costas e fechando a porta na minha cara, antes que eu pudesse impedi-la.

- Droga! – Murmurei, virando-me para o outro lado, enquanto mexia nos cabelos, xinguei algumas palavras que prefiro nem citar. – Eu não acredito nisso. – Murmurei.

- O que houve? – Perguntou o Léo, enquanto se aproximava rapidamente, com o celular em mãos.

- A Alexia, deu um tempo. – Disse.

- O que? – Murmurou ele. – Mas eu disse a ela para... – Ele se calou ao ouvir uma buzina. Era o Luiz, no seu carro. – Luiz? – Murmurou ele.

- O que ele está fazendo aqui? – Resmunguei, furioso, enquanto via o Luiz estacionando o carro em frente ao quintal da minha casa. Ele estava acompanhado. Quem era aquele bombadão?

- Ótimo, mais um bofe encrenqueiro. – Murmurou o Léo. – Por que o Luiz trouxe aquele trombadinha para cá? – Perguntou Léo a si mesmo.

- Trombadinha? Conhece aquele cara? – Perguntei.

- É o Santiago. – Disse Léo. – Aquele canalha que já tentou me bater, lembra?

- Santiago? – Murmurei surpreso. Ele estudou na mesma sala que eu, mas saiu um tempo depois. Éramos quase que grandes inimigos, como o Luiz e eu éramos, mas talvez até pior. – Ele está...

- Gostoso. – Retrucou o Léo, enquanto analisava os músculos do cara.

- Não. – Retruquei. – Ele está irreconhecível. – Disse. Seu cabelo não era mais preto e tinha mechas em loiro. Além de estar raspado nas laterais e atrás, tipo militar. Ele era fortão e lembrava muito a aqueles caras que quase que viviam em academia, sabe? Eles se aproximaram e então fingimos não prestar atenção nos dois, que vinham distraídos.

- O que houve? – Perguntou o Luiz, enquanto se aproximava, com a mão estendida. Apertei sua mão e depois fiz o mesmo com o Paulo, que sorriu debochadamente. Senti sua negatividade.

- Não foi nada. – Respondi, logo caminhando em direção a minha casa. Luiz me seguiu até o outro lado e então finalmente me parou.

- Fala a verdade, o que houve? – Sussurrou ele, sério.

- A Alexia não quer mais nada comigo. – Respondi. – Ela disse que queria dar um tempo e então bateu com a porta minha cara. – Disse.

- Uau. – Murmurou ele. – Como isso? Por que ela faria isso? Ela te ama, irmão.

- Eu sei. – Murmurei. – Mas eu tive um 'leve' surto de ciúmes algumas vezes e o último foi ontem. Desde então, ela não falou comigo, até agora. – Disse.

- Deixe as coisas se esfriarem. – Disse o Luiz. – Ela ainda está magoada com tudo e se você continuar insistindo, ela vai acabar ficando mais revoltada ainda.

- Tudo bem, tudo bem. – Murmurei. – Agora, o que eu faço? – Perguntei.

- Já disse. Deixe as coisas se acalmarem. Vai comer alguma coisa e descansa um pouco. – Disse o Luiz.

- Beleza. – Murmurei.

- Ótimo. – Disse ele.

- O que faz aqui com aquele cara? – Perguntei, enquanto olhava para o outro lado e via Paulo e o Léo se aproximando, calados.

- Estávamos indo em um campeonato de futebol que vai começar em trinta minutos. Nós dois somos os atacantes e não podemos faltar. – Disse ele. – Vi vocês na varanda da casa da Lexi e decidi dar um oi.

- Ah, então sugiro que corram. – Ri. – O jogo não anda sem um jogador de futebol tão habilidoso quanto você. – Disse, seguindo em direção a porta de casa.

- Um dia você será tão bom quanto eu! – Gritou ele. Me virei e vi ele dando as costas, seguindo até o carro, ainda ligado. Paulo seguiu com ele e entrou no lado do carona, enquanto o Léo, acenava em minha direção. Acenei de volta e antes de fechar a porta, podia ver Lexi levemente escondida na janela do banheiro, analisando tudo com os olhos ainda vermelhos. Senti uma pitada de arrepios e pensei por um segundo, aquela garota ainda será minha.

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