Good for you - livro 3

"Ela vai morrer"

Assim que avistei a casa de Harry ao fundo da rua suspirei de alivio, era bom saber que estava de volta à realidade e que finalmente poderia procurar os meus gémeos e com sorte consertar tudo o que acontecera nos últimos meses. Desde o dia em que levara aquela facada nada voltara a ser o mesmo e eu sabia que não devia ter muitas esperanças que tudo voltasse ao normal, porque seria muito difícil isso acontecer.

Olhei em volta assim que entrei dentro da casa e respirei fundo tentando evitar aquele turbilhão de sentimentos que pairavam na minha cabeça. Coloquei as minhas malas junto do sofá da entrada e caminhei até à cozinha onde acontecera aquele maldito acidente e consegui relembrar cada segundo de espera, cada palavra de Harry e a sua promessa de me manter para sempre segura e tudo parecia ser tão diferente da realidade que me deitava abaixo de uma forma avassaladora.

Enfrentei o chão onde consegui encontrar algumas manchas de sangue e engoli em seco, naquele dia eu decidira lutar contra morte e se fosse hoje faria o mesmo? Não. Dei meia volta saindo daquela divisão e dirigi-me rapidamente ao cómodo ao qual costumava ser o nosso ninho do amor e encontrei o meu Iphone sobre a mesma, suspirei e peguei no mesmo percebendo que estava totalmente descarregado, como seria conectar-me com a sociedade novamente? Teria de fingir que não sabia que os meus bebés estavam vivos?

Olhei para trás percebendo que Harry me encarava sério e de braços cruzados e revirei os olhos relembrando-me da nossa discussão, quanto tempo aguentaria aquele ambiente? Observei cuidadosamente cada movimento do rapaz e respirei fundo assim que percebi que o mesmo se encontrava perdido nos seus pensamentos, abanei a cabeça e deixei que o meu tronco caísse sobre a cama. Encarei durante largos segundos o teto pintado de preto e de seguida perguntei:

- Então, o que sabes sobre onde estão os gémeos?

- Não te vou contar nada. - atirou rude. 

- Porque? - insisti.

- Porque te amo. - respondeu abandonando o quarto. 

-Claro. - murmurei.

Revirei os olhos novamente e cruzei os braços pensando numa maneira de agir, aquele lugar bombardeava-me com memórias de bons tempos que pareciam agora todos encenados e isso deixava-me ainda mais abalada. Eu estava totalmente destruída. 

Andei às voltas até que decidi que não podia ficar ali à espera de respostas, eu precisava de me levantar e enfrentar a realidade a todo o custo. Tinha de abraçar os meus filhos pelo menos uma vez e dizer-lhes o quanto os amo, nem que isso custasse a minha vida. Eu não me interessava se podia correr perigo daquele lugar, eu apenas não queria que eles crescessem sem saber o quanto os amava. 

Desci as escadas rapidamente e olhei em volta verificando que Harry não estava em casa, peguei na chave do meu carro que estava numa taça num móvel da entrada e fui até à garagem onde encontrei o meu carro estacionado tal como eu me lembrava de o deixar, respirei fundo e não hesitei em perseguir com o meu plano, eu precisava daquilo. 

Harry's pov

Fazer aquilo deixava-me de coração partido, eu não podia acreditar que lhe estava a encher o coração e a mente com ódio, mas eu não podia arriscar. Manter Selena na clínica de reabilitação era a melhor maneira de a proteger e apesar de não ter apoio de ninguém nesta decisão, eu sabia que estava a fazer uma boa escolha, não estava? Afinal, eu só estava a tentar afastá-la de toda confusão, eu já a fizera sofrer demasiado e não sabia se ela iria enfrentar esta batalha e continuar ao meu lado, mas ao que parece, fiz uma escolha errada, fechá-la dentro daquele lugar apenas me trouxe solidão e o seu sentimento de incompreensão. 

- Tudo o que sabes fazer é merda. - murmurei. 

Abanei a cabeça tentando concentrar-me na estrada e aumentei o volume do rádio tentando ignorar os meus pensamentos, mas tê-la deixado sozinha em casa não estava a ajudar-me, eu devia estar a protegê-la, ela não sabia o verdadeiro perigo que estava a correr fora da sua bolha de proteção. Estacionei o carro no lugar habitual e caminhei até ao elevador esperando que as portas se abrissem, retirei o meu telemóvel do bolso e verifiquei se tinha alguma mensagem de Selena, missão falhada. 

- Boa tarde. - disse um segurança que estava de passagem. 

- Boa tarde. - respondi. 

Dei um passo em frente assim que as portas do elevador se abriram, mas recuei imediatamente assim que vi os vidros manchados de sangue e o corpo de uma rapariga loira no chão. Engoli em seco voltando a aproximar-me e cliquei no botão que impediria o elevador de sair daquele piso, abaixei-me junto do corpo e virei-o tentando perceber se reconhecia aquela mulher, mas o seu rosto estava quase irreconhecível. 

- Senhor Styles? - ouvi o guarda. 

- Chama o Niall, já! - ordenei.

Olhei novamente para as paredes espelhadas do elevador e franzi a testa assim que percebi que estavam desenhadas algumas letras nas mesmas. Ergui-me lentamente temendo o que poderia encontrar e não me preocupei em não mostrar o meu espanto enquanto repetidamente lia o que estava escrito naquelas paredes.

"ela vai morrer "

Selena's pov

- Tens a certeza de que é aqui? - perguntei. 

- Sim, ele está aí. - Liam afirmou do outro lado da linha - Mas porque raio queres falar com ele? 

- Porque ele é meu amigo? - disse como se fosse o mais óbvio. 

-Selena. - respirei fundo - Tem cuidado. 

Caminhei firmemente até ao lugar que Liam me tinha indicado e respirei fundo assim que estava a meros metros da porta, eu precisa de ajuda e apenas ele me poderia ajudar, o meu irmão iria recusar imediatamente, mas eu sabia que Derek me podia ajudar. Ele prometera e eu precisava de uma explicação, eu precisava de sentir os únicos braços que me faziam sentir segura naquela altura. 

A porta abriu-se antes que eu pudesse tocar à campainha e Derek surgiu à minha frente deixando-me sem palavras, pois todo o discurso que estivera a preparar durante a viagem até ali tinha simplesmente desaparecido da minha mente. O rapaz agarrou no meu braço bruscamente e puxou-me para dentro de casa enfrentando-me com o seu típico olhar sério.

- O que raio estás aqui a fazer? - perguntou rude.