Capítulo 5

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M⃣I⃣C⃣A⃣E⃣L⃣L⃣A⃣

Estava quase cochilando no sofá quando Edgar finalmente aparece na sala. Ele estava muito bem vestido em uma camisa social azul marinho e um terno preto elegante. Mas nem mesmo sua roupa chique faziam sua áurea sombria sumir.

— Está pronta? — perguntou Edgar desligando a TV.

— Há séculos — respondo sem emoção. Faço menção de ir até a porta, mas Edgar entra na minha frente.

— Quero ver sua roupa, dá uma voltinha — diz ele e faz um gesto com o dedo indicador.

— Não vou dar voltinha nenhuma — digo cruzando os braços.

— É só dar uma maldita volta nos calcanhares! Ou até o significado disso não ensinam no seu maldito país?! — ele quase grita para falar. Ergo as sobrancelhas com sua ofensa.

— No meu país ensinam as mulheres a não deixarem homem nenhum dizer o que devemos ou não fazer! — digo de queixo erguido. Edgar abre um sorriso frio. Ele então se aproxima devagar, desliza a mão pelo meu braço e o segura um pouco abaixo do ombro.

— Vou lhe dar uma informação, sobrinha. Você vai ver que aqui não é o seu país e que homens como eu, mandam desde as putas até às estrangeiras — diz ele com um olhar tão gélido quanto seu tom. Desvencilho meu braço, mesmo o aperto não me machucando.

— Eu já percebi que não é o meu país, aqui há bem mais patriotas babacas e o ar tem cheiro de gordura industrializada — digo com irritação e ironia.

Edgar fecha os olhos por um instante e os esfrega. Com certeza ele estava fazendo um grande esforço para não me estrangular. Quando ele volta abrir, me olha dos pés a cabeça.

— Achei que tivesse mandado você vestir algo que mostrasse as pernas — diz ele com uma ruga entre as sobrancelhas.

— Não sei se você sabe, mas Nova York não é conhecida por ser uma cidade tropical — digo com deboche e cruzo os braços. — Não trouxe muitas roupas, preferi trazer as mais quentes que eu tinha.

Mentira. Eu tinha trago sim alguns shorts e até um vestido, mas não ia deixar ele mandar em mim. Edgar soltou um suspiro exasperado.

— Amanhã mesmo vou mandar alguém comprar roupas para você. Não está mais no seu país para andar como uma pedinte... — seu asco pelo Brasil era mais que evidente, me perguntei o porquê de tanto ódio. — Agora vamos, não quero chegar atrasado.

Ele virou as costas e me deixou sozinha. Revirei os olhos e o segui. Parecia até um cãozinho.

— Aonde vamos? Ou é um algum tipo de segredo ? — pergunto dentro do carro.

— Primeiro vamos ao meu trabalho e depois a um restaurante — responde ele desinteressado.

— Então vamos ter um jantar em família? — digo com ironia e estalo a língua. Ele ri sem humor.

— Trata-se de um jantar de negócios, não desperdiçaria meu tempo jantando com você — diz ele com acidez, mas não dei importância.

— E com o que você trabalha? — pergunto, ignorando sua resposta anterior.

— Sou socio de alguns negócios — responde ele vagamente.

Fiquei levemente curiosa.

— Que tipo de negócios? Devem ser bastante lucrativos — digo o olhando. — São ilegais?

— Basta! Eu preciso me concentrar — diz Edgar ríspido. — Você faz muitas perguntas.

— Desculpe, só queria saber com o que meu tio trabalha — digo com um sutil desgosto. E de repente Edgar para o carro bruscamente no acostamento da estrada. Se não fosse pelo cinto de segurança teria atravessado a frente do carro.

Atração FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora