Capítulo 14 - O sonho.

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Espere... o vento... eu te falei.

Não lembro de ter dormido, mas sei que estou sonhando, não lembro nem como sai do banheiro, mas sei que estou sonhando, porque isso aqui não é real, não pode ser real, esse lugar não se parece nada com a minha casa, nem com nada desse século, ou do século passado, ou do século anterior, ou do século anterior...

– Olá. – Ouço uma voz, tão bonita, tão delicada, tão serena, parecia ser cantada e não dita, viro-me para ver quem é, eu a conheço, eu já a vi antes, eles cabelos brilhantes e castanhos, já a vi em outro sonho – Sou Violette.

– Sou Alie. – Digo, estendo a mão na forma de cumprimento.

– Eu sei. – Ela diz sorrindo, nunca vi sorriso igual a esse, tão verdadeiro. Ela fica séria de repente – Alie, você quer ouvir uma história?

Faço que sim com a cabeça, não sei o motivo, mas confiava nela.

Ela me levou até um espelho. O lugar é lindo, todo florido e verde, nunca vi lugar como esse e não entendo o motivo de ter um espelho nesse lugar.

– O que vê? – Ela pergunta.

– Um espelho. – Retruco. – Mas não vejo reflexo.

– Olhe de novo.

Olho novamente, só eu apareço no espelho.

– Só vejo a mim, por que você não tem reflexo?

– Olhe de novo.

Agora só vejo ela, eu não tenho reflexo.

– O que está havendo? Por que só aparece uma pessoa por vez?

– Por que só há uma pessoa aqui. – Ela diz, sorrindo serenamente. – Vem! – Ela segura a minha mão e me leva para dentro do espelho.

Olho em volta, parece que fomos parar em outra dimensão ou outra vida.

– Por que parece que estamos em 100 a.c.? – Questiono.

– Tente 600 a.c.!

– Estamos no tempo dos Celtas?! – Exclamo.

– Não há Celtas por aqui – afirma.

– Há Celtas por toda parte, principalmente se houver romanos por aqui.

Ela sorri. Um sorriso tão lindo, tão delicado, parece até uma melodia tão linda que até o vento e os pássaros a acompanham,

– Gostaria de conversar enquanto caminhamos? Ainda está um tanto longe. – Pergunta.

– Podemos conversar sobre quem é você, que lugar é esse e o que estou fazendo aqui!

– Você é bastante curiosa, sabia? Igual a mim, mas tem uma coisa que aprendi, "tudo tem seu tempo".

– E você pretende me contar?

– Quando chegar a hora, sim. – Ela diz, sorrindo. Ergo uma sobrancelha, o sorriso dela é tão irritante quanto o sorriso de Alexandre. – Então, me conta, como começou a desenhar?

Como ela sabe sobre isso?

– Não sei, só comecei. Desenhava para suavizar a dor.

– Entendo. Eu escrevia para suavizar a dor. – Ela diz, pensativa.

– Escrevia? No passado? Por quê parou?

– Alie Catarina Jie Zero, você é bastante curiosa.

Como ela sabe meu nome completo? Nem meus pais sabem meu nome completo. Quem é ela?

Já estávamos andando há algum tempo, em silêncio, a conversa acabou depois daquilo, ela ficou pensativa demais. Até que ela parou. Estávamos em uma espécie de abismo e eu me pergunto se ela pretendia se jogar dele, ela abre os braços enquanto uma jorrada de vento aparece.

Uma vez em uma lua azulWhere stories live. Discover now