- Terminaram o exercício? - Perguntou a professora Sandra, enquanto se levantava de sua mesa com uma papelada em mãos. - Posso entregar as provas para vocês? - Perguntou.
A professora Sandra era uma boa professora de história, mas acabava exagerando na "explicação" e acabava criando uma espécie de teatro no meio da sala. Era superengraçado e todos riam dela imitando Dom Pedro I, II, Cabral e até mesmo a princesa Isabel.
- Isaque. - Murmurou Lucas, enquanto cutucava meu ombro direito. - Fez o exercício? - Perguntou.
- Sim, fiz. - Respondi, enquanto ajeitava-me na cadeira. - Por que? - Perguntei.
- Pode passar para a gente? - Perguntou ele.
Logo surgiram Yago, Guilherme, Matheus e Augusto na lista de "próximo para emprestar meu caderno".
- Tudo bem, tudo bem. - Disse, enquanto entregava meu caderno, ainda novo, para Lucas, que logo o puxou da minha mão e já colocou sobre as pernas pronto para copiar todas as respostas.
Claro, eu não era de falar com os meninos da minha sala, mas também não era antipático e ignorante com nenhum deles para não piorar minha lista de "apelidos" novamente.
Depois de colar todas as respostas, Lucas entregou meu caderno para Yago, que fez o mesmo para Matheus e depois dele foi para Guilherme e por último, Augusto, que logo depois me entregou. A professora passou em meu lado e olhou meu caderno. Depois ela olhou o caderno dos outros meninos e logo percebeu que era eu passei as respostas para o pessoal.
- Isaque, pelo amor de Deus, pare de passar cola para esses meninos preguiçosos. - Disse a professora, enquanto encarava todos eles, que disfarçaram com leves risadas.
- Qual foi professora. - Retrucou Matheus. - Nós não cola aqui não. - Disse ele.
Dei uma leve risada - como sempre - ao ouvir as famosas gírias que eles sempre usavam. Me virei para frente e apenas ouvi, prestando atenção em toda a conversa.
- Vá estudar um pouco antes de ter a cara de pau de me dizer isso novamente, Matheus. - Disse a professora, que se virou depois de dar visto no caderno de todo o pessoal do "fundão" e seguindo para o outro lado da sala, onde ela ainda não havia passado.
- Uia, ficou brava. - Murmurou Lucas, que permaneceu em seu lugar, rindo da zoação que se iniciava ali.
Bateu o sinal e então a professora nos liberou para o recreio. Acabei percebendo que ela não havia entregado as provas para o pessoal e isso me deixou até que bem curioso, mas não me importei muito depois que sai da sala e me sentei junto de um grupo de meninos que conversavam, já no pátio.
- Oi pessoal. - Cumprimentei, enquanto me sentei ao lado do Léo.
- Eae Isaque. - Disse em coro, Léo, Alexandre, Victor e Bruna, uma das únicas meninas da escola que gostava de jogar futebol e conversar apenas com meninos.
- Como anda a vida? - Perguntou Alex, enquanto puxava do bolso da calça um pacote de bala de menta e logo distribuiu para todos, que por costume, estenderam as mãos até que recebessem a bala.
- Bem corrida e ao mesmo tempo, cansativa. - Respondi, com um bocejo. - E a de vocês? - Ri.
- A mesma merda. - Respondeu Bruna, enquanto olhava três meninos de cerca de dezoito anos passando pela nossa frente. - Que gostosos. - Murmurou.
- Hehe. A minha também. - Disse Léo, enquanto ria e ao mesmo tempo concordava com o que Bruna falara.
- A minha está meio paradona, sacou? - Disse Alex.
- Hã, é... saquei. - Respondi.
Passaram-se alguns minutos de papo furado e então o sinal tocou. Todos se separaram para suas respectivas turmas. Alex seguiu para a 1201, Bruna para a 1202 junto com Léo e eu fui para a 1203, sozinho, como sempre.
A aula depois do recreio foi até que rápida, já que a professora de artes faltou e então fomos liberados mais cedo, por volta de 3:50. Antes, a professora Sandra entregou as provas e ao ver minha nota: 9,0. Recebi uns parabéns, como sempre e logo depois de entregar as provas, aí sim que fomos liberados. Segui para casa e aguardei minha mãe chegar no sofá da sala, com um sanduba de peito de peru com suco de uva natural.
Passou um tempinho e depois de assistir alguns seriados na TV fechada, minha mãe finalmente chegou.
- Olá, filhote. - Disse minha mãe.
- Onde estava, mãe? - Perguntei, depois de me lembrar que ela não havia trabalhado naquele dia.
- Na casa de Sônia. - Respondeu ela. - Fizemos um bolo de cenoura para uma pequena festinha que terá amanhã na casa dela para comemorar o aniversário de 17 anos do Luiz. - Continuou.
Logo gelei e me veio em mente a figura forte e assustadora do garoto da minha sala, o mesmo que me chamava de um monte de apelidos ridículos que prefiro não citar.
- O Luiz, mãe? Sério isso? - Perguntei, agora desanimado.
- Sim, Isaque, o Luiz. - Retrucou ela, enquanto seguia até a cozinha com utensílios de cozinha que levou com ela para a preparação do bolo. - Qual o problema, heim? - Perguntou.
- O problema é que não vou com a cara dele. - Respondi, enquanto seguia ela e colocava o copo onde tomei o suco dentro da pia.
- Não é problema meu com quem você vai ou deixa de ir com a cara. - Retrucou ela. - O importante é que tem comida. - Riu.
- Pensei que estava fazendo dieta. - Murmurei, depois de um silencio de segundos.
- Sim, estou. Porém, amanhã farei um leve "break" para me divertir um pouquinho. - Riu.
- Hm. - Murmurei. - Mas amanhã ainda é quinta. - Disse.
- E qual o problema? - Perguntou minha mãe.
- O problema é que eu não quero ir. - Respondi.
- Então fique em casa. - Disse ela. - Eu vou e trago uns docinhos para você.
- Tudo bem. - Murmurei, que logo segui para meu quarto e me tranquei.
Voltei rapidamente para a cozinha ao me lembrar de perguntar a minha mãe se podia ligar o computador.
- Manhê... - Disse enquanto me aproximava dela. - Posso ligar um pouquinho o computador? - Perguntei.
- Contanto que não fique até 22:00 da noite no vício dos jogos. - Respondeu ela.
- Valeu mãe. - Murmurei, dando um beijo nela e correndo de volta para o quarto, pronto para ligar o computador e começar mais uma partidinha básica.
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Se Eu Te Amar Demais
Roman pour AdolescentsHá muitos anos atrás, eu e ela éramos completamente apaixonados um pelo outro. Meu coração estava vinte e quatro horas por dia reservado somente para a garota de meus sonhos. Seu nome? Vocês já sabem! A garota de coração puro e olhar sereno, feita d...