Brianna Brooks
Eu tentava manter a atenção nas palavras de Snape, mas cada sílaba parecia se perder no ar pesado da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. Havia algo mais forte que sua voz me distraindo — a sensação sufocante de estar sendo observada.
Não precisei procurar muito para saber de quem se tratava.
Mattheo.
Ele estava ali, no canto da sala, como uma sombra que se recusava a se afastar. Ultimamente, sua presença tinha se tornado tão densa e fria que me lembrava a proximidade de um dementador. Eu me esforçava para ignorá-lo, mas era impossível não sentir o peso daquele olhar que queimava minha pele, mesmo sem tocar.
O calor do olhar dele me obrigou a erguer os olhos por um breve instante. Nossos olhares se encontraram, e por um segundo senti aquele mesmo arrepio familiar percorrer minha espinha. Mas, tão rápido quanto veio, desviei. Não podia me permitir ceder de novo.
Mattheo não desistia. Eu percebia o jeito como ele buscava qualquer brecha — uma troca de palavras no corredor, um bilhete deixado na mesa, até mesmo o silêncio pesado carregado de intenções. Mas eu estava cansada. Cansada de acreditar em alguém que só sabia me magoar.
Respirei fundo, apertando a pena entre os dedos enquanto fingia anotar algo.
Ele não entendia. Talvez nunca fosse entender.
E, ainda assim, eu sentia que, a cada olhar dele, havia uma súplica muda. Uma tentativa desesperada de me alcançar onde ele mesmo havia destruído.
— Brianna. — a voz dele soou baixa, mas firme.
Eu já estava de saída, determinada a não olhar para trás. Meu corpo até hesitou por um segundo, mas segui a razão que gritava para eu ir embora. Só que Mattheo não deixou. Sua mão agarrou meu braço com firmeza — não o bastante para machucar, mas suficiente para me prender no lugar.
— Que droga! Me solte! — retruquei, a voz carregada de raiva.
— Dá pra parar com isso? — ele disparou.
— Com o quê, exatamente? — perguntei, estreitando os olhos.
— De fugir de mim.
Soltei uma risada amarga.
— Eu não estou fugindo, Mattheo. Estou tentando seguir a minha vida. Mas você não deixa!
Senti a pressão dentro de mim prestes a explodir. Toda raiva, toda mágoa que sempre reprimiu o meu peito agora queimava para sair.
— O que você quer que eu faça, hein? — ele rebateu, a voz carregada de frustração. — Não dá pra mudar o que já passou, Brianna!
Nossos olhares se cruzaram, e por um instante vi apenas aquela névoa escura que sempre o envolvia. As palavras dele falavam em arrependimento, mas seus olhos gritavam orgulho.
— Implore. — minha voz saiu baixa, mas firme como aço.
— O quê? — ele perguntou, incrédulo.
— Implore. Implore para que eu te perdoe. — avancei um passo, encarando-o de frente. — Quero ver você demonstrar arrependimento.
Um silêncio pesado nos envolveu. Os lábios dele se contraíram em algo entre um sorriso irônico e um esgar de dor.
— Eu... não vou fazer isso. — respondeu por fim, cada palavra soando como veneno.
E naquele instante eu percebi: Mattheo podia até sentir remorso... mas nunca iria se curvar.
— Então só me deixe em paz. — um fio de tristeza escapou da minha voz.
Me virei. Eu queria sair dali, correr e me esconder. Mas, mais uma vez, as mãos dele me detiveram. Sua palma firme segurou meu rosto, os dedos pressionando levemente minhas bochechas, obrigando-me a encará-lo.
— Escute bem, Brianna. — ele disse próximo demais, os olhos flamejantes em fúria e desespero. — Eu me arrependo. Me arrependo de cada mísero detalhe, tá bom? Você está me deixando louco me afastando desse jeito. Era isso que você queria ouvir? Então sim, eu realmente me arrependo.
Seu toque era quase hipnótico, como sempre foi. Mas eu já havia me deixado enredar por aquelas palavras antes — e, no fim, era sempre eu quem terminava ferida.
— Palavras já não são mais suficientes, Riddle. — sussurrei com firmeza.
Me desvinculei das mãos dele e saí correndo dali, o coração em chamas. Atrás de mim, ouvi o baque surdo de seu punho contra a parede.
— Que merda, Brianna... — sua voz rouca ecoou no corredor vazio.
Corri pelos corredores até me ver sozinha, longe de todos. Meus passos ecoavam como se denunciassem a tempestade dentro de mim. Quando finalmente encontrei um canto vazio, deslizei as costas contra a parede e deixei o corpo escorregar até o chão.
Meu peito ardia. O coração batia descompassado, como se quisesse rasgar minhas costelas para escapar. Passei as mãos pelo rosto, tentando conter as lágrimas que insistiam em cair, mas era inútil.
Eu o amava. E esse era o meu maior castigo. Amar alguém que nunca soube, de verdade, me segurar sem destruir.
As palavras dele ainda ecoavam na minha cabeça, misturadas ao calor do toque dele em meu rosto. Era viciante, perigoso, quase impossível resistir. Mas eu sabia: se cedesse mais uma vez, o ciclo recomeçaria. E eu não podia me perder nele de novo.
— Palavras não bastam... — murmurei para mim mesma, apertando os punhos contra os joelhos. — Não dessa vez.
O silêncio do corredor parecia me abraçar, e pela primeira vez, em muito tempo, senti que havia feito o certo. A dor ainda me corroía, mas junto dela havia uma centelha de força. Eu não era mais a mesma garota que engolia tudo em silêncio.
E talvez... talvez fosse esse o começo da minha libertação.
Mattheo Riddle
Fiquei parado no corredor, os punhos ainda cerrados, ouvindo o eco dos passos dela desaparecerem. O silêncio ao redor parecia zombar de mim, pesado e sufocante.
Respirei fundo, tentando recuperar o controle que sempre tive. Mas por dentro, algo queimava — uma mistura de frustração, orgulho ferido e, por baixo de tudo, um remorso que eu não consigo admitir nem para mim mesmo.
— Droga... — murmurei, batendo o punho contra a parede. — Por que ela me deixa assim?
Fechei os olhos e imaginei o rosto dela, os olhos flamejantes, o jeito firme como se afastou. Cada gesto dela me corta mais fundo do que qualquer ataque físico que já tenha sofrido.
Orgulho. Sempre foi meu escudo. Sempre controlei tudo ao meu redor... mas Brianna... ela tem algo que me tira do eixo, algo que nunca sei como dominar.
Abro os olhos e encaro a parede fria, tentando me convencer de que ela está exagerando, de que estou certo. Mas no fundo sei que minhas desculpas vagas, minha arrogância, destruíram mais do que quero admitir.
E o pior de tudo: por mais que eu queira, não consigo alcançá-la agora. Ela se libertou de mim. E eu... eu sinto, pela primeira vez, o peso de não ter controle.
— Eu vou... — sussurro para mim mesmo, a voz baixa. — Eu vou consertar isso.
Mesmo dizendo isso, meu orgulho ainda me segura, tornando cada passo para ela mais difícil do que deveria ser.
Servidos? 😂
Amigas, vocês perceberam o quanto minha escrita mudou? estava relendo o começo da fic e me deu calafrio em algumas partes, mas tudo é evolução né?
Deixa eu conversar com vocês um pouco! Vi as mensagens nas fics de muita gente perguntado por que eu tinha sumido, se eu tinha morrido (credo gente) enfim...
E queria dizer que muita coisa aconteceu nesse meio tempo! MUITA! To quase terminado meu curso e o mais importante de tudo, virei mamãe! SIM!! ele já tem 1 ano e 1 mês.
Mas onde eu quero chegar é, o tempo passou, a vida adulta bateu na porta, mas gente eu amo muito isso aqui, é muito meu refugiu sabe! To com 23 anos amigas, mas acho que essas histórias sempre vão ser a parte da minha vida que me remete a minha eu de 5 anos atrás. E eu amo isso!
Agora mais uma confissão, meu nome não é Letícia e meu sobrenome não é Mendes 😂
Beijos, espero que gostem!
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I lie for two - Mattheo Riddle
FanfictionBrianna Brooks é uma corvina com a típica sabedoria e sagacidade de sua casa, mas totalmente fora da norma. Cheia de ideias brilhantes, sempre com os pensamentos girando incessantemente, buscando sempre a verdade. Mas em meio a tanta franqueza a alg...
