Capítulo 44

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M⃣I⃣C⃣A⃣E⃣L⃣L⃣A⃣

Apesar de ter ficado em coma por duas semanas, meu corpo inteiro está cansado. Cada músculo meu dói. Minhas energias estão esgotadas. Sinto que passei essas semanas lutando com ursos e carregando sacos de areias.

Fico mais duas noites no hospital, foi o tempo dos resultados dos meus exames saírem. Eu estava bem, aparentemente. Mas em algumas semanas teria que repetir tudo de novo e depois teria que fazer periodicamente como acompanhamento.

Na manhã da minha alta, Bryan não estava no quarto. Não sei ele havia ido até seu apartamento ou ido a outro lugar, mas quando ele chegou, trazia café e rosquinhas. Comi meu café da manhã em silêncio, achei melhor não perguntar aonde ele estava, queria que ele tivesse sua privacidade respeitada.

— Eu estive pensando... — disse ele quebrando o silêncio. — Talvez fosse melhor você voltar para o Brasil.

— O quê? Voltar para o Brasil? — perguntei engolindo o pedaço de rosquinha em seco. Senti minha garganta arranhar.

— Só por um tempo, depois voltaria, se quisesse, claro — disse ele, mas eu ainda estava confusa com essa ideia repentina.

— Por que isso? Por que agora? — deixei o copo de café na mesa ao lado.

— Porque Edgar sempre vai ser um estorvo para você.

— E você acha que ele desistiria de mim se eu voltasse para o Brasil? — ele não responde, a resposta era óbvia. — Edgar é possessivo e ele acha que eu pertenço a ele — me enojo.

— Eu imaginei que você não fosse concordar, por isso fiz outra coisa — disse e pude sentir a hesitação em sua voz. O olhei assustada.

— O que você fez? — perguntei temendo a resposta.

— Fui à boate...

— O QUÊ?! VOCÊ VOLTOU LÁ?!! — minha voz saiu alta demais.

— Não aconteceu nada, digamos que fui entregar minha carta de demissão — disse ele e respirei aliviada. Aquilo era uma notícia boa, era ótima na verdade! — Mas saindo de lá encontrei Pierre, o dono da M.I.N.Y.

— M.I.N.Y? — perguntei confusa.

— Máfia internacional de Nova York — disse ele com uma tranquilidade de quem conta que gelo é água em estado sólido. — Eu marquei um júri contra Edgar.

— Han? Um júri? — perguntei ainda mais confusa.

— É o que fazem na máfia quando se tem acusações graves contra algum membro.

— E você acha que isso vai dar certo? — perguntei nada confiante.

— Edgar tentou abusar sexualmente de você e te bateu, esse tipo de coisa não é aceito na M.I.N.Y — ele parecia muito mais confiante que eu.

— Devo mesmo confiar em uma máfia para fazer justiça por mim? — pergunto achando aquilo um pouco ridículo.

— Eu sei que não é o ideal, mas confiar que a polícia irá prender um mafioso cheio de dinheiro e influência como Edgar é quase utopia — disse Bryan soltando uma risada sem humor. — Há membros da máfia espalhados por todo lado. Dentro da polícia não é diferente.

Nunca pensei que minha paz estaria dependendo de uma organização criminosa. O que isso me tornava? Uma vítima desesperada com medo ou uma cúmplice?

***

Fomos para o apartamento de Bryan depois do café da manhã. Quando chegamos, Mike e Christian esperavam por nós segurando bolo e balões. Ruffs me recebeu abanando o rabinho.

Atração FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora