O Crush

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O Sinal bateu e fui até a minha sala, no segundo andar do lado do banheiro feminino, sala 6, turma "1º B".Eu fui a terceira aluna a entrar na sala, e escolhi um lugar digamos que confortável: Primeira fileira, terceira carteira. Sim era a fileira onde estava a mesa do professor, e achei apropriado, já que poderia me confundir em algumas coisas ainda, como o micão que paguei hoje. Passaram mais ou menos uns seis minutos e todos já estavam na sala.

Pude dar uma observada, e parecia que eles estudavam juntos desde... Sempre! Todo mundo falando com todo mundo, um indo pra lá e pra cá chamando uns aos outros foi bem louco, na verdade nem parecia que eu estava em uma sala com alunos de uma média de 14 e 15 anos.

Então entrou um professor na sala. Ele parecia ser simpático e bem engraçado: tinha um bigode reto, meio redondo, calça larga, camisa de botão e azul e suspensório. Oi? Parece que ainda usam isso. Quando eu o vi não teve jeito e me bateu aquela crise de risos, afinal, não é todo dia que você vê uma pessoa de SUSPENSÓRIO.

- Bom dia alunos, sou Pedro professor de História. A maioria de vocês eu já conheço, tem alunos novos aqui?

Advinha quem foi a ÚNICA PESSOA da sala a levantar a mão? Ninguém mais ninguém menos que eu a GRINGA.

- Pois bem, temos um novo gafanhoto em nossa turma, qual teu nome rapariga?

-Mia.

A sala ficou em silêncio, e o professor fez um gesto com a mão para continuar falando. Bem achei que ele queria que eu falasse minha idade e etc, então continuei.

- Tenho 15 anos me mudei...

- Não, querida isto nos falemos depois, quero saber o teu nome.

-Ah, claro. Mia Cordeiro de Campos Dultra.

A sala olhou pra minha cara como se estivessem vendo um monstro. O professor fez uma cara mais estranha ainda, ainda mais com aquele bigode. Deu-me uma vontade enorme de rir com a cara dele, mas eu me segurei.

- Me desculpe à ousadia moça, mas de onde tu vieres?

- Eu vim de Guarulhos, no estado de São Paulo no Brasil. Mudei-me pra cá nessas férias.

- A sim, samba não é?

Samba? Samba? Samba? Por que diabos eles vão achar que todo brasileiro gosta de samba? Fiz que sim com a cabeça e quando achava que não poderia piorar:

- Deixe me perguntar, é no Brasil que tem aquela música do Michel Teló como é mesmo? Ai se eu te pego ai se eu te pego...

E de repente a sala toda estava cantando, e tentando dançar está música. Deu-me vontade de cavar um buraco e sumir imediatamente, mas acabei entrando na brincadeira e comecei a cantar também, e depois todos nós rimos.

- Bem turma, hoje como é o primeiro dia vou deixar vocês livres para conversar, e conhecer melhor a nossa brasileirinha.

Quando olhei em volta estavam todos ao redor da minha mesa, sorrindo e fazendo um milhão de perguntas do tipo:

- Você também dança o quadradinho de oito?

- Feijoada é boa?

- Qual o gosto da tapioca?

- É muito difícil dançar capoeira?

- Como vocês fazem brigadeiro?

Dei muitas risadas com as perguntas, eles não entenderam muito bem minha super crise de risos, mas riram também. Eles foram muito receptivos comigo e adorei os conhecer. Era 07h50min quando um garoto abriu a porta desesperado.

- Desculpe-me professor, meu irmão ficou fazendo manha em casa e não queria sair de jeito maneira.

Quem era aquele garoto? Meu Deus, realmente era um "boy magia" como diziam minhas amigas. Aquele era o garoto mais lindo que eu já vi na minha vida. Cabelo preto, mais branco que qualquer folha de papel, olhos azuis, sardas bem suaves no rosto. Ele usava um topete, estava com uma calça jeans, aqueles tênis "swags" e um casaco da GAP. A sala toda abriu o sorriso e gritou:

- Matheus!

E começaram a comemorar com expressões do tipo uhu, eba, até que fim, aleluia, finalmente, e coisas assim. Ele olhou o pessoal e minha volta e logo após olhou pra mim, e deu um sorriso torto. Aquele foi sorriso MAIS LINDO QUE EU JÁ VI NA MINHA VIDA. Dei um sorriso também e ele perguntou:

- Quem é esta nova rapariga que tenhamos aqui?

A sala fez questão de responder por mim:

- É a Mia!

- Ela é brasileira!

-Ela conhece a música do Michel Teló!

- Mas ela não sabe fazer o quadradinho de oito!

Ele chegou à minha frente, olhou nos meus olhos e me cumprimentou com um beijo no rosto. Arrepiei até o último fio de cabelo, e ele se juntou a nossa rodinha. Ficamos papeando até o final da aula.

O sinal bateu e todos começaram a sair. Perguntei para uma menina atrás de mim:

-Nós já vamos comer?

Ela deu uma risada e respondeu:

- Aqui no nosso país, a gente troca de sala.

Só que ela falou de um jeito como se eu falasse outra língua, ou viesse de outro planeta. Ela me disse exatamente assim:

- AAAQUI, NO NOSSO PAÍS, PAÍS PORTUGAL, AQUI, NÓS SAÍMOS DAS SALAS E VAMOS PARA OUTRA, OUTRA SALA, PARA TER OUTRAS MATÉRIAS, OUTRAS AULAS, OUTROS PROFESSORES.

Eu ri também e fiz um gesto de joia com a mão. Bem pelo menos, a turma era sempre a mesma a gente só trocava de sala. A menina foi me guiando até a próxima sala para eu não me perder, apesar de que eu não precisaria dela, apenas iria seguindo aquele gatinho do Matheus, não perderia ele de vista por um minuto!

Como conquistar o CrushOnde histórias criam vida. Descubra agora