8° Capítulo

91 7 0
                                    

~Ana Narrando~

No outro dia, acordei atrasada. Tomei um banho quente meio rápido, troquei de roupa e peguei o segundo ônibus para a escola, já que o primeiro havia perdido. Além disso, perdi também o nascer do sol, aquilo que me acalmava. No caminho, abri uma pequena parte da janela, fazendo o vento frio tomar meu rosto e balançar meu cabelo. Alguns fios se bagunçaram na minha frente. Abaixei a cabeça pois sentia meus olhos nadando em lágrimas e uma menina chorando de manhã no ônibus é historia para se contar o dia inteiro! Cheguei lá pela segunda aula. Entrei e fiquei na diretoria fingindo querer falar com algum professor. Esperei todos entrarem para suas salas. Sai da diretoria, fiquei parada no pátio, meus pés não se moviam. ''Bom, então vamos lá.'' Pensei. Virei-me para subir as escadas me deparei com a Maria parada nos degraus olhando para mim. Ela estava nos primeiros degraus de cima. Seria uma subida e tanto! Caminhei devagar até a escada. Ainda sem subir qualquer degrau, fiquei parada olhando-a retribuindo os olhares fortes. Subi um. Subi dois. Subi três. Subi quatro. Subi cinco. Ela desceu dois. Foi mais para o lado. Eu subi mais três ficando apenas um degrau de diferença. 

-Quer um beijo? -Perguntei com um sorrisinho irônico. 

-Sorry, não beijo lésbica. -Abaixei a cabeça sorrindo. Minhas mãos estavam dentro da blusa que eu segurava firme para não soca-lá.

 -Sempre com mania de riqueza, mania de falar chique. Pensa que é a todo do mundo. -Ela se curvou fazendo sua boca chegar até meu ouvido. 

-E você sempre querendo atenção, filhinha de mamãe. Ops, ela te abandonou. Alias, já assumiu ser sapatão? -Maria endireitou o corpo e desceu dois degraus. Eu agarrei ela pelo braço firme o que a fez assustar. Puxei ela com toda força fazendo ela subir e nos igualar na escada.  

-Não brinca comigo garota! Não brinca! Pode falar qualquer coisa da minha mãe, mas da minha opção sexual não! Porque alias quando nós brincávamos juntas você não pensava desse jeito. -Fiz a mesma mesma posição que ela havia feito, deixando minha boca próxima ao seu ouvido e sussurrei:''Minha doutora.'' Olhei fundo nos seus olhos. Sua expressão era de derrotada. Sorri.   

-Me solta sua louca.-Puxou seu braço bruscamente e desceu até o banheiro. Sorri mais um pouco e me virei para terminar os degraus e entrar no corredor. Já dentro da sala, minha cabeça explodia. Contei para Bea o episódio da escada, ela ria que nem louca. 

-Não acredito que fez isso!!! Amiga você é louca e eu não duvido mais nada de você! -Falava com bastante entusiasmo. ''É fiz'' Foi a minha resposta.

 -Esta nervosa né amiga? -Bea olhou para o relógio, viu que se aproximava da hora do intervalo. Respondi sua pergunta balançando minha cabeça com um sinal de ''Sim''. Já sabia que ia ser outra cena dessas novelinhas para jovens.

 -Não fica assim, vai dar tudo certo. Fiz outro movimento qualquer com a cabeça e tentei me concentrar nos estudos. Alguns minutos depois o sinal bateu. As meninas me olharam.

Naquele amor, a sua maneira...Onde histórias criam vida. Descubra agora