I lie for two - Mattheo Riddle

"Entrega e Desejo"

Os dias seguintes foram intensos. Bastava eu olhar para qualquer canto, que lá estava Mattheo, como se estivesse me esperando para me puxar para algum lugar e roubar um beijo.

Não era como se estivéssemos escondendo nada; todos já percebiam nossa reaproximação. Mas, obviamente, ninguém ousava comentar — muito menos sobre Mattheo Riddle.

Queríamos ir com calma. Bom, eu queria. Mas sabia que, para Mattheo, já estávamos mais do que comprometidos. Eu o amava de um jeito que fazia meu peito arder toda vez que o via. Ainda assim, não podia me dar o luxo de destruir tudo o que construí até agora. Apesar da decepção do passado, algo dentro de mim floresceu: um amor próprio que ninguém jamais poderia roubar.

— Bom dia... — A voz de Mattheo soou perto da minha orelha, tão próxima que pude sentir sua respiração roçar meu pescoço.

Minhas pernas travaram instantaneamente.

— Bom dia, Riddle. — Respondi, sem conseguir esconder o sorriso.

Ele se colocou à minha frente, me analisando dos pés à cabeça com aquele olhar intenso, capaz de devorar em um segundo.

— Está indo para a aula? — perguntou, observando os livros em minhas mãos.

— Sim... e você também. — respondi, segurando seus braços levemente e puxando-o comigo até a sala.

— Sabe... eu tinha planos mais interessantes que envolviam você.

— Fico grata por me envolver nos seus planos... — murmurei, arqueando uma sobrancelha — mas o meu plano é terminar o ano letivo.

Ele sorriu, deslizando as mãos pela minha cintura, bloqueando meu caminho e prendendo minha atenção com um toque suave, mas firme.

— Tenho certeza de que meu plano é muito melhor. E sabe... já faz tempo que estou esperando por ele.

Eu sabia exatamente qual era o plano dele. Pude sentir minhas bochechas esquentarem instantaneamente.

— Aula de Transfiguração. Agora. — retruquei, tentando manter a compostura.

Mattheo apenas sorriu, um sorriso que misturava diversão e desafio.

— Pode ser... mas depois dessa aula, meu plano continua. — Ele sussurrou, inclinando-se próximo o suficiente para que eu sentisse a intensidade da promessa em sua voz.

Suspirei, consciente de que seria impossível resistir completamente.

A sala já contava com alguns alunos, e Mattheo fez questão de se sentar ao meu lado. Professora Minerva McGonagall ergueu uma sobrancelha, surpresa, como se a presença dele na aula fosse algo raro — e, de fato, talvez fosse.

— Se for trabalho, faremos juntos. — Mattheo disse, piscando para mim. — Lembra como fizemos um belo trabalho com a taça...

Ele parou ao notar meu semblante mudar. A lembrança daquele trabalho havia sido... desastrosa.

— Brianna, me desculpa... — disse ele, apertando minha mão por baixo da mesa. — Eu fui um idiota com você e...

— Está tudo bem. — respondi, sorrindo para esconder o incômodo. — Sabe, eu ainda tenho o gato. Pudim.

Pudim era o resultado do trabalho de transfiguração deles e um companheiro fiel, que sempre aparecia quando eu estava sozinha, como se entendesse meus sentimentos.

— Pudim? — Mattheo perguntou, rindo, e por um instante seus olhos brilharam de leve.

— Você não tem direito de rir do nome. Você não me ajudou a criá-lo. — Retruquei, rindo também, mas com um quê de verdade.