Capítulo 4

1.8K 124 3
                                    


- Terminaram o exercício? - Perguntou a professora Sandra, enquanto se levantava de sua mesa com uma papelada em mãos. - Posso entregar as provas para vocês? - Perguntou.

A professora Sandra era uma boa professora de história, mas acabava exagerando na "explicação" e acabava criando uma espécie de teatro no meio da sala. Era superengraçado e todos riam dela imitando Dom Pedro I, II, Cabral e até mesmo a princesa Isabel.

- Isaque. - Murmurou Lucas, enquanto cutucava meu ombro direito. - Fez o exercício? - Perguntou.

- Sim, fiz. - Respondi, enquanto ajeitava-me na cadeira. - Por que? - Perguntei.

- Pode passar para a gente? - Perguntou ele.

Logo surgiram Yago, Guilherme, Matheus e Augusto na lista de "próximo para emprestar meu caderno".

- Tudo bem, tudo bem. - Disse, enquanto entregava meu caderno, ainda novo, para Lucas, que logo o puxou da minha mão e já colocou sobre as pernas pronto para copiar todas as respostas.

Claro, eu não era de falar com os meninos da minha sala, mas também não era antipático e ignorante com nenhum deles para não piorar minha lista de "apelidos" novamente.

Depois de colar todas as respostas, Lucas entregou meu caderno para Yago, que fez o mesmo para Matheus e depois dele foi para Guilherme e por último, Augusto, que logo depois me entregou. A professora passou em meu lado e olhou meu caderno. Depois ela olhou o caderno dos outros meninos e logo percebeu que era eu passei as respostas para o pessoal.

- Isaque, pelo amor de Deus, pare de passar cola para esses meninos preguiçosos. - Disse a professora, enquanto encarava todos eles, que disfarçaram com leves risadas.

- Qual foi professora. - Retrucou Matheus. - Nós não cola aqui não. - Disse ele.

Dei uma leve risada - como sempre - ao ouvir as famosas gírias que eles sempre usavam. Me virei para frente e apenas ouvi, prestando atenção em toda a conversa.

- Vá estudar um pouco antes de ter a cara de pau de me dizer isso novamente, Matheus. - Disse a professora, que se virou depois de dar visto no caderno de todo o pessoal do "fundão" e seguindo para o outro lado da sala, onde ela ainda não havia passado.

- Uia, ficou brava. - Murmurou Lucas, que permaneceu em seu lugar, rindo da zoação que se iniciava ali.

Bateu o sinal e então a professora nos liberou para o recreio. Acabei percebendo que ela não havia entregado as provas para o pessoal e isso me deixou até que bem curioso, mas não me importei muito depois que sai da sala e me sentei junto de um grupo de meninos que conversavam, já no pátio.

- Oi pessoal. - Cumprimentei, enquanto me sentei ao lado do Léo.

- Eae Isaque. - Disse em coro, Léo, Alexandre, Victor e Bruna, uma das únicas meninas da escola que gostava de jogar futebol e conversar apenas com meninos.

- Como anda a vida? - Perguntou Alex, enquanto puxava do bolso da calça um pacote de bala de menta e logo distribuiu para todos, que por costume, estenderam as mãos até que recebessem a bala.

- Bem corrida e ao mesmo tempo, cansativa. - Respondi, com um bocejo. - E a de vocês? - Ri.

- A mesma merda. - Respondeu Bruna, enquanto olhava três meninos de cerca de dezoito anos passando pela nossa frente. - Que gostosos. - Murmurou.

- Hehe. A minha também. - Disse Léo, enquanto ria e ao mesmo tempo concordava com o que Bruna falara.

- A minha está meio paradona, sacou? - Disse Alex.

- Hã, é... saquei. - Respondi.

Passaram-se alguns minutos de papo furado e então o sinal tocou. Todos se separaram para suas respectivas turmas. Alex seguiu para a 1201, Bruna para a 1202 junto com Léo e eu fui para a 1203, sozinho, como sempre.

A aula depois do recreio foi até que rápida, já que a professora de artes faltou e então fomos liberados mais cedo, por volta de 3:50. Antes, a professora Sandra entregou as provas e ao ver minha nota: 9,0. Recebi uns parabéns, como sempre e logo depois de entregar as provas, aí sim que fomos liberados. Segui para casa e aguardei minha mãe chegar no sofá da sala, com um sanduba de peito de peru com suco de uva natural.

Passou um tempinho e depois de assistir alguns seriados na TV fechada, minha mãe finalmente chegou.

- Olá, filhote. - Disse minha mãe.

- Onde estava, mãe? - Perguntei, depois de me lembrar que ela não havia trabalhado naquele dia.

- Na casa de Sônia. - Respondeu ela. - Fizemos um bolo de cenoura para uma pequena festinha que terá amanhã na casa dela para comemorar o aniversário de 17 anos do Luiz. - Continuou.

Logo gelei e me veio em mente a figura forte e assustadora do garoto da minha sala, o mesmo que me chamava de um monte de apelidos ridículos que prefiro não citar.

- O Luiz, mãe? Sério isso? - Perguntei, agora desanimado.

- Sim, Isaque, o Luiz. - Retrucou ela, enquanto seguia até a cozinha com utensílios de cozinha que levou com ela para a preparação do bolo. - Qual o problema, heim? - Perguntou.

- O problema é que não vou com a cara dele. - Respondi, enquanto seguia ela e colocava o copo onde tomei o suco dentro da pia.

- Não é problema meu com quem você vai ou deixa de ir com a cara. - Retrucou ela. - O importante é que tem comida. - Riu.

- Pensei que estava fazendo dieta. - Murmurei, depois de um silencio de segundos.

- Sim, estou. Porém, amanhã farei um leve "break" para me divertir um pouquinho. - Riu.

- Hm. - Murmurei. - Mas amanhã ainda é quinta. - Disse.

- E qual o problema? - Perguntou minha mãe.

- O problema é que eu não quero ir. - Respondi.

- Então fique em casa. - Disse ela. - Eu vou e trago uns docinhos para você.

- Tudo bem. - Murmurei, que logo segui para meu quarto e me tranquei.

Voltei rapidamente para a cozinha ao me lembrar de perguntar a minha mãe se podia ligar o computador.

- Manhê... - Disse enquanto me aproximava dela. - Posso ligar um pouquinho o computador? - Perguntei.

- Contanto que não fique até 22:00 da noite no vício dos jogos. - Respondeu ela.

- Valeu mãe. - Murmurei, dando um beijo nela e correndo de volta para o quarto, pronto para ligar o computador e começar mais uma partidinha básica.

Se Eu Te Amar DemaisOnde histórias criam vida. Descubra agora