Ela me viu e se assustou. Parou de varrer e depositou a vassoura na frente do seu corpo e manteve a cara de séria. Diminui o passo para não assusta-lá.
-Senhora, me desculpa se eu assustei. Meu nome é Ana Schander, e o seu? -Ela continuou com a cara séria. -Bom, é que eu e minha... -Até pensei em chamar a Gabriela de namorada, mas, se a senhora já estava daquele jeito em me ver, imagina se soubesse que eu ficava com uma garota. -Eu e minha amiga, Gabriela, estamos na outra casinha. Passamos a noite lá e não temos o que comer agora. A senhora podia me dar algum pedaço de pão? -Ela voltou e entrou. Fiquei ali paralisada. Pensei que ''[...] Algum pedaço de pão'' podia toca-lá, mas, me enganei. Olhei para os lados procurando por mais alguma casinha perdida. ''Acho melhor eu voltar.'' Ao me virar ouvi um ''Menina''. Era a senhora com um pano enrolado nas mãos.
-Pegue. Isso irá ajudar. -Ela entregou o pano na minha mão.
-Obriga... -Ela me interrompeu.
-Você e sua amiga devem deixar aquela casa. Comam e deixem aquela casa, e não voltem nunca mais. -Seus olhos eram pretos e sem vida. Pareciam morrer a cada piscada. Ela me olhava fundo nos olhos e eu estremeci. Ela fez sinal para que eu voltasse. Sai com os olhos arregalados e meu coração cheio de medo. O que havia acontecido ali? Voltei em direção a casinha. Olhava a todo momento para trás. Cheguei ainda estava em estado de choque. Coloquei o pano com comida na mesa da cozinha e fui até o quarto. Gabriela ainda dormi. Deitei ao seu lado, tentando dormir, mas, foi em vão. Fiquei me virando na cama até que consegui acordar a Gabriela.
-Ana, o que foi? Aconteceu algo? -Ela disse ainda se espreguiçando.
-Nada, é que eu sai atrás de comida... -Ela me interrompeu.
-Hmm, comida, estou morta de fome. -Se levantou depois de me dar um selinho e foi até a cozinha. Sorri com aquilo, mas, ainda estava com os olhos arregalados e pálida. Depois de uns rápidos minutos ela voltou. -Pegou comida e comeu tudo foi? Eu não me sustento com esse pedaço de pão que ainda esta velho. -E deu uma risada longa. Fiz cara de confusa.
-Como assim? Está cheia de comida a mesa. -Me levantei e parei do lado da cama. Gabriela percebeu o meu estado e veio até mim.
-Amor, esta tudo bem? -A empurrei para o lado.
-Não, não está. Para de brincar comigo. Não gosto dessas coisas. -Sai andando e ela me segurou pelos braços.
-O que aconteceu? -Me soltei e fui até a cozinha. Encontrei um pano velho e sujo no lugar do que aquela senhora tinha me dado. Também não havia mais comida alguma.
-Porque ta fazendo isso Gabriela? Cade o pano limpo e a comida toda? -Estava nervosa e andava de um lado para o outro.
-Que comida Ana? -Fui até o quarto e me sentei na cama. Gabriela se sentou ao meu lado. -Me diz o que esta acontecendo.
-Eu sai atrás de comida. Segui o riacho e fui parar numa cachoeira... Depois avistei uma fumaça saindo de algum lugar e segui ate lá. Encontrei uma casinha igual a essa, e uma Senhora varrendo a varanda.
