Seguindo em frente

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Naquela noite, depois de muitas, eu posso finalmente dizer que dormi que nem um anjo. Depois de um fase um  pouco conturbada, minha vida estava começando a entrar nos trilhos. Acordei era umas cinco da manhã e decidi fazer uma caminhada, tomar um vitamina D e pensar em qual carta eu iria ler primeiro. Chegando em casa, tomei um banho demorado, deixando a água levar qualquer energia negativa que pudesse estar comigo, eu queria que meu dia fosse ótimo, e faria de tudo para continuar assim.

Foi então, que olhei no relógio, e ainda tinha cinquenta minutos até precisar sair para trabalhar, peguei meu cappuccino, a carta do Léo e  fui para varanda. Respirei profundamente e comecei a ler:

"Oli,

Nunca mandei uma carta para ninguém, acredita? Nem sei se estou fazendo certo. Na verdade, essa foi a melhor saída que achei para  conversar com você, porque por mensagem parecia muito errado, por ligação eu creio que não fosse me atender, e se eu batesse em sua porta, você também não deve estar querendo me ver. Eu entendo se depois de tudo você me excluir da sua vida para sempre, mas espero mesmo que entenda que eu não tenho controle sobre isso. Queria muito poder voltar no tempo e te beijar de novo, de passar a noite aí, e o dia seguinte também, porque estar ao seu lado é uma das melhores sensações que já senti até agora, e bem, aquele dia no seu sofá, só de lembrar  perco o fôlego novamente. Enfim, eu espero mesmo que sejamos amigos, apesar da previsão da sua avó, temos um longo futuro pela frente."

Voltei para a realidade com uma batida na porta, assustada, fui conferir quem poderia ser tão  cedo. Abrindo a porta tive uma surpresa:

- Rodrigo? O que está fazendo aqui? - Minha sorte é que eu já estava arrumada para ir trabalhar.

- Bom dia! Como você está? É que eu passei aqui no Léo para pegar uns papéis e pensei em te dar uma carona.

- Nossa, claro! Que sem educação eu sou! Por favor, entre, vou só acabar de arrumar minha pasta aqui.

Assim que ele fechou a porta, fiquei um pouco tensa. Não sabia como prosseguir, porque acima de tudo, ele era meu chefe.

- Então é aqui que você mora...é bem a sua cara! Tão organizado e aconchegante.

- Mesmo? Acha isso? Isso é porque não conheceu meu quarto, cheio de post it e tudo mais. - Falei isso de forma tão natural, que só depois pensei que isso poderia ser entendido de duplo sentido.

- Ah é? Eu adoraria conhecer. - Sua expressão era séria, ele colocou as mãos no bolso da frente da calça, e ficou em pé, parado, olhando fixamente para mim.

- Claro, por aqui.

- Uau, você não mentiu hein? Se eu te disser, provavelmente não acredita, mas eu sou viciado em post it também, peguei essa mania durante o curso.

- Bom saber que não sou a única a ficar pregando papéis coloridos pela casa. - Nós dois rimos.

Na hora de sairmos do meu quarto, tivemos um pequeno impasse na porta, digamos que duas pessoas não conseguem  sair ao mesmo tempo. Foi nesse hora em que virei para olhar para ele, e com um impulso mais rápido que o meu, ele bloqueou minha passagem no vão da porta, eu fiquei estática. Sabe aquela tensão que se cria em um momento onde você acha que algo vai acontecer, e ao mesmo tempo não sabe se você quer ou não que isso aconteça? Foi então que ele levou a mão em uma mecha do meu cabelo que estava caindo sobre meu rosto, e a ajeitou atrás da minha orelha.

- Está sem fôlego? - Ele continuou a me encarar.

Só percebi nesse momento que minha respiração estava pesada e ofegante.

Através do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora