Coisas estranhas acontecem

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A cada dia que passava, mais coisas aconteciam para me deixar confusa. O que aquele papel foi fazer ali no chão? E a principal pergunta é: Como? Não tinha ninguém aqui e com certeza papéis não se rasgam sozinhos e vão parar no chão. Eu ainda estava sem reação quando Léo me chamou.

-Olívia, tá tudo bem?

Eu não podia ver a minha reação nesse momento, mas com certeza eu estava pálida. Nada fazia sentido.

- Eu...eu estou bem sim. -Menti, dando um leve sorriso.

Me sentei um pouco no sofá, ainda com o papel na mão. O que aquilo significava? E era uma rima. Seria de algum poema que a vovó escreveu no diário? É claro, eu iria ler e procurar, só que depois. Léo sentou do meu lado, colocando a vela em cima da mesinha de centro.

-Então, o que é isso?

-Ah, não é nada demais, devo ter deixado aqui em cima e o vento o derrubou, acho que estou ficando paranoica.

Léo me deu um tapinhas nas costas, como um apoio. Me senti tão envergonhada.

-Mas então, está animada com a mudança? -Tadinho, ele estava tentando me distrair. Mas ele já era uma distração.

-Muito animada, sempre quis morar sozinha. Às vezes me sinto dependente dos meus pais por ainda morar lá, já estou com 21 anos, era mais do que a hora.

-Ah para, não é assim também. Me mudei para cá com a sua idade, e já estou morando sozinho tem três anos. Morar sozinho não é fácil, é mais responsabilidades e é tudo por sua conta, você verá.

-Eu ri. - Eu sei que não deve ser fácil, mas acho que dou conta do recado.

- Eu acredito que sim. Mas eu estava pensando, deveríamos sair outro dia, o almoço foi bem legal.

Eu devo ter corado ao ouvir isso, pois ele ficou me olhando mais tempo que o necessário. Minha vida amorosa não estava lá muito animada ultimamente, é claro que já tive um namorado, mas não deu certo, éramos muito diferentes, e tinha um bom tempo que eu não saía com ninguém. Aquele foi um convite, e a luz de velas! Uma doce ilusão veio a minha mente, jornalista já pensam alto demais, e como eu já era assim antes do curso, só fiquei pior. Eu não poderia me privar disso, de um minuto de felicidade, em dias que eram apenas de choro, tristeza e solidão. Voltei para a Terra novamente, e continuei a conversa.

-Claro, eu acho ótimo, aquele dia foi realmente bom. -Dei um leve sorriso na tentativa desesperada de não parecer envergonhada com o convite.

- Ótimo. Que tal depois que você mudar e já estiver sabe, com tudo no lugar, se tiver tempo é claro. -Ele ainda dizia olhando nos meus olhos, isso é intimidador, causa uma pressão psicológica, onde te obriga a dizer sim.

-Por mim tudo bem. -Sorri cabisbaixa, porém quando fui ver, ele ainda estava olhando para mim.

Ficamos por longos segundos sem desviar os nossos olhares, aquilo era, realmente, muito intimidador. Foi quando a luz voltou do nada, acabando com todo o clima.

- Finalmente! -Suspirei aliviada por não ter que ficar no escuro.

Ele riu. -Sim, agora pode carregar seu celular e ligar para alguém, já que rejeitou a minha carona. -Ele me deu um leve soco no braço.

-Eu não rejeitei, apenas não precisava se incomodar com isso, sério. E a chuva estava bem forte.

- Tudo bem, eu só estava brincando.

-Eu sei. Aceita água, café? São as únicas coisas que tenho aqui, tenho que fazer compras, tinha pensando em fazer hoje, mas não teve como.

-Todo jornalista ama café não é mesmo? -Ele riu- Um amigo meu também é, e sempre que vou na casa dele, ele me oferece café, isso é muito engraçado.

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