Através do Tempo

Relações

Relacionamentos. Descobri algo muito interessante sobre eles. No geral, nós precisamos nos relacionar com os outros para a nossa sobrevivência, o nosso bem estar e nossa felicidade. É uma necessidade quase como comer e dormir, todos nós queremos pertencer á algum lugar ou alguém. Mas o que ninguém nunca me falou é que chega um certo momento na sua vida que você não quer este contato com ninguém, porque as vezes nada te acrescenta. E para piorar, essa relação se tornava ainda mais complicada quando o amor está envolvido. Mas sabe o que na verdade nos decepciona com os relacionamentos? As expectativas que criamos sobre eles.

Depois do meu momento de reflexão sob aquele luar maravilhoso, eu percebi que eu estaria vivendo uma fantasia baseada na previsão da vovó. E que tolice a minha, eu não poderia culpar o Léo por não se apegar a isso ou acreditar, ele tinha o direito de seguir com a vida dele, e eu faria o mesmo com a minha. Foi como minha avó disse no diário, se está escrito nas linhas do destino, irá acontecer, queira eu ou não.

Fui dormir bem tarde, ainda refletindo sobre tudo, eu não estava com raiva dele, e também não sabia como expressar isso de uma forma sutil sem parecer muito forçado, creio que o tempo se encarregaria de fazer isso sozinho. Acordei me sentindo péssima, com uma dor de cabeça que parecia consumir o meu ser. Tomei um banho quase que gelado, porque era verão, e as temperaturas estavam chegando aos 30°C. Peguei todas as forças que eu tinha e me arrastei para o trabalho, tanta coisa maluca tinha acontecido comigo que eu não ficaria surpresa se meu chefe tivesse odiado a matéria que escrevi e decidisse me manda embora.

- Olívia! - Fui recebida pelo meu chefe assim que desci do elevador. Respirei fundo para me preparar para o que estava por vir.

- Bom dia Sr. Borges. Como está o senhor? - Dei um sorriso forçado.

- Ah, eu estou maravilhoso! O jornal está crescendo a cada dia, se tornando mais visível, não tinha como eu estar mais feliz.

- Fico feliz em ouvir isso. - Continuei caminhando para minha mesa, um pouco aliviada. Sentei, e ele ficou parado de frente para mim, continuei: - O senhor precisa de alguma coisa?

- Nossa, claro! Aqui hoje está uma loucura. Estou esperando o novo coordenador chegar. Ele que vai comandar os estagiários daqui, acredita? - Ele pegou no celular. - Ah, já ia me esquecer! Li o seu artigo. Que precisão com as palavras, um texto maravilhoso de se ler. De onde tirou tanta inspiração?

- Nossa Sr. Borges, não sabe como eu fico feliz de ouvir isso! Digamos que eu apenas estava em um dia bom. - Eu sorria tanto que minhas bochechas começaram a doer. Do tempo em que eu trabalhava ali, nunca tinha recebido um elogio assim, então era questão de comemorar! - Então quer dizer que já posso publicar?

- Ainda não, como eu disse, não sou mais responsável por você. Teremos que esperar para ver o que o coordenador acha. Mas se quer mesmo saber, darei uma forcinha. Bom trabalho Olívia!

Quando ele saiu, eu ainda estava sorrindo, porque não conseguia conter a minha felicidade. Eu tinha uma sensação que o dia seria maravilhoso.

Na hora do almoço, fui almoçar com a Lana, a melhor colega de trabalho/ amiga para o resto vida que eu poderia ter conhecido. Contei para ela as novidades, e ela vibrou junto comigo, me fazendo prometer sair para beber para comemorar. Ela era o total oposto de mim, extrovertida, sociável e uma figura. No meu primeiro dia no jornal, ela foi toda solidária em almoçar comigo, porque eu estava em tempo de surtar por não ser boa em socializar em um ambiente novo, e claro, depois de ter conseguido derramar café na minha blusa, um mico logo no primeiro dia, ótima primeira impressão que eu deixei. E desde então nós não paramos de conversar, temos até nossas piadas internas, ainda mais sobre o curso, e ela sabia de alguns detalhes do que estava acontecendo na minha vida no momento: avó - diário - Léo.