Capítulo 30

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M⃣I⃣C⃣A⃣E⃣L⃣L⃣A⃣

Quando acordei na manhã seguinte, Bryan já havia assinado os papéis da minha alta e pagado pelas despesas médicas.

— Você pode usar o cartão de crédito de Edgar com o que você quiser — digo tentando convencer Bryan a recompensar os gastos que ele teve comigo.

— Não precisa, é sério, não vai me fazer falta — disse ele despreocupado. Estreitei os olhos em sua direção.

— Você realmente não vende drogas ou órgãos no mercado negro? — pergunto o fazendo soltar uma leve risada.

— Com certeza, não.

Dei minha última mordida na torrada e deixei a bandeja de lado. Bryan me ajudou a descer da cama alta e fiquei constrangida por estar de pé usando apenas um avental hospitalar.

— Pode pedir para uma enfermeira vir me ajudar a colocar minhas roupas? — peço tirando minhas roupas de uma sacola de papel pardo.

— E eu não posso te ajudar com isso? — pergunta erguendo uma sobrancelha e levanto a minha também. — Tudo bem, era brincadeira.

Uma enfermeira me ajudou a me vestir, mas não acredito no que vou dizer, mas eu preferia que Bryan tivesse me ajudado. A enfermeira foi tão bruta que quase me acertou uma cotovelada na costela fraturada. Sem falar na cara feia que ela estava fazendo como se quisesse estar em outro lugar ao invés dali, mas nesse ponto eu não podia julgá-la, também queria estar no Havaí aproveitando o sol ou na Antártida vendo auroras boreais.

— Podemos ir? — perguntou Bryan entrando no quarto assim que a enfermeira ranzinza saiu.

A pergunta de Bryan me fez pensar. Para onde eu iria agora? Com certeza eu não voltaria para o apartamento de Edgar.

— Bryan... — o chamei e ele me olhou com gentileza. — Eu não quero voltar para o Edgar...

— Eu não deixaria você voltar para lá nem se quisesse — ouvir aquilo com tanta convicção me fez sentir protegida, e aliviada.

Fiquei envergonhada de perguntar se ele deixaria eu ficar em sua casa, então apenas o deixei me guiar até o seu carro. Passamos na farmácia e Bryan comprou os remédios e a pomada que o doutor receitou. No seu apartamento fomos recebidos por um Ruffs alegre que balançava o rabinho freneticamente. Ele apoiou as patas na minha barriga para pedir carinho.

— Olá, querido — digo acariciando atrás das orelhas macias de Ruffs.

— Você quer tomar banho? — perguntou Bryan.

— Estou fedendo tanto assim? — brinquei e ele balançou a cabeça positivamente.

— É por isso que o Ruffs foi pra cima de você, ele gosta de coisas fedidas — provocou ele.

— Ah, agora entendi porque ele gosta tanto de morar com você — revido e ele ri.

— Tem toalhas no armário do banheiro e você pode pegar umas roupas minhas no closet.

— Obrigada — digo passando por ele e indo em direção ao seu quarto.

Ao entrar no banheiro e me encarar no espelho, sinto um baque ao ver a imagem refletida. Meu rosto está inchado, meu lábio superior está cortado e volumoso como um botox mal feito e há novos hematomas do lado direito do rosto e no queixo. A verdade é que estou horrível!

— Micaella, você está com... — dizia Bryan pondo a cabeça para dentro banheiro. — Ei, o que houve?

Eu estava chorando silenciosamente.

Atração FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora