Eu disse coisas terríveis para aquela pessoa.
– Acorda, irmãozinho – diz Otavio, me jogando da cama. – Você perdeu o horário.
Dou um pulo do chão.
– Como assim? – Digo, entrando em pânico – Alie já acordou?
– Não sei, não a vi. Acho que ela não vai para a escola hoje... de novo. – Ele me olha com um pouco de raiva – Você adora irritá-la, não é mesmo.
– É o meu hobbie matinal.
– Você deveria parar com isso.
– Acho que não.
Ele apenas revira os olhos e sai do meu quarto. Temo que um dia ele vá me odiar.
Minha mãe aparece dois segundos depois de Otavio sair.
– O que houve? – Ela pergunta.
– Nada, só Otavio sendo o Otavio. – Digo, sorrindo para ela.
Ela me abraça.
– Senti tantas saudades.
– Mãe, você fala isso desde que chegou aqui. Posso tomar um meu banho? Se não vou me atrasar para a escola.
Ela faz questão de apertar minha bochecha e sair.
Tomo um banho e me arrumo para a escola. De novo empaco na gravata, saio do quarto com ela na mão. Passo pela frente do quarto de Alie, fico tentado a bater, já faz quatro dias que ela não sai do quarto, talvez ela saia, mas eu não a vejo. Eu ia bater na porta do quarto dela, eu ia, mas me contive, algo no vão da porta me surpreendo, tinha algo jorrando para fora, algo vermelho e liquido, que na verdade não estava mais líquido, parecia está sujo ali há dias. Sangue. Ela está ou estava machucada.
O que eu faço?
Começo a bater na porta feito um desesperado.
– Alie, eu sei que está me ouvindo! – Digo, ainda batendo na porta – Eu vi o sangue, sei que está machucada, a quanto tempo está sangrando? – Não ouço nada – Alie, abre a porta. – Nenhum sinal de vida. Imagino que ela não queira falar, comigo. O que eu faço?
Desço. Minha mãe está conversando com a mãe de Alie. Otavio apenas me olha como se eu já estivesse muito atrasado. Tento passar direito por eles, mas a mãe de Alie me chama.
– Breno, querido, Alie já saiu do quarto?
– Não. – Retruco. – E não parece que pretende sair.
Percebo a falsa preocupação no rosto dela. Percebo o quase sorriso que está se formando em seus lábios.
– Não acredito que isso está acontecendo de novo. – Ela fala, fingindo dor.
– Como assim, de novo? – Minha mãe questiona.
– Já aconteceu uma vez – ela finge preocupação tão bem que estou quase acreditando –, tivemos que arrombar a porta do quarto dela, ela estava tão mal que tivemos que interná-la.
– Mas por que ela faz esse tipo de coisa? – Pergunta, Otavio.
Alguém bate na porta, em dois segundos um empregado aparece e abre a porta.
– Eu não sei. Os médicos dizem que ela tem "tendências depressivas", algo que poderia ter causado muita dor na infância.
Alguém entra na casa como tão rápido quanto um furacão.
– Ela está... – Otavio tenta falar.
– Sim – a mãe de Alie interrompe.
– O quê? – Questiono.
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Uma vez em uma lua azul
RomanceAlie Zero é uma garota comum de uma escola comum em uma vida comum, rejeitada por todos até mesmo seus pais, ela vive se escondendo do mundo e dela mesma, ela nunca contou para ninguém seu maior segredo, segredo que ela tenta esconder até dela mesma...