17° Capítulo

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~Gabriela Narrando~

Aquela noite foi mais uma noite perfeita ao lado da menininha. Ela me encantava. Cada movimento, cada gesto mexendo no cabelo. Cada sorriso dado. O abraço dela naquela hora era tudo o que eu mais precisava, e sem dizer, ela percebeu e se lançou contra mim. A abracei bem forte. Podia sentir nossas vibrações se envolvendo. Minha vontade de estar perto dela aumenta a cada dia. Onde isso vai parar?


~Ana Narrando~

Naquela manhã acordei mais cedo que a Gabi. Tomei um banho, vesti outra roupa dela e fiquei a observando, encantadoramente linda dormindo. Escrevi um bilhete que continha o seguinte recado. 

=O recado=

''Bom dia Gabi, ou boa tarde, não sei que horas pretende acordar. Pois bem, acordei um pouco mais cedo e não tive coragem de lhe chamar. Espero que me desculpe! Estou voltando para casa, mas, quero vê-la de novo. Aqui está meu numero caso queira falar comigo... 998542150. Beijos, drogadinha, Ana s2'' Deixei o bilhete enroscado no Filtro dos sonhos. Peguei minhas roupas, coloquei dentro de uma sacola e voltei para casa. Enquanto ia a caminho pro inferno, fui pensando em tudo o que tinha acontecido. E o que tinha acontecido mesmo? Bom, o resumo... Estavam falando de mim, estavam cuidando da minha vida, estavam falando mentiras! E eu odeio que falem mentiras. Por mais insuportável que estava minha vida e minha casa, eu ainda gostava dessas duas coisas que afinal, eram partes de mim. Dobrei a esquina que dava na rua da minha casa. ''Então tá! Vamos enfrentar, vamos correr contra tudo isso, vamos dar de frente com os mais poderosos. Senhor, me proteja.'' Sussurrei baixinho. Abri a porta de casa, minha irmã estava sentada na sala vendo tv. Fui dar um abraço nela e dizer que estava viva.  

-Está viva por enquanto menina. Papai chegou, e a nossa mãe contou tudo a ele. Parece que ele quer chupar seus ossos.-Dei uma risada longa e prossegui .

 -Cala boca menina, para de ser estranha. -Ela sorriu também, piscou seus olhos para mim e sentou-se novamente. Subi as escadas, lá em cima, estava um silêncio total. Fui em direção ao meu quarto e logo quando entro me deparo com meus pais sentados na minha cama. Minha mãe chorava, meu pai demonstrava nervosismo. ''É hoje que eu apanho.'' Pensei calada. Fiquei parada na porta observando os dois, e eles retribuindo os olhares. Joguei a sacola com as minhas roupas no chão ao lado da porta. Minha mãe me encarava da cabeça aos pés. 

-Que roupas são essas? Passou a noite aonde? Com mais um dos seus amiguinhos drogados? -Minha mãe tinha o poder de me tirar do sério sem muito esforço. 

-Já disse para não se referir a eles dessa maneira! -Respondi entrando no quarto. 

-Faltou me chamar de vagabunda. -A voz dela tinha sumido e uma lágrima escorreu em seu rosto.

-Faltou me encher de tapas. Faltou voar sobre mim como um animal em cima de carne. -Havia levantado um pouco o tom de voz por conta do nervosismo. Meu pai se levantou percebendo que aquilo podia se agravar.

Naquele amor, a sua maneira...Onde histórias criam vida. Descubra agora