Alone

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- Derek, por favor volta. - encostei a minha testa ao seu peito - Eu preciso de alguém.

- Eu vou estar sempre por perto. - ele afirmou.

3 meses depois

Ainda tinha esperança de que existia luz ao fundo do túnel e isso fazia-me acreditar de que tudo aquilo não passava de uma brincadeira, um pesadelo que estava prestes a acabar, mas com dias a passar e sucessivamente meses, não sabia o que fazer para me manter desperta e encarar a minha realidade. Os meus gémeos podiam estar vivos, mas nem sequer tinham uma mãe e muito menos um pai que se importasse realmente com eles.

Derek não voltou. Perrie não voltou. O Louis nunca mais me chamou ao nosso esconderijo e eu vivia no impasse de poder receber uma notícia a qualquer segundo, contudo isso parecia cada vez mais impossível e era impossível ordenar a minha mente e seguir em frente. Afinal, como era suposto seguir em frente? Devia agir como se nada fosse, quando na verdade os meus filhos estavam a crescer afastados de mim? Quando aparentemente Harry guardava tanto rancor de mim para me colocar num manicómio? Porque todo o teatro? Nada mais valia a pena e eu sentia-me a ceder às doses de medicação, a tudo.

- Selena? - ouvi a voz de Edward - O senhor Styles está na sala de visitas.

- Diz-lhe que morri. - murmurei - Não o quero ver.

- Ele é o teu marido.

- Ele não manda em mim. - soltei uma gargalhada irónica - E ele odeia-me.

- São boas notícias. - o rapaz murmurou.

- Vou-me embora? - perguntei.

- Sim. - respondeu indiferente.

- A sério?

- Não sei. - soltou uma gargalhada.

- Eu odeio-te. - levantei-me da cama - Não tanto como a ele.

Caminhei atrás do rapaz, tal como sempre e entrei na sala de visitas e fitei o seu olhar durante breves segundos, relembrando-me de alguns momentos que passei com ele. Raios, eu amava-o mais do que devia e isso levou-me aquele lugar, acabando totalmente comigo. O amor destrói. Limpei uma lágrima que teimava a deslizar pelo meu rosto e deixei que os seus grandes braços me envolvessem fazendo-me odiar-me ainda mais, eu não conseguia fingir mais. Estava farta e precisava de agir.

- Acabou Harry, tu ganhaste. - sussurrei fazendo com que o seu olhar ficasse atento sobre os meus lábios - Dizes-me agora onde estão os nossos filhos e porque raio não os queres encontrar? - mordi o lábio - Eu sei de tudo, eles estão vivos e tu proibiste as pessoas de me virem visitar. Também proibiste o Liam? - revirei os olhos - Porque? Odeias-me assim tanto? Que mal é que eu te fiz! Diz-me, porque eu não aguento mais! - gritei - Era isto que tu querias? Fizeste-me amar-te para acabares comigo e me colocares aqui?

- Tu não percebes nada! - o rapaz interrompeu-me - Achas que o faço para me vingar? Caralho Selena, eu amo-te mais do que tudo neste mundo e tudo o que quero e proteger-te. tu não fazes ideia do que se passa fora deste lugar!

- Queres proteger-me? Tira-me daqui, porque eu quero encontrar os meus filhos, eu quero ser uma mãe! Se tu não quiseres ser o pai deles, basta dizeres, mas deixa-me sair daqui! - implorei - Eu não suporto estar aqui.

- Queres ir para casa? - gritou aproximando-me - Queres? Se te magoares outra vez, não te queixes! Quando levares uma facada a sério, não chores, porque eu não vou ter culpa. Não fiz nada que não fosse proteger-te nestes 3 meses e se tu não acreditas paciência - o meu corpo embateu contra a parede - Queres morrer, queres-me castigar assim? Queres castigar-me com o teu ódio e ingratidão, então mata-me! Desculpa se não sou irresponsável como os teus amigos e se não te quero fora deste lugar! E desculpa se não sou o Derek para tu beijares!

As lágrimas escorriam pelo meu rosto continuamente e eu sentia-me a desesperar com cada uma das suas palavras. A minha cabeça estava prestes a explodir e eu não sabia mais o que havia de lhe responder, porque já não tinha a certeza se queria sair dali realmente. A sua mão colidiu bruscamente com o meu braço e apertou-o violentamente fazendo-me soltar um gemido de dor enquanto encarava o rapaz que tinha um ar cansado. Os seus pés começaram a mover-se e literalmente o rapaz arrastou-me até ao meu quarto e bateu a porta com força dizendo que ia tratar de me retirar daquele lugar e que queria as minhas malas prontas em 15 minutos.

Engoli em seco assentindo a ordem do rapaz e coloquei tudo dentro da mala que trouxera, o momento que tanta desejara chegara mascarado de massacre e eu podia prever que nada daquilo seria bom para a minha relação ou para a minha vida. Abri a torneira da casa de banho observando-me ao espelho atentamente e passei um pouco de água fria na cara esperando que me pudesse despertar para responder a Harry.

- Já está. - o rapaz gritou novamente.

- Não grites caralho, há pessoas aqui com distúrbios, queres assustá-las e dar mais espectáculo? - gritei enfrentando-o - Não me olhes assim!

- Já tens as malas prontas? - perguntou tentando parecer mais calmo.

- Já amor. - disse irónica. 

- Onde está a minha mulher? - ele perguntou. 

- Tu prendeste-me aqui por meses, sem nenhuma razão verdadeira. Escondeste-me a verdade, por isso reza para que eu consiga olhar para a tua cara todos os dias, seu nojento. - peguei na mala - Vamos? 

- Não vais com a bata da clínica, ou vais? 

- Já fui declarada como doida, acho que isto só o vai confirmar. - encolhi os ombros - Podemos ir?

- Primeiro a tua medicação. 

Revirei os olhos percebendo o quanto as coisas mudaram e sentei-me na cama fugindo à tentação de encarar o seu rosto por mais um segundo que fosse. Eu não podia acreditar o quanto tudo mudara e como o ódio entre nós crescera, talvez não fosse totalmente ódio, mas estava a matar-me e a deixar-me realmente maluca. Nunca pensei chegar a um ponto onde estava tão saturada que chegaria a odiar a pessoa que me salvara da escuridão, mas que me atirara brutalmente para lá anos depois.

- Devia ter-me casado com o Adam. - encarei o rapaz - Ele queria dois filhos e um cão e ele não é da máfia. 

- Obrigada por me relembrares do quão boa és a trair toda gente que se importa contigo. - bufou - Podes parar de ser tão cabra?

- Podes recuperar o tempo que perdi aqui? Podes apagar as merdas que eu aqui vi e que me imaginei no lugar daqueles loucos? - levantei-me - Eu confiei a minha vida em ti, eu devia ter-me afastado quando li aquele diário, sabes porque? - cruzei os braços - Porque tu matas tudo à tua volta. Lentamente e dolorosamente. 

- Vamos fazer uma lista de quantas pessoas já traíste? - aproximou-se - A Perrie, a mim, ao Adam, provavelmente o John. Está-te no sangue amor, afinal olha para o teu pai. - soltou uma gargalhada. 

- Pelo menos eu não comi a minha irmã. 

Que ambiente.

Good for you - livro 3Onde histórias criam vida. Descubra agora