Capítulo 40

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B⃣R⃣Y⃣A⃣N⃣

Estou dirigindo a toda velocidade. As árvores altas começam a surgir em torno do caminho. Estou perto. A cada quilômetro ultrapassado uma lembrança vem em mente, a ansiedade aumenta assim como a raiva. Pensar que Micaella está nessa situação por culpa minha é ainda mais doloroso. Se eu não tivesse me envolvido com ela nada disso estaria acontecendo.

Entro na rua que leva até a casa em que Derick e eu passávamos o inverno quando crianças. Estaciono o carro de qualquer jeito e desço com pressa. Esperava encontrar Derick sentado em uma poltrona cravejada com rubis e diamantes e seu típico sorriso cínico, mas não foi nada disso que encontrei quando passei pela porta. A sala estava quase vazia se não fosse pelos poucos móveis de madeira escura. Nada aqui mudou, tudo continua do mesmo jeito que recordo, inclusive a mancha preta perto da lâmpada.

Uma luz fraca ascende no topo da escada. Derick me olha com um sorriso quase que vitorioso.

— Não pensei que viria tão rápido, Bryan — diz descendo a escada.

— Aonde ela está? — pergunto com os punhos cerrados ao lado do corpo.

— Tive que coloca-lá para dormir, sua garota é um poço de grosseria — diz ele e meu sangue ferve. Não me controlo e ando em direção a ele.

Antes mesmo que eu pudesse pensar em lhe acertar um soco, Derick aponta uma arma para mim.

— Achou mesmo que eu estaria despreparado quando eu sei o quanto você é impulsivo? — perguntou com certa altivez na voz.

— Já esperava isso de você, nunca foi homem de verdade — digo sem escrúpulos.

— Acho melhor você ficar quietinho ou eu te mato aqui mesmo e depois acabo com sua namoradinha — ameaça Derick e me calo. — Ótimo, agora vamos.

Ele colocou o cano da arma em minhas costas e foi direcionando o caminho, abri a porta que dá passagem para o porão e desci na frente. Estava tudo escuro até Derick acender a luz. Micaella estava jogada no chão inconsciente com seus braços amarrados para trás. Sem hesitação fui em direção à ela e me abaixei. Verifiquei a pulsação dela e senti alívio ao constatar que estava normal. Me levantei e virei para encarar Derick que assistia a cena entretido.

— Eu preciso tirar ela daqui — digo e ele ri irônico.

— Ah, claro, eu deixo você levar ela e os dois somem, magnífico! — diz ele irritado.

— Então o que você sugeri?

— Você fica aqui comigo, eu a solto e ela vai embora.

— E como você acha que ela vai embora? Aqui não passa nem ônibus! — meu tom se eleva.

— Eu já providenciei isso. Um táxi chegará em dez minutos, é o tempo que ela vai acordar, acredito eu.

— Como se eu acreditasse em você.

— Não estou nem aí, pegue-a e tire daqui.

Não devo acreditar em nada do que Derick diz, mas por enquanto não posso fazer nada. Desamarro os braços dela que ficam marcados por causa da corda, a pego no colo e sem esperar qualquer tipo de permissão ou instrução a levo para o andar superior. A coloquei com cuidado no sofá antigo e empoeirado e fiquei a olhando enquanto Derick andava de um lado para o outro. Acariciei o rosto de Micaella passando o dedo em cada linha de sua face, mas parei de acaricia-lá quando notei o olhar de Derick.

— Você realmente gosta dela — diz ele.

Não o respondo. Volto meu olhar para Micaella e me surpreendo ao ver que ela está acordando. Quando ela recobra totalmente os sentidos, seus olhos ficam vidrados em mim com uma mistura de surpresa e alívio, mas logo é substituído por medo.

Atração FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora