Capítulo 21

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M⃣I⃣C⃣A⃣E⃣L⃣L⃣A⃣

O sol estava se pondo quando cheguei ao apartamento de Edgar. Por sorte, ou milagre divino, ele ainda não havia voltado para casa. Aproveitei esse tempo sem ele para assistir TV na sala enquanto comia snacks. Não sei que horas eu fui dormir, mas sei que acordei cedo no dia seguinte, pois despertei com os primeiros raios solares do dia banhando meu rosto. Havia esquecido de fechar a cortina ontem à noite.

Pego meu celular e vejo que há três novas mensagens: uma de Bryan, uma do grupo com meus amigos e uma da operadora. Abri a do Bryan primeiro.

"Bom dia, borboleta.
Levanta essa bunda grande da cama e trate de pegar um pouco de vitamina D!"

Dei risada com a mensagem e respondi:

"Bom dia, Sr. Nova York!
Minha bunda estava muito confortável na cama, mas a droga da vitamina D atravessou a janela e me acordou!"

Leio as mensagens do grupo e quando eu ia responder, ouço duas batidas pesadas na porta. Respiro fundo e levanto para abri-lá. Edgar está parado do lado de fora usando apenas uma bermuda. Tento disfarçar minha cara de desprezo e me concentro apenas em seus olhos frios. Seu olhar está estranho. Ele me encara por alguns segundos sem dizer nada. Franzo o cenho achando aquilo muito esquisito.

— Você quer algo? — pergunto na tentativa vã de fazê-lo parar de me olhar daquele jeito.

Ele dá um passo à frente, entrando no quarto, ficando a centímetros de mim. A mesma sensação que eu havia sentido quando vi Edgar pela primeira vez volta à tona. Meu estômago embrulha e meu coração acelera de um jeito ruim. Ele estica a mão e passa os nódulos dos dedos no meu rosto. Eu fico parada, sem saber o que fazer.

— Você se parece tanto com ela... — murmura Edgar e posso jurar que vi uma lágrima querendo se formar em seus olhos.

Como um estalo, ele puxa a mão para perto de si e seu corpo volta a ficar rígido. Engulo o medo a seco.

— Você quer algo? — volto a repetir, mas dessa vez minha voz soa muito mais baixa.

— Hoje à noite você irá dançar na minha boate.

Pisquei os olhos algumas vezes seguidas. Eu ouvi direito?

— O quê? — pergunto o olhando confusa. Edgar solta um suspiro exasperado e forte.

— Eu não vou repetir, você me ouviu bem — disse ele seco. Forcei uma risada debochada.

— Você é louco? — pergunto em tom sério. — Eu não vou dançar em porcaria nenhuma de boate! — aumento o tom de voz, mas isso não o afeta, ele continua neutro, como se o que eu quisesse pouco importasse.

— Você não tem escolha, Micaella... Quer dizer, até tem, mas se você escolher não dançar é seus amiguinhos que irão arcar com sua decisão — diz Edgar frio e calculista. Paraliso. — Como é mesmo o nome daquele seu amigo?... Gabriel?

Forço uma risada.

— Você acha que estamos em um filme de máfia para você me ameaçar assim? — quando eu disse isso, um sorriso maquiavélico surgiu no rosto de Edgar.

— É por isso que eu gosto tanto de ficção... ela se parece muito com a vida real.

Meu coração acelerou tanto nesse momento que achei que fosse ter um ataque cardíaco.

Atração FatalOnde histórias criam vida. Descubra agora