"Whisky de fogo"

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Mattheo Riddle

Não tentei procurar Brianna no trem, não olhei em nenhum vagão, assim como não falei com ninguém enquanto procurava uma cabine vazia.

Daphne até tentou jogar uma de suas piadinhas depois que Brianna saiu batendo os pés pelo corredor, mas a última coisa que eu queria era ouvir a sua voz. Brianna nunca deveria ter ouvido aquela conversa, nunca deveria ter descoberto sobre a maldita aposta.

Não menti quando ela me perguntou se em algum momento eu quis algo com ela, eu realmente não queria. Não no início. Eu estava ali pela aposta, achei que seria fácil e assim calaria a boca de Daphne, Adrian e Theo.

Mas quando admiti aquilo sem nem ao menos conseguir olhar em seus olhos, senti como se o "não" fosse ficar entalado em minha garganta. Por que na verdade, talvez em algum momento eu quisesse Brianna. Mas ela não precisava saber disso.

No começo não me importei em tirar a virgindade dela e seguir com a aposta, mas em certo momento aquilo começou a me incomodar e eu passei à prolongar os encontros, nunca indo até o final, por que sabia exatamente o que aquilo significaria. Mantive meu controle e me contentei em apenas toca-lá, beijar sua boca, ouvir seus gemidos manhosos e me convencer de que estava ali apenas pela aposta. Mas talvez eu estivesse ali apenas por ela.

Mas quer saber? Já não importa mais, Brianna não olharia na minha cara de novo e eu não preciso mais lidar com a maldita pressão de levá-la para cama.

(...)

A casa de Brianna ainda cheirava a café fresco, pergaminho e margaridas colhidas do seu próprio quintal. O que era quase improvável considerando que a casa havia ficado fechada desde a última visita da corvina.

Brianna deixou a mochila no sofá e se agilizou para tirar um Pudim bravo e resmungão da caixa. O gatinho se espreguiçou lentamente antes de se enroscar nas pernas de sua dona e logo em seguida saiu para conhecer o restante
da casa.

O estômago da corvina roncou e ela logo correu para a cozinha, estranhando ao notar todos os armários cheios. Um bilhete estava bem na sua frente, sobre o balcão principal. Brianna levou as mãos até o papel e com delicadeza abriu para encontrar as palavras escritas ali;

"Srta.Brooks, creio que será necessário você abastecer os armários com frequência agora que decidiu morar por conta própria. Mas tendo em vista que você estava ocupada com as provas, eu e professora McGonagall providenciamos isso para você. Tenha uma boas férias."

Alvos Dumbledore.

Sorrindo, Brianna fez uma nota mental para agradecer o diretor assim que voltasse de suas férias. Novamente a barriga dela roncou e ela olhou animada para os armários, mas só então se lembro que de fato não sabia cozinhar.

— Ótimo. — Murmurou se encostando na bancada.

Um tempo depois, a cozinha parecia ter passado por uma batalha sangrenta. Brianna mexia desastrosamente a panela com uma mão, enquanto a outra segurava um dos livros de receita de seu pai. O molho de tomate se espalhava por todo lugar, a água que cozinhava o macarrão ameaçava subir e os olhos de Brianna ardiam depois de ter cortado a cebola.

Alguns minutos depois, e se convencendo que a comida estava pronta, Brianna se sentou a mesa e Pudim apareceu ao seu lado, fazendo uma cara estranha para o prato da morena.

— Eu fiz o melhor que pude... — Brianna disse recendo um miado agudo em troca.

Surpreendente, não havia ficado tão ruim, mas Brianna que sabia que provavelmente passaria uma semana comendo macarrão até que aprendesse algo novo.

I lie for two - Mattheo Riddle Onde histórias criam vida. Descubra agora