32°. Capítulo

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"O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós." Jean-Paul Sartre

Dia seguinte...

Gil:

A noite anterior foi uma das melhores da minha vida, sentir o carinho das pessoas que você ama chega a ser indescritível, descarta qualquer tipo de explicação.

Pude me ver feliz como há anos não estivera. Foi bom sentir que não estou tão sozinha como pensava, que assim como eu sempre haverá pessoas com problemas, mas que nenhum será forte o bastante para nos fazer desistir do que temos de melhor que é a vida.

Ao ver todos ali, unidos, me fez ver que vale a pena lutar por aquilo que almejamos, aquilo que nos faz levantar todos os dias com a certeza de que conseguiremos.

Há pessoas pelo mundo todo que não têm o que comer, ou vestir, que não têm um lugar seguro para chamar de seu e mesmo assim vivem cada dia como se seus problemas fossem o combustível que os fazem continuar, e talvez seja.

A música que o Rafael cantou ontem me desmontou inteira. Em seus olhos estava a decepção que minhas palavras causaram. Liz me disse que ele havia ido embora após a banda se apresentar.

Fiquei triste por não ter tido a oportunidade de me despedir, mas acho que foi uma decisão adequada para a situação em que estamos vivendo.

Me sinto confusa, não tenho certeza de algumas escolhas que fiz. Mas não há como voltar atrás, agora o que preciso é focar em meu futuro. Pelo menos que com essa decisão sei ninguém irá se machucar.

...

O dia já amanheceu, meus olhos pesam pois não consegui fechá-los por muito tempo. Momentos da noite anterior viam a todo momento em minha mente: a festa, a carta que minha mãe deixou, a conversa com meu pai, a conversa com o Rafael... Tudo está muito presente e recente.

Alguém com uma voz doce e familiar bate na porta do meu quarto despertando-me:

- Pode entrar. - A porta abre-se revelando o rosto de minha avó.

- Bom dia querida. - Beija minha testa e afaga meus cabelos.

- Bom dia vó. - Sorrio para a mesma.

- Vim chamá-la para tomar café da manhã.

- Vou me arrumar e desço em seguida.

- Está bem! Não demore, sua mãe tinha mania de passar horas em frente o espelho... - Fala sorridente - Desculpa... - Seu olhar se perde do meu.

- Não precisa se desculpar. Gosto de ouvir falar dela como se ela ainda estivesse aqui e não como se ela tivesse se transformado apenas numa lembrança do passado. - Traquiluzo-a. Não é como se fosse fácil perder sua mãe, assim como julgo não ser fácil perder uma filha.

Minha avó sai do quarto, então levanto-me para tomar banho e descer.

...

A sala de jantar nunca esteve tão movimentada. Todas as cadeiras estão ocupadas, meu pai está tão sorridente e feliz, há tempos não ouvia o som de sua risada com tanta Espontaneidade. Todos riem enquanto conversam:

- Olhem quem chegou! - Grita a minha tia Daniele, irmã de meu pai. Ela é super simpática e maluquinha também, mas senti sua falta.

- Bom dia. - Cumprimento-os, todos respondem em uníssono.

- Vem aqui querida, sente-se ao meu lado. - Meu avô sorrir largamente para mim. Sento-me ao seu lado.

- Como está seus estudos? Fiquei sabendo que pretende estudar fora. - Meu primo Enzo, filho da tia Dany, indaga com um sorrisinho cínico no rosto. Tenho vontade de quebrar um copo em sua cabeça. Ainda lembro do dia em que tentou me beijar, mas por sorte minha prima, Anelise sua irmã chegou na hora, tínhamos dez anos de idade.

Além Dos FatosOnde histórias criam vida. Descubra agora