Letícia POV
O final de semana chegou rápido e foi preciso Clara me convencer ao longo da semana para ir a festa neste sábado a noite. É o único dia que tenho para ficar em casa sem ninguém me incomodar, e desde que mudei para o apartamento minha paz aumentou quase que cem por cento.
Encontrei meu vizinho Henrique algumas vezes no estacionamento e no elevador, não conversamos muito sobre o que fazemos, mas ele elogiou mais de uma vez o meu batom vermelho que usei ao longo da semana. Reparei também na mão dele e não encontrei nenhuma aliança, ele não é casado ou noivo, mas com certeza deve ter uma namorada... ou é gay.
Estou escolhendo qual saia vestir, alguma que combine com a minha blusa azul. Não quero usar batom forte hoje, passo a semana inteira com batons fortes, então preciso vestir algo mais chamativo para aliviar na maquiagem.
Meu celular apita com uma mensagem e interrompe a música que eu estou escutando. Deve ser Clara me apressando, ou Mariana, então continuo a busca quando agora a música é substituída com o toque do meu celular.
Ergo o celular na altura dos meus olhos e meu estômago gela, acho que sinto todo o sangue do meu corpo desaparecer.
É ele.
Ignoro ou atendo¿ Bem, ele me ignorou a semana inteira, vou ser fraca e atender e responder na primeira vez que ele pede¿
O celular continua a tocar e a vibrar na minha mão enquanto olho para o nome dele, tive saudade de como o nome dele ficava no visor do meu celular. Posso até imaginar ele afastado do grupo de amigos ou deitado na sua cama com o celular no ouvido, suas sobrancelhas franzidas como costuma estar, enquanto ele me espera atender a ligação.
A chamada acaba e eu ainda estou olhando para a tela do celular. Coloco no silencioso para não ter que ignorar outra vez. É sempre tão difícil ser difícil com ele. Por que ele consegue me ignorar tão fácil enquanto isso parece me partir ao meio¿
Ao menos estou orgulhosa por resistir a esta pequena oportunidade, talvez se eu sempre fizer isso, posso finalmente ficar livre dele.
Certo, Letícia, agora acorda e perceba que você nem tão cedo vai ficar livre dele. Sua otária.
Enquanto passo o clássico delineador nos meus olhos, imagino como seria uma vida sem o Harry. Se eu não o tivesse conhecido eu não seria esta Letícia apaixonada, eu nem sou mais tão fã da banda e ele passaria como uma "paixãozinha" de fã. Mas nós nos envolvemos tanto, vivi coisas que nunca havia vivido e nunca vivi com alguém. Foi só ele, até hoje, após dois anos, ele foi a minha exclusividade de muita coisa.
Pode imaginar como é desapegar-se do cara dos seus sonhos¿
Enxugo minhas lágrimas e olho minha tatuagem pelo espelho da penteadeira. Passo a mão na minha tatuagem da Torre Eiffel na altura do peito esquerdo, lembrando de como ele beijava-a antes de beijar meus lábios, lembro das vezes que ele dizia com a voz rouca e desejosa no meu ouvido que aquela tatuagem era dele assim como eu também.
Eu nunca gostei da sensação de pertencer a alguém, mas eu sempre amei que o Harry me fizesse sentir assim, e mesmo que esta tatuagem não seja mesmo dele, eu sinto como se fosse, porque ela só me trás lembranças da época que ele ainda era meu.
- Você precisa parar com isso, Letícia. –eu digo em voz alta para mim mesma e tento fazer as lágrimas não destruírem a minha maquiagem quase pronta.
Termino de arrumar meu cabelo com muito esforço, e canto alto a música para ajudar a despistar as lembranças melancólicas. Quando procuro pelos anéis –meu maior vício de acessórios-, a caixinha azul no final da gaveta chama minha atenção e eu reviro os olhos quando lembro do que tem lá dentro. O nome 'Tiffanyi & Co' estão gravados com muito cuidado no topo da caixinha, e quando abro-a mais um milhão de lembranças são praticamente jogadas na minha cara.
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Amigas, romances e Itália
Fiksi PenggemarA continuação de "Amigas, romances e Paris" agora com mais surpresas e momentos que parecem sonhos.