Capítulo 15 - Breno Nero Setgh.

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Eu disse coisas terríveis para aquela pessoa.

– Acorda, irmãozinho – diz Otavio, me jogando da cama. – Você perdeu o horário.

Dou um pulo do chão.

– Como assim? – Digo, entrando em pânico – Alie já acordou?

– Não sei, não a vi. Acho que ela não vai para a escola hoje... de novo. – Ele me olha com um pouco de raiva – Você adora irritá-la, não é mesmo.

– É o meu hobbie matinal.

– Você deveria parar com isso.

– Acho que não.

Ele apenas revira os olhos e sai do meu quarto. Temo que um dia ele vá me odiar.

Minha mãe aparece dois segundos depois de Otavio sair.

– O que houve? – Ela pergunta.

– Nada, só Otavio sendo o Otavio. – Digo, sorrindo para ela.

Ela me abraça.

– Senti tantas saudades.

– Mãe, você fala isso desde que chegou aqui. Posso tomar um meu banho? Se não vou me atrasar para a escola.

Ela faz questão de apertar minha bochecha e sair.

Tomo um banho e me arrumo para a escola. De novo empaco na gravata, saio do quarto com ela na mão. Passo pela frente do quarto de Alie, fico tentado a bater, já faz quatro dias que ela não sai do quarto, talvez ela saia, mas eu não a vejo. Eu ia bater na porta do quarto dela, eu ia, mas me contive, algo no vão da porta me surpreendo, tinha algo jorrando para fora, algo vermelho e liquido, que na verdade não estava mais líquido, parecia está sujo ali há dias. Sangue. Ela está ou estava machucada.

O que eu faço?

Começo a bater na porta feito um desesperado.

– Alie, eu sei que está me ouvindo! – Digo, ainda batendo na porta – Eu vi o sangue, sei que está machucada, a quanto tempo está sangrando? – Não ouço nada – Alie, abre a porta. – Nenhum sinal de vida. Imagino que ela não queira falar, comigo. O que eu faço?

Desço. Minha mãe está conversando com a mãe de Alie. Otavio apenas me olha como se eu já estivesse muito atrasado. Tento passar direito por eles, mas a mãe de Alie me chama.

– Breno, querido, Alie já saiu do quarto?

– Não. – Retruco. – E não parece que pretende sair.

Percebo a falsa preocupação no rosto dela. Percebo o quase sorriso que está se formando em seus lábios.

– Não acredito que isso está acontecendo de novo. – Ela fala, fingindo dor.

– Como assim, de novo? – Minha mãe questiona.

– Já aconteceu uma vez – ela finge preocupação tão bem que estou quase acreditando –, tivemos que arrombar a porta do quarto dela, ela estava tão mal que tivemos que interná-la.

– Mas por que ela faz esse tipo de coisa? – Pergunta, Otavio.

Alguém bate na porta, em dois segundos um empregado aparece e abre a porta.

– Eu não sei. Os médicos dizem que ela tem "tendências depressivas", algo que poderia ter causado muita dor na infância.

Alguém entra na casa como tão rápido quanto um furacão.

– Ela está... – Otavio tenta falar.

– Sim – a mãe de Alie interrompe.

– O quê? – Questiono.

Uma vez em uma lua azulWhere stories live. Discover now