3°. Capítulo

61 6 0
                                    

Memórias enraizadas.

Giovanna:

Assim que acordo olho no relógio e já são 15h:36. Levanto para tomar banho e meu celular apita indicando uma nova mensagem, pego o mesmo e leio a mensagem da Liz:

"Amiga chego já aí. Vou só pegar o Dan em casa. Beijo ridícula!".

Respondo-a e entro no banheiro para tomar banho. Assim que termino coloco um shortinho jeans e uma camiseta branca, calço uma sandália e desço para esperar a Liz e comer alguma coisa.

Tomo um copo de leite com recheado de chocolate, enquanto checo meus e-mails e ouço Sônia tagarelar. Não presto muita atenção:

- Gil, está me ouvindo? - indaga Sônia.

- Hãn?! Quero sim. - digo sem tirar os olhos da tela do meu celular.

- Quer o quê? - indaga ela. A campainha toca e levanto-me para atender agradecendo aos céus por isso.

- É a Liz. Deixa que eu atendo. - digo.

- Tudo bem! - diz Sônia - Não corre assim garota, ou você vai acabar se machucando ainda mais. - adverte ela da cozinha.

Vou até a sala, abro a porta e dou de cara com uma Liz preocupada:

- Oi bonequinha! - cumprimento-a com um forte abraço (modo de falar já que estou com o braço esquerdo engessado). Ela corresponde ao abraço, mas quando olha pra mim.

- Caramba Gil! O que aconteceu com você? - passa a mão direita pelo me braço.

- Entra que eu conto tudo. - digo puxando-a para dentro.

Subimos até meu quarto, conto como tudo aconteceu. Ela está meio sem entender nada ainda (confesso que até eu):

- E o nome dele, você perguntou né? - indaga com um brilho nos olhos como se eu tivesse acabado de dizer que fui ao shopping comprar a última coleção de roupas inverno/verão.

- Eu aqui dizendo que fui atropelada e você vem me perguntar o nome do "babaca" que me atropelou?! - digo incrédula olhando-a. Ela dá de ombros. - Você realmente é maluca! - concluo o óbvio.

- A maluca que você mais ama. - joga uma almofada em mim.

- Vê se me erra Elisa Bernardi! - digo emburrada e devolvo a almofadada. Ela sorrir e em seguida continua.

- Ele era gato? Era musculoso? - diz fazendo gestos com as mãos. Me veio então, seus olhos, sua boca carnuda, seu corpo definido..."Meu Deus!" - Não precisa responder, sua cara de "tapada" já diz tudo. - diz rindo da minha cara.

- Ah! Cala a boca sua chata! - digo irritada - Mudando de assunto você e o Miguel como estão? - tento mudar o foco da conversa.

- Eu sei que você está fugindo do assunto. - diz com os olhos semicerrados, me fazendo rir - Mas respondendo sua pergunta, nós dois preferimos dar um tempo, sabe?! Pra pensar melhor e ver se vale a pena continuarmos. - diz pensativa.

Ela e o Miguel (seu namorado ou ex não sei) namoram há 2 anos e meio. Os pais dele não aceitavam muito esse namoro, mas eles ainda estão juntos "ou pelo menos estavam". Sei que ela o ama mesmo com o ciúmes excessivo que ele tem por ela:

- E você? Como você está se sentindo com tudo isso? - sei que pra ela está sendo muito difícil. Ela sempre fez de tudo para que esse namoro desse certo.

- Eu?! - sorrir com desgosto. - Estou sobrevivendo na medida do possível. Mas às vezes... - para e suspira. - Quando estou só, sinto falta do cheiro dele, da boca, da pele, a maneira como ele me olha... Sinto falta dele. - diz olhando para fora da janela do meu quarto.

- Tá amiga... precisamos mudar de assunto. - digo quando vejo uma lágrima descer pelo seu rosto - Vamos fazer alguma coisa? - sugiro.

- Tipo o quê? - indaga sem ânimo algum.

- Tipo... piscina. É claro porque não pensei nisso antes. - levanto-me animada - Vai levanta esse traseiro magro daí e vamos pra piscina. - digo autoritária. Sei que ela gosta muito de nadar. Ela não fala nada apenas concorda com a cabeça e levanta as mãos em sinal de rendição.

Tem uma piscina no meu quintal. Meu pai convenceu minha mãe, ela não queria com medo de que eu pudesse cair. Então, eles colocaram uma cerca ao redor da piscina quando eu era criança e eu era proibida de entrar sem eles por perto.

Depois da morte de minha mãe, meu pai nunca mais quis entrar na piscina, ele até pensou em tirá-lá, mas o impedi.

Quando eu tinha nove anos, caí na piscina e me afoguei. Meu pai havia saído, eu fiquei só com a Sônia. Eu tinha acabado de chegar da escola e não tinha nada pra fazer, então decidi sentar na beira da piscina e ficar ouvindo música.

Sônia estava na cozinha e pensava que eu estava no quarto, e numa tentativa falha de levantar, perdi o equilíbrio e caí na piscina. Tentei gritar, mas as palavras não saiam, fui perdendo os sentidos aos poucos. Não lembro quando me encontraram, apenas lembro de acordar num hospital.

FLACHBACK ON:

Enquanto estava desacordada, minha mãe apareceu para mim:

- Vai ficar tudo bem querida, confie em mim. Vou estar sempre ao seu lado e sempre que você precisa vou estar aqui com você. Seja forte meu amor, seja forte! Por nós quatro. Cuide de seu pai. Eu e o Matt vamos cuidar de vocês sempre. Agora está na hora querida. Acorda...! Acorda...! Acorda...!. - ela falava enquanto desaparecia, sua voz ia ficando cada vez mais distante, foi quando acordei, e encontrei meu pai com a cabeça encostada no meu braço esquerdo.

Mexi a mão e ele me olhou com um olhar assustado e preocupado ao mesmo tempo. Consegui tranquilizá-lo depois de meia hora explicando o que houve.

Recebi alta depois de passar uma noite no hospital. Não houve nada de mais, eu apenas engoli muita água e estava desidratada, tive que ficar de repouso e tomando soro na veia.

FLACHBACK OFF:

Depois disso, tenho medo de entrar na piscina. Só chamei a Liz porque sei que ela ama piscina e eu como sua melhor amiga não gosto de vê-la mal.

Depois de colocarmos nossos biquínis, vamos pra piscina. Sônia fez sanduíches e suco de laranja. Uma maravilha!

Ficamos conversando, até que a Liz entra na piscina e me olha:

- Você não vem? - indaga.

- Estou bem aqui. - digo.

- Você que sabe. - rende-se. Ela sabe os meus motivos e por isso não insiste.

Passamos o resto da tarde na beira da piscina conversando. Sônia avisa que o jantar está servido. Vamos tomar banho e trocar de roupa para o jantar.

Meu pai ainda não chegou, então jantamos só nós duas. Assim que terminamos de jantar, Liz diz que já está tarde e que tem que ir embora:

- Por que você não dorme aqui? - faço cara de cachorro pidão.

- Nossa! Você precisa de um namorado. Você está muito carente. - diz ela e nós rimos.

Depois de tanto implorar para que ela ficasse, não consigo e ela vai embora me deixando sozinha "morgando". Vou para meu quarto ler algum livro, mas acabo adormecendo.

Me desculpem pela demora e pelo capítulo curto, mas vem surpresinha por aí... Quem sabe um bônus?!

Além Dos FatosOnde histórias criam vida. Descubra agora