Ajudas

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Acordei na sexta de manhã e estava sozinha no sofá, imaginei que o Rodrigo tinha ido embora, mas foi quando senti cheio de café vindo da cozinha. Dei uma boa espreguiçada e arrumei meu cabelo, antes de aparecer na cozinha.

- Bom dia Bela Adormecida! - Olhei no relógio e já eram 07:30.

- Bom dia...o que temos de bom para o café hoje?

- Não querendo julgar, mas você precisa fazer compras. - Eu ri - porém fiz um misto, porque eu não resisto a isso.

- Não acredito! Eu amo misto, e com café ainda. Você acertou em cheio nos meus gostos.

- Isso é bom, aprendi com a minha mãe que se conquista alguém pelo estômago. - Ele sorriu puxando a cadeira para eu sentar.

- Quanto cavalheirismo!

- Então, estava pensando...que tal a gente almoçar junto hoje?- Ele me encarou por um momento.

- Ah...claro, seria ótimo.

Após o café, ele me esperou tomar um banho, onde depois passaríamos na casa dele para ele trocar de roupa. Enquanto fechada a porta, ouvimos gritos vindos do apartamento do Léo, aparentemente era  a Nicole. Sem pensar duas vezes, bati na porta.

- Nicole, está tudo bem?- Escutei um gemido que parecia de dor. - Por favor, abre a porta, deixa a gente te ajudar.

Ela não hesitou em nos deixar entrar, e a primeira coisa que pude notar foi uma mancha de sangue no chão.

- Precisamos ir para o hospital! Agora! - Eu gritei para o Rodrigo.

Ele a pegou no colo e corremos para o carro. No trajeto fui tentando conversar com ela, para entender melhor o que aconteceu. Pela primeira vez eu pude dizer que eu estava com dó dela, não é o melhor sentimento para ter em relação a alguém, porém pude vê-la no seu estado mais frágil e vulnerável. Ela me explicou, em meio aos soluços que estava tomando um remédio pois estava sentindo dores muito fortes na barriga, que estava em seu terceiro mês de gestação, e que do nada, quando foi levantar do sofá sentiu um fincada aguda e quando viu estava sangrando.

Eu fiquei imaginando a cena e com certeza entraria em pânico também. Ela estava muito nervosa e a todo momento acariciava a barriga, nesse momento me deu vontade de chorar. Todo esse tempo eu me via divida em um drama que eu achava ser o fim da minha paz interior, mas eu não percebia o quão egoísta eu estava sendo. O mundo não gira em torno de mim, não posso negar que essa reviravolta na minha vida pode ser enxergada como dramática, porém nada se compara ao sofrimento que eu estava presenciando aqui. Não posso negar que por um momento, eu gostei de toda a atenção que eu estava recebendo. Chegando no hospital, ela foi levada as pressas para um sala, deixando nós dois desamparados no meio da recepção.

Depois de um tempo na sala de espera, eu e o Rodrigo estávamos aflitos, afinal, sabíamos da chance de um aborto, e era uma notícia que eu não queria ter. Tentamos de todas as maneiras falar com o Léo, mas ele não atendia e nem retornava as mensagens, segundo a Nicole, ele estava em uma reunião muito importante com um cliente.

Depois de uns quarenta minutos, o médico nos chamou até no quarto em que ela estava.

- O estado dela é bom, ela teve sorte porque vocês socorreram a tempo. O bebê passa bem.

- Obrigada doutor. - Sorrimos em simpatia.

Nesse momento abracei o Rodrigo, me sentia aliviada. Ele me abraçou de volta, apertando bem forte. Foi quando fomos interrompidos com uma outra presença na sala, o Léo. Ele nos encarava de forma perplexa, como se não pudesse acreditar no que via, imagina se soubesse o que já havia acontecido.

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