Capítulo 20 - Espero aguentar até amanhã de manhã

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Diga alguma coisa, porque estou desistindo de você.

Já faz uma semana desde que descobri sobre minha mãe. Já faz uma semana desde a minha última palavra. As pessoas falam comigo, mas eu não respondo, a cada minuto Dylan tenta uma chamada de vídeo, mas eu não respondo. Meu pai, meu avô, Dylan, Breno, Amanda, Anne, até mesmo Erika já tentaram falar comigo, mas eu não respondo, me sinto incapacitada de falar.

Breno contou para Alexandre que contou para Amanda sobre a minha mãe, ela já tentou falar tantas vezes comigo, mas eu saio de perto toda vez que ela me olha, espero que ela não me odeie, mas eu preciso odiá-los.

Finalmente tocou o sinal, término da aula de Stefan. Todos saíram para o intervalo. Fiquei arrumando minhas coisas.

- Alie, podemos conversar? - Diz Stefan, continuo arrumando as minhas coisas - Você não precisa falar, mas deve me ouvir. - Ele fica ao meu lado, de modo que eu não consiga me levantar da cadeira. Apenas suspiro. - Sei que por muito tempo você tem me odiado, não fui uma boa pessoa, mas você não é de todo amor. - Ele sorri - Mas sei que você me odeia porque pensa que estou do lado de Luiza. - É a primeira vez que ouço ele chamar minha... Luiza pelo nome. - Mas foi a única forma que encontrei de proteger você dela, já que seu pai não o fazia e seu avô resolveu ter uma vida alucinante nessa idade. - Abri a boca para falar, mas permaneci calada - Alie, eu não sou quem você pensa que eu sou, ser seu primo foi a única forma que encontrei de me manter a seu lado..., mas eu não suportava ter de te ver, culpei você pela morte dela. Você não teve culpa, ela sabia que não aguentaria, mas mesmo assim quis te dá o prazer da vida, descobri isso recentemente. Alie, eu sou o irmão mais novo da sua mãe, sou seu tio.

Apenas ergui as sobrancelhas. Mas mentiras.

- É por isso que seu avô gosta tanto de mim. - Ele continua - A minha família e a sua sempre se deram muito bem, mas quando ela morreu seu pai afastou você de nós e fingiu que aquela mulher era sua mãe. Minha mãe gostaria de conhecer você. - Fico de boca aberta, ele pega um pequeno envelope do bolso e me entrega - Isso é um presente da minha mãe, abre quando tiver coragem. São duas fotos dela. São duas fotos da sua mãe.

Abro o envelope. Haviam realmente duas fotos lá dentro. Duas fotos de uma mulher, com os olhos bem parecido com os meus, as fotos eram de duas épocas diferentes, em uma delas a mulher estava com um uniforme escolar, ela estava de costas observando a janela, na foto dava para ver quem ela estava observando, meu pai mais novo. Na segunda foto é ela e meu pai, provavelmente em sua lua de mel, porque eles estão exibindo alianças de casamento, ele parecia tão feliz, nunca vi sorriso tão grande em seu rosto.

- Ela sabia que não conseguiria vê-la crescer. Ela deixou algo a você. - Diz Stefan. Engulo em seco.

- Qual o nome dela? - Minhas primeiras palavras em uma semana.

- Aikaterhíne. - Ele responde.

- Sério? Ela tinha um nome complicado.

- Pode ser dito também como Catarina.

Fico de boca aberta. Eu tenho nome dela, da minha mãe. Olho a foto de novo. Ela é tão linda. Cabelos pretos, um tanto lisos, estatura mediana, um corte de cabelo da época, pele bastante bronzeada e os olhos... meus olhos. Ela tinha um olho mais claro que o outro, não tão claro quanto o meu, mas claro o suficiente para perceber a diferente e, nas fotos, tem uma impressão de que ela não se importa com isso.

Olho para Stefan.

- Quero conhecê-la, a sua mãe, por favor... tio. - Digo, mordendo os lábios.

Ele estende as mãos para que eu as seguro. Ele me puxa e me abraça.

- Sinto muito ter estado tão perto e tão longe.

Uma vez em uma lua azulWhere stories live. Discover now