15°. Capítulo

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Conheço essa jaqueta.

Rafa:

- Você vai mesmo deixar isso acontecer? - Micael pára ao meu lado.

- Não há muito a ser feito. - respondo impaciente.

- Aquela garota mexeu mesmo contigo, não é?! - pergunta meio que afirmando. O olho.

- Sinceramente? - ele assente - Não sei o que ela fez comigo. - passo as mãos em meu cabelo frustado.

- Acho melhor você resolver logo isso, ou daqui a pouco vai virar um maricas piegas e fodidamente apaixonado. - diz com um sorrisinho irritante no rosto.

- Não pretendo deixar que isso aconteça. - respondo enquanto saio, encerrando o ensaio da banda.

Eu, Micael e mais três amigos meu montamos uma banda há alguns anos, não que seja algo sério, é mais algo que gostamos de fazer mas que, pelo menos para mim não sei se quero levar pra o lado profissional.

Sempre cantamos em barzinhos ou em festas onde somos convidados. O cachê no é lá essas coisas, mas como não faço isso pelo dinheiro dôo minha parte para um hospital de crianças com leucemia e outras doenças.

Micael tenta me chamar, mas sigo até minha moto. Subo na mesma e saio sem rumo.

Meu pensamento é traiçoeiro e está bastante ocupado em não me deixar esquecer o que, ou melhor, quem eu quero esquecer: Giovanna.

Essa garota está presente em cada lugar que olho: seu sorriso, seus gestos, seu cheiro, sua boca. Ah sua boca!

- Oh moleque! Dá pra sair da frente? Não tenho o dia todo. - grita um velho que está atrás de mim dirigindo um caminhão.

Acelero e sigo meu rumo, meio que sem rumo.

Dirijo por horas, até que de repente paro de frente a casa dela: Giovanna. Quis descer da moto e ir falar com ela, mas o quê? Não sei o que falar, nem mesmo o que fazer. A verdade é que nem sei o que estou fazendo aqui.

Olho para uma janela que, supostamente é a de seu quarto. A luz está acesa e quando menos espero sua janela é aberta. Giovanna sai à varanda observando a paisagem, ela está linda, sua feição tranquila e distraída me faz perder os sentidos. Seus olhos veem em minha direção e essa é minha deixa para sair cantando pneu.

Chego em casa e a Vick está no sofá com o Davi, seu namorado:

- Rafa! - Vick praticamente grita me assustando.

- Que? - indago olhando-os.

- Estou falando com você, mas pelo visto você não prestou muita atenção. - diz olhando pro Davi.

- Nos falamos amanhã, boa noite. - digo subindo as escadas e parando no topo da mesma - Ah! Não esqueça as regras da dona Samantha: nada de namorados depois das 23:00. - às vezes minha mãe consegue ser ridícula, mas no caso da Vick a entendo, única filha mulher.

- Ah! Me esquece Rafa. Ainda são 22:26. - responde emburrada.

- Boa noite! - entro em meu quarto, tiro minha roupa ficando apenas de cueca. Deito-me e acabo dormindo me lembrando dos últimos acontecimentos.

Gil:

Após o jantar fomos todos para casa, menos meu pai que teve que ir para a delegacia.

Subo direto para meu quarto, tomo um banho, troco de roupa e pego um livro que venho lendo há algum tempo e ainda não terminei.

Como de costume abro a porta da varanda sentindo a brisa da noite cair sobre meu rosto. Isso me acalma, mas algo me chama atenção: uma moto parada de frente o portão principal, não consigo ver quem é, pois está de capacete. Mas algo me chama atenção: a jaqueta. Me é familiar. - Não, não deve ser. Deve ser coisa da minha cabeça. - murmuro para mim mesma.

A pessoa acelera e some de minha vista.

Sento-me num puff que fica em minha varanda. Ele é vermelho e parece uma bola gigante.

Leio algumas páginas, mas não consigo me concentrar de fato na história. Meus pensamentos estão concentrados na pessoa da moto.

Sem muito sucesso na leitura, entro em meu quarto fechando a porta e a janela e deitando-me para dormir.

...

- Bom dia. - cumprimento meu pai que está sentado à mesa tomando seu café e lendo seu jornal.

- Bom dia filha. -responde. Tomo um copo de suco de uva e pego uma maçã.

- Não vai tomar seu café? - vira-se para mim tirando seu óculos de grau.

- Como na escola. - beijo seu rosto - Tchau pai.

- Tchau filha. Se cuida. - diz e me dirijo até a garagem onde Zeca (nosso antigo porteiro e agora motorista) me espera.
Meu pai cismou em eu não ir para a escola sozinha e agora sou abrigada ir com Zeca. Não que eu tenha achado ruim, pelo contrário, gosto muito de Zeca e assim chegarei mais rápido à escola:

- Bom dia Zeca. - cumprimento o mesmo que abre a porta do carro para mim.

- Bom dia senhorita Giovanna. - responde educado.

- Zeca, eu já falei que pode me chamar de Gil. - digo enquanto o mesmo começa dirigir.

- Desculpe, é costume. - diz sorrindo.

- Tudo bem. Me chame como quiser. - respondo olhando para a janela. Pessoas, casas, prédios...

- Você está cada dia mais parecida com sua mãe. - diz me fazendo olhar o mesmo, mas seu olhar está no transito.

- Você acha? - indago sorrindo.

- Tenho certeza. - responde me olhando por um segundo. Fico feliz em saber que pareço com ela nem que seja um pouco.

Chegamos na escola, me despeço de Zeca e sigo meu caminho. Vejo Vick vir até mim sorridente.

- Oi Gil. - pára ao meu lado.

- Oi Vick. Tudo bem? - caminhamos para dentro onde vários alunos estão.

- Tudo sim, estou marcando com uma galera da escola pra ir lá pra casa, sabe? Tipo um "cineminha". Você vem? - indaga.

- Ah não sei não Vick... - respondo meio indecisa. Ela é irmã do Rafael, e se ele estiver lá e se... E se não, lógico que ele estará lá, é a casa dele.

- Ah não. Você tem que ir. - diz fazendo beicinho, o que me faz rir.

- Tudo bem, eu vou. - respondo sem muita certeza.

- Então até mais tarde. - diz saindo indo em direção suas amigas.

O dia passa normalmente, até o momento que a tarântula da Camilla me vê:

- Pensei que já tivessem detetizado o colégio, mas pelo visto... - diz parada em minha frente.

- Pelo visto não, já que você continua aqui. - digo e recebo seu olhar irritado - Vê se me esquece Camilla. - digo saindo de sua frente indo até minha sala assistir a última aula.

Saio da escola assim que as aulas terminam e sento-me em um banquinho que fica próximo o colégio na mesma calçada:

- Acho que esqueceram de você. - diz uma voz masculina.

- Acho que não pedi sua opinião. - respondo para o Rafael que está ao meu lado, a Vick está em frente o colégio sorrindo para nós dois. Levanto-me assim que vejo o Zeca estacionar.

- Boa tarde senhorita. Desculpa a demora, mas peguei um engarrafamento. - diz Zeca sem ao menos me deixar falar.

- Tudo bem Zeca. - respondo olhando para a janela onde o Rafael e a Vick, essa que acena para mim, estão me olhando.

Chego em casa cansada indo direto para meu quarto tomar um banho.

Depois do almoço marco com Liz para pôr os papos em dia, mas a mesma me largou para sair com aquele idiota do Miguel.

Sem muitas escolhas passo o dia em frente a tevê assistindo séries, tomando sorvete e comendo pipoca.

Além Dos FatosOnde histórias criam vida. Descubra agora