Tudo acontece por um motivo

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Depois daquela noite de sono terrível e um sonho estranho, eu tinha que encarar um novo dia, precisava voltar ao apartamento e esperar para que instalassem a cama, e no final de semana eu me mudaria. Resolvi pegar a caixa que eu trouxe com as coisas do armário do corredor para ver o que tinha lá, eu estava louca para ler o diário, mas até então eu não tive tempo.

Sentei no chão do meu quarto e comecei a vasculhar, tinha várias coisas, onde eram mais fotos, alguns papéis escritos em uma outra língua e eu não sabia ainda qual era, também tinha algumas joias, e algo que parecia ser algum tipo de amuleto, que era uma pedra roxa linda, ela brilhava, e com certeza ficaria para mim, e mais um trevo de quatro folhas. Revirando a caixinha de joias, encontrei um cordão, nele tinha dependurado algo como se fosse uma cápsula minúscula, e dentro dela, estava o meu nome, imerso na mesma cor roxa da pedra. Por um instante achei aquilo estranho, por que a vovó não me entregou? Talvez tivesse esquecido, eu creio. Tinha mais algumas coisas, como pulseiras e alguns anéis, que tinham algum tipo de símbolo em cima de cada um deles, porém eram todos muito lindos. No fundo da caixa achei uma foto pequena, onde tinha uma mão com um desses anéis, e atrás estava escrito algo.

"Que esse anel te proteja, de todos as forças do bem e do mal, e que te dê uma longa vida. Saiba usá-lo."

Na hora eu fiquei sem entender o que aquilo significava. Por que deveria ter que saber como usar um anel? Não era simplesmente colocar no dedo? Ultimamente eu não estava sabendo de mais nada. Foi até então que eu percebi, eu conheço esse anel! Eu tive um grande susto quando percebi que o estava usando neste momento! E então comecei a me lembrar, eu ganhei da minha mãe quando fiz 18 anos, segundo ela, estava na família da minha avó a gerações, e que a cada aniversário de 18 anos de uma das filhas, o anel deveria ser passado adiante, para trazer sorte. Na hora eu achei incrível, e desde então nunca mais o tirei do dedo. Mas por que a vovó nunca me disse nada? É claro que ela tinha me visto usando o anel, eu não entendo. Mas agora algumas coisas estavam fazendo sentido. Com certeza eu conversaria isso com a minha mãe mais tarde.

Olhei as horas, e já era hora de almoçar, decidi fazer a comida e deixar pronto, quando meus pais chegassem, eu já teria saído, então ficaria com essa dúvida até de noite. Eu tinha que ir ao apartamento, encontrar os homens que levariam a minha cama. Resolvi pegar o diário, eu iria ler depois de tudo pronto.

Chegaram no horário combinado, montaram a cama e eu fiquei super animada, já tinha levado alguns lençóis e uma colcha bonita para colocar. Depois que último cômodo que faltava estar pronto tinha acabado, sentei na varanda e comecei a folhear o diário. Como futura jornalista, aquilo poderia ser um ótimo material um dia, para alguma importante matéria que eu tinha certeza, eu seria convidada para escrever. Eu estava feliz com a coluna no jornal, mas eu não escrevia algo que eu queria, algo que eu tivesse prazer de escrever, eu escrevia a mando do meu chefe, sei que esse dia ainda chegaria.

"13 de março de 1936

Querido diário,

Hoje mudou-se para o lado de minha casa, uma nova família, eles têm 4 filhos, e um cachorro! Eu sempre quis ter um cachorro. Espero mais tarde poder conhecê-los, e é claro que iria, mamãe gostar de dar boas-vindas quando alguém de novo aparece aqui na rua, espero ser amiga deles, me sinto tão sozinha as vezes! A não ser pelo Tony, que eu converso raramente, mas ele nunca tem tempo.

Hoje minha mãe me ensinou umas coisas bem interessantes, algo sobre passado, presente e futuro, e tinha até umas cartas que mostravam isso, eu achei tudo muito fascinante. O Tony sabe disso tudo, mas quase nunca responde as minhas perguntas, ele disse que eu terei várias vidas, isso seria possível? Foi então que falei com a minha mãe, ela me perguntou quem tinha me dito isso, e eu tive que explicar, ela disse que queria conversar com o Tony também, mas não seria possível, só eu podia vê-lo. Não sei como falar isso, sem soar um pouco diferente, mas eu vejo pessoas que, bem, já não estão mais aqui. De uma coisa minha mãe alertou, para não contar a ninguém, pois eu tinha o dom."

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