"A volta"

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A rotina havia se tornado exaustiva durante as últimas semanas. Os dias se misturavam entre estudos intermináveis e trabalho, e Bree se desdobrava para dar o melhor de si mesma, enquanto mantinha em segredo seu novo emprego.

Elis e Ambrosius a ajudavam como se fosse parte da própria família. Compreendiam quando ela chegava atrasada, quando esquecia de almoçar ou quando se escondia ao ver alguns de seus amigos entrando na loja.

Ela não havia contado a ninguém o motivo de estar constantemente ocupada nos finais de semana. Não era vergonha, jamais! Trabalhar era algo que a fortalecia, que a fazia sentir-se mais madura e responsável. A verdade é que Bree não queria que a olhassem com pena, como a pobre órfã que precisava se virar para sobreviver, como se não tivesse nem míseros trinta galeões guardados em Gringotes.

E não era culpa de seu pai, ela compreendia isso muito bem. A vida nunca fora miserável, apenas simples. Uma família trabalhadora, de poucos luxos, mas de muitos afetos. Porém, depois da morte de sua mãe, o pai de Brianna foi cruelmente descrito pelo Profeta Diário como "O escritor fracassado: a perda de um amor que o levou à ruína e à loucura". As vendas de seus livros despencaram, e as economias da família foram lentamente consumidas para que pudessem sobreviver.

Maldita Rita Skeeter.

A perda do pai ainda doía fundo, como uma ferida que não cicatrizava. Parte de seu coração havia se quebrado junto com a ausência de seus pais, e ela sabia que jamais seria restaurada.

Quanto a Matteo, Bree o evitava havia semanas. Em parte, por não ter tempo. Mas, no fundo, porque não conseguia acreditar que o sonserino não iria magoá-la de novo. Tinha medo de que, mais uma vez, tudo não passasse de um jogo.

A vida estava confusa demais para Brianna Brookes.

— Será que você tem tempo para mim? Ou está ocupada demais? — A voz ecoou atrás de mim, carregada de dor.

Virei-me lentamente. Estava sentada no Salão Principal, diante de uma xícara de chá já gelada, afundada em livros e anotações. Ao levantar os olhos, encontrei Draco. Seus olhos acinzentados estavam marejados, pesados, quase quebrados. E, ao encará-lo, percebi múltiplas cicatrizes espalhadas pelas costas de sua mão.

— Draco... — minha voz falhou, engasgada. — O que aconteceu com a sua mão?

Ele fechou os dedos rapidamente e escondeu a mão atrás do corpo. Sentou-se ao meu lado, sem me encarar, fixando o olhar em algum ponto invisível, perdido em lembranças.

— São tempos difíceis, Bree. — Sua voz era baixa, sem forças. — Por onde você esteve?

Eu sabia que eram tempos sombrios em Hogwarts. O retorno de Voldemort havia espalhado terror e pânico por todos os cantos. Mas, na correria das minhas mil tarefas, eu mesma acabava esquecendo que o mundo lá fora estava à beira de uma guerra.

— Draco... me desculpa. — As palavras saíram como um peso. — Eu estive ocupada e...

— Tudo bem. — Ele me interrompeu, frio.

O olhar dele era vazio, o rosto mais magro e pálido que nunca.

— Foi seu pai, não foi? — perguntei quase com certeza. Aquilo gritava o nome de Lucius. — Você pode conversar comigo.

Draco suspirou. — Não nascemos pessoas ruins, não é? — perguntou, sua voz trêmula. — Você acha que já nascemos com a maldade correndo no sangue?

— Não. — respondi firme. — Draco, se isso for sobre as escolhas da sua família... isso não define você.

— Claro que define. — retrucou, os olhos sombrios. — Tem mais a ver comigo do que você imagina. A guerra está próxima, Bree, e eu só queria poder escolher. Só uma única vez. Queria poder escolher não estar no meio disso tudo.

Não encontrei palavras. Minha garganta apertava.

A família Malfoy era seguidora de Voldemort, todos sabiam. Mas isso nunca me impediu de ser amiga de Draco. O que me afastava dele, às vezes, eram suas piadas sem graça às oito da manhã.

Meu coração ardia pelo que ele estava passando. E, de repente, pensei em outra pessoa: Matteo.

Eu não sabia muito sobre sua história. Sabia apenas quem era seu pai. Mas não conhecia sua mãe, nem quem o criara quando Voldemort caiu. E me perguntava: se tivesse escolha, Matteo ficaria do mesmo lado? Ou seria como seu pai, com sede de poder?

— Sinto muito por tudo isso... — sussurrei. — Sinto de verdade, Draco.

— É... eu também sinto.

Mais tarde, a caminho da aula de Poções, ouvi alvoroço no corredor. Um grupo de alunos se amontoava, observando algo.

— Se entregue, Potter. Dumbledore não vai poder te proteger para sempre.

Aquela voz... eu a reconhecia. Era Matteo.

Empurrei-me entre os estudantes até conseguir ver. Harry encostava Matteo contra a parede, a varinha pressionada com tanta força contra o pescoço do sonserino que seus dedos ficavam vermelhos. O olhar de Harry era de puro ódio, como um leão pronto para atacar.

— Cale a boca, Riddle. — Harry rosnou.

— Quer acabar como Sirius Black? — Matteo retrucou, frio como gelo. — Você quer ser herói, defender todos? Mas não se esqueça: todos morrem ao seu redor. E você será o próximo.

Meu coração parou. A lembrança da morte de Sirius ainda era uma ferida aberta. Bellatrix Lestrange o matara no Departamento de Mistérios, e Harry jamais fora o mesmo desde então.

As palavras cruéis de Matteo me fizeram apertar meus livros contra o peito, tentando conter a repulsa que subia pela garganta. Não era apenas maldade — era vazio. Um vazio assustador refletido em seu olhar.

Harry ergueu a varinha ainda mais, pronto para lançar um feitiço, mas Hermione e Rony o arrastaram dali. O grupo de curiosos também se dispersou, já satisfeitos com o espetáculo.

Eu fiquei.

Sozinha, esmagando os livros contra mim.

Foi quando Matteo me encarou. Seus olhos estreitaram, e, agora, apenas nós dois restávamos no corredor.

— Brianna... — disse ele, e dessa vez sua voz saiu baixa, quase como um pedido.

Fazia semanas que não nos falávamos. Matteo estava diferente: o rosto cansado, os cabelos desalinhados, os olhos mais sombrios que nunca. Não havia piadas, nem charme. Só sombras.

Engoli em seco quando ele se aproximou.

— Você sumiu. — murmurou.

— Estive ocupada. — respondi, tentando controlar a tensão na voz.

— Poderíamos... — começou a dizer.

— Preciso ir para minha aula. — interrompi, já me afastando. Mas antes de virar a esquina, olhei nos olhos dele uma última vez. — Espero que exista algum tipo de emoção aí dentro. E que, quando a hora chegar, você escolha o lado certo.

Ele entendeu. Não precisávamos falar de seu pai, nem do caos ao redor. Aquilo bastava.

E eu me afastei, carregando comigo a esperança de que, no fundo, Matteo ainda tivesse uma centelha de escolha.























VOLTEI!!!! Sim, foram anos!

Mas voltei, e com uma outra novidade também que eu sempre quis fazer. Sempre quis escrever uma fic sobre Siriús Black, afinal, foi a primeira vez que li uma fic e me apaixonei inclusive ela ainda está aqui ( TELL ME A SECRET) incrível, perfeita e maravilhosa! Então achou que vou escrever, mas ser aos poucos mas quero muito fazer!

É isso, beijosss!!

I lie for two - Mattheo Riddle Onde histórias criam vida. Descubra agora