Mattheo Riddle
Ficar quieto nunca foi o meu ponto forte.
Mas, dessa vez, era o que eu tinha que fazer.
Depois daquela noite, depois do que ela disse — "se ajoelhe então" — alguma coisa travou dentro de mim.
Não de raiva.
Era outra coisa. Algo mais fundo, que eu não sei explicar direito.
Por um tempo, achei que ela só queria me humilhar. Me ver cair.
Mas quanto mais eu pensava, mais percebia que não era isso.
Ela só queria ver se eu era capaz de baixar a guarda. De engolir o orgulho que sempre me protegeu de tudo.
E, honestamente? Eu não consegui.
Não naquele momento.
Desde então, tentei fazer o que ela sempre quis: não piorar as coisas.
Parece simples, né?
Pra mim, é quase impossível.
Passei dias me segurando pra não procurar por ela.
Os corredores ficaram longos demais, as aulas lentas demais.
E toda vez que eu via Brianna fingindo que eu não existia... doía mais do que qualquer feitiço já lançado em mim.
Mas eu aguentei.
Engoli o impulso de ir até ela.
Troquei brigas por silêncio.
Afastei gente que eu costumava provocar.
Até parei de responder os comentários idiotas do Draco — e isso, pra mim, é tipo um milagre.
Não sei se ela percebeu.
Talvez sim. Talvez não.
Mas eu vi o jeito como ela olhou pra mim quando ajudei aquele aluno no corredor.
Foi rápido, quase imperceptível... mas tava lá.
Não tô fazendo isso pra ganhar ponto nenhum.
Nem sei direito por quê tô fazendo.
Talvez pra mostrar que eu posso mudar, mas sem precisar me ajoelhar pra ninguém.
Não é orgulho.
É só... o único jeito que eu sei ser.
Na real, parte de mim ainda quer ir atrás dela, dizer tudo que ficou entalado, forçar ela a me ouvir.
Mas eu sei que se fizer isso, volto a ser o cara que ela odeia.
Então eu fico quieto.
Deixo ela respirar.
Deixo ela me ver — não pelas palavras, mas pelo que eu não tô fazendo.
E, às vezes, isso me mata.
Porque ela era o único caos que fazia sentido no meio do meu.
Mas se ela precisa de distância pra me acreditar... então, dessa vez, eu fico.
Mesmo que isso doa pra caralho.
Brianna Brooks
A chuva fina caía desde o fim da tarde, deixando o pátio envolto por uma névoa fria e úmida.
Eu conversava com um colega da comunal, nada demais — só trocávamos comentários sobre a última aula de Poções e algumas risadas cansadas. Foi bom rir, por um instante esquecer o peso dos últimos dias.
Mas então eu o senti.
Não precisei olhar para saber.
Aquele arrepio na nuca, o mesmo que sempre vinha quando Mattheo Riddle estava por perto.
Levantei os olhos devagar, e lá estava ele — parado sob a arcada de pedra, os braços cruzados, o olhar fixo em nós.
Não havia raiva explícita, nem ironia.
Era pior que isso.
Havia silêncio.
Aquele tipo de silêncio que pesa mais do que qualquer palavra.
Quando nosso olhar se cruzou, o meu riso morreu.
Meu colega percebeu e, sem entender, se despediu rápido, deixando-me sozinha no pátio.
Mattheo esperou até ele desaparecer no corredor antes de vir em minha direção.
Os passos dele eram lentos, calculados — como se estivesse tentando não parecer o que realmente era: ciúme.
— Não sabia que você e ele eram tão próximos. — a voz dele saiu calma demais, o tom controlado, mas os olhos... os olhos diziam outra coisa.
Cruzei os braços.
— Ele só me perguntou sobre a prova.
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I lie for two - Mattheo Riddle
Hayran KurguBrianna Brooks é uma corvina com a típica sabedoria e sagacidade de sua casa, mas totalmente fora da norma. Cheia de ideias brilhantes, sempre com os pensamentos girando incessantemente, buscando sempre a verdade. Mas em meio a tanta franqueza a alg...
