Capítulo 2

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B⃣R⃣Y⃣A⃣N⃣

O suor escorria pelo meu corpo conforme eu distribuía vários socos seguidos no saco de boxe. Meus músculos saltavam conforme eu executava os movimentos repetitivos, minha respiração era forte, porém controlada. Cada soco era perfeito e exato. Mesmo com a parte da frente do meu cabelo quase tocando meus olhos, minha concentração estava toda no tecido vermelho de couro. Gostava de ser focado em qualquer coisa que eu fizesse. Foram rara às vezes que conseguiram tirar o meu foco. Essa era uma qualidade pela qual eu zelava. Mas se tinha uma coisa que com certeza atrapalhava e tirava o foco de qualquer um era a maldita invenção chamada celular. O meu tocou me forçando a interromper meu treino. Procurei-o com o olhar e o achei em cima da minha cama.

— Fala, Rick — digo um pouco ofegante.

— Atrapalhei seu treino ou sua transa? —perguntou Rick quase me fazendo revirar os olhos.

— Acha mesmo que se eu estivesse comendo alguém teria atendido? — pergunto e o ouço soltar uma risada.

— Gosto da sua audácia, Cooper, mas confesso que gostaria que você encontrasse alguém com a língua tão afiada quanto a sua — disse ele e balancei a cabeça negativamente mesmo ele não vendo.

Não conheci ninguém até hoje que soubesse me retrucar devidamente.

— Pode ser breve? — pergunto já cansado daquela conversa ter se estendido.

Objetividade era outra qualidade que eu prezava.

— Tem um trabalho para você hoje, te dou as informações quando você chegar — disse Rick em tom sério dessa vez. Ele nunca passava informações sobre trabalho por celular, a não ser que fossem muito simples e só do entendimento do receptor. Eu gostava dessa cautela, hoje em dia qualquer imbecil bem estudado clonava um celular.

— Certo. Chego em uma hora — digo e encerro a chamada.

Às vezes meu trabalho é um saco. Não tenho um horário fixo e muito menos dias de folga. Se me ligarem e precisarem de mim, eu tenho que estar lá. Não importa se eu estou em um enterro ou simplesmente fodendo alguém, tenho que parar o que estou fazendo e ir correndo. Mas não é de todo ruim não ter uma escala de horários, eu odiaria ainda mais ter que passar o dia inteiro trancado em algum lugar em troca de alguns dólares. Isso não é vida, pelo menos não para mim.

Com o meu trabalho consigo me manter num padrão de vida bem confortável. É graças a ele que tenho um carro de luxo, um belo apartamento, roupas e sapatos de boa qualidade, relógios de marca e ainda sacio todas as minhas vontades. Meu trabalho já me proporcionou muita coisa, incluindo conhecer países e pessoas poderosas. Apesar de conhecer muita gente, e muitas delas me deverem favores, sei que só posso confiar em apenas três pessoas: Christian, Mike e Thomas. Os conheço há muito tempo. Os conheci no meu primeiro trabalho para Rick, e surpreendente somos amigos desde então. O que é muito difícil para mim; confiar e criar laços com pessoas.

Sempre fui só e essa "solidão" foi o que me fez ser independente dos outros, financeiramente e emocionalmente. Moro sozinho em Nova York desde os meus dezesseis anos. Não vejo minha família desde que saí de casa. Não tenho nenhum tipo de contato com minha mãe, com meu pai e muito menos com o desprezível do meu irmão. Nem sei se eles estão vivos. A vida me obrigou a ser independente de todos e depender apenas de mim. Aprendi com o passar do tempo que a confiança é mais rara que uma pedra de Alexandrita, e não são todos que merecem uma.

Nem mesmo nas relações, que deveriam ser afetivas, eu obtive sucesso. Nunca me envolvi seriamente com uma mulher. Já tentei namorar umas cinco ou seis vezes, mas nunca gostei delas, nem sabia os seus nomes. Sempre as chamavas por outros nomes, o que era bem embaraçoso. Minha tentativa de relacionamento mais longa durou duas semanas, depois do nosso quarto encontro eu já não queria mais vê-la, então o quinto encontro foi só para oficializar o término. Todas as mulheres com quem me envolvo são apenas para uma noite, não houve uma que me despertou interesse o bastante para querê-la por uma vida. Confesso que às vezes sinto uma branda vontade de conhecer uma mulher diferente, uma que traga bem mais do que apenas uma noite de prazer. Mas nenhuma cruzou meu caminho... ainda.

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Atração FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora