Capítulo 24

662 47 6
                                    


- É. - Sorriu Léo, enquanto colocava seus óculos de sol nem um pouco másculo. - Parece que sua ex está aí. Não vai falar com ela? - Perguntou ele. Sorri debochadamente.

- As coisas já foram decididas, Léo. Não complica mais, ok? - Disse. Na mesma hora, Luiz se deu conta que estava atrasado para um misterioso compromisso em que não quis nos contar e saiu de dentro de casa rapidamente enquanto ajeitava o boné aba reta clássico dele.

- Estou atrasado! - Disse ele, enquanto caminhava rapidamente em direção ao carro. - Vamos Léo. Ou fica ou vem! - Disse ele, enquanto destravava o carro.

- Até mais. - Sorriu Léo, que correu rapidamente em direção do carro, já ligado. - Nós marcaremos melhor o passeio pelo WhatsApp! - Gritou ele, enquanto abria a janela do carro, antes de um aceno. Acenei sem jeito, ao perceber que moradores do outro lado da rua olhavam para toda a cena da bicha louca.

Bom, chega a hora de encarar a fera. Caminhei para dentro de casa e para minha surpresa, me dei de cara com Alexia, séria. Ela permaneceu na minha frente. Me virei para o lado e ela passou rente ao meu corpo, virando os olhos para o outro lado ao tocar-me novamente. Seus cabelos negros, como sempre, muito bem cuidados e com um cheiro inconfundível de mel, me paralisaram. Aquela garota ainda me enfeitiçava. Ela saiu e seguiu em longos passos de volta a sua casa.

- O que houve? - Sussurrei, enquanto me aproximava da minha mãe, enquanto se encontrava comigo na sala. - O que ela disse? - Perguntei.

- Ela estava te convidando para o aniversário dela de dezessete anos. - Sorriu minha mãe. Gargalhei ao ouvir tal resposta.

- Só pode estar de brincadeira né? - Perguntei. - Primeiro, o aniversário dela é dia 15 de janeiro. Estamos em dezembro ainda. Segundo, ela não está nem falando comigo, como que ela me convida para ir em seu aniversário? - Disse.

- Não tenho ideia. - Disse minha mãe. - Só sei que já tem um aniversário para ir em janeiro. Preciso preparar minha agenda. Não quero perder esse aniversário nem por nada. - Sorriu ela.

- Nossa. Às vezes você se parece uma adolescente louca baladeira, sabia? - Sorri, enquanto me aconchegava no sofá. Troquei de canal da TV, ainda ligada, e procurei por algum outro filme mais "original".

- Muito obrigada, querido. É óbvio que me pareço com uma adolescente, já que passo todos os cremes anti-idade possíveis para melhorar minha aparência. Sou gostosa, aceite isso. - Disse ela.

- Claro. - Murmurei.

A casa ficou em silencio absoluto por alguns segundos, até vir em mente o que me matava de curiosidade desde a hora em que Lexi saiu daqui: Por que ela me convidou para seu aniversário?

Pode ser idiota, eu sei, mas sei lá, ainda não sei qual é o objetivo dela com isso. Se ainda gosta de mim, por que continua em me ignorar? Tudo bem, eu errei. Mas... não acho que ter ciúmes seja algo tão grave para parar de falar dessa forma.

- Hoje é que dia? - Perguntei.

- Quinta-feira. - Gritou minha mãe, depois de dar uma olhada no calendário velho que ela cismava em deixar na parede da casa. Deixava tudo feio. Além do mais, ela tem um celular bom, por que não usa o calendário do celular? Vai entender.

- Já? - Murmurei. - Tenho que comprar uma sunga se for realmente para a praia com o pessoal. - Disse.

- Sunga? Sério? Vai de short mesmo, Isaque. Usa aquele short vermelho que já está apertado em você. Depois, joga fora. - Disse minha mãe. - Não vou comprar porcaria de sunga para você não gostar e depois querer que eu vá no quinto dos infernos para trocar não! - Bufou ela.

- Eu sei. - Resmunguei.

- Não vou durar para a vida toda, moleque. Já esqueceu que o Ivan quer que você trabalhe em uma das lojinhas que ele tem? Por que não aproveita para começar a ganhar seu próprio dinheiro? - Perguntou minha mãe.

- Ah, sério? Odeio ficar atendendo pessoas. - Murmurei.

- Prefere varrer o chão na rua e acordar 4:00 horas da manhã? - Perguntou ela. - Ainda existem vagas de lixeiro naquela empresa que passa por aqui. É bom que sempre que você estiver passando, você liga para dizer que já-já vai passar na rua. Aí eu vou ali na calçada e coloco o lixo para você catar com o maior prazer do mundo e pensar: Nossa, por que eu não vendi roupas naquela lojinha? - Disse minha mãe, dramática como sempre.

- Que horror. - Murmurei. - Prefiro ser mendigo. - Cuspi.

- Oi? Como é? Dê graças a Deus que está aqui, sustentado por sua mãezinha que tanto te ama e tem uma ótima vida, ok? Além do mais, ser lixeiro é uma profissão, e é tão digna quanto qualquer outra. - Disse minha mãe.

- Tudo bem, tudo bem. Foi mal. - Murmurei. Aproveitei para puxar o celular do bolso. Estive pensando e... seria uma ótima ideia chamar o Pedro para ir para a praia com a gente. - Cortando o assunto...

- Não é cortando o assunto não! - Disse minha mãe. - Tem que ouvir e pronto.

- Eu não disse que não quero ouvir! - Resmunguei. - Eu só pensei que você havia acabado de falar. - Disse.

- Pois não acabei. - Disse ela. Aproveitei que estava de costas, na cozinha, e saí de fininho, seguindo para o quarto. Me tranquei, liguei o ventilador e me joguei na cama. Como sempre, o dia estava levemente nublado e ventava bastante, por causa da pouca quantidade de prédios na região. Adoro essa cidade por causa disso: paz, calmaria, ótimos pontos turísticos e pouca poluição. Tudo de bom.

Puxei meu celular novamente, depois de jogá-lo no bolso para sair da sala e me ajeitei na cama, puxando o cobertor fininho que só servia para enfeitar, já que não esquentava muito. Como sempre, o quarto estava escuro, com a claridade do celular focada no meu olho, entrei no WhatsApp e falei com o Pedro. Online. Ótimo. Perguntei a ele se ele poderia aparecer por aqui no sábado. Como hoje é quinta, daria tempo de ele arrumar tudo. Ele disse que veria com o pai e responderia ainda hoje. Bom, espero que ele possa ir. É bom que já pago para o Léo o nosso acordo. Agora, é só ser feliz.

Se Eu Te Amar DemaisOnde histórias criam vida. Descubra agora